Iguatemi (IGTI11) apresentou resultado forte com destaque para aluguéis, apesar do prejuízo, apontam analistas

Recuperação dos aluguéis e um desempenho mais forte de outros negócios foram positivos; ação, contudo, registra queda na sessão

Lara Rizério | André Cabette Fábio

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Os números da Iguatemi (IGTI11) referentes ao primeiro trimestre de 2022 (1T22) foram vistos como positivos pelos analistas de mercado, ainda que a ação registrasse queda em boa parte do pregão desta quarta-feira (4). Os resultados foram vistos como bastante sólidos – apesar do prejuízo de R$ 16,3 milhões – mas em linha com o esperado. Contudo, em meio à melhora do mercado em geral, os papéis IGTI11 fecharam com ganhos, de 1,37%, a R$ 20,70.

Conforme destaca a XP, a companhia apresentou resultados fortes e em linha, principalmente devido ao sólido crescimento do aluguel nas mesmas lojas (SSR), atingindo 48,7% versus o primeiro trimestre de 2019 (1T19), impulsionado pelo SSR de março de 2022 atingindo 54,6% vs. março de 2019.

Como resultado, a receita de locação acelerou, atingindo R$ 198 milhões (alta de 42,8% ante 2019), impulsionada pela redução de descontos para os lojistas, mantendo uma inadimplência líquida saudável de 5,3% (queda de 6 pontos versus o 1T21). Assim, os analistas da XP reiteraram recomendação de compra para IGTI11, com preço-alvo de R$ 28 por ação, ou upside de 37% em relação ao fechamento da véspera.

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Para o Bradesco BBI, os resultados foram fortes, com a receita acima do estimado pelo banco e consenso, embora os
resultados financeiros tenham prejudicado o FFO (fluxo de caixa operacional).  A linha de receita, destaca o banco, ficou em R$ 228 milhões (alta de 32% versus o 1T19), impulsionada pela forte recuperação dos aluguéis e um desempenho mais forte de outros negócios.

Além disso, outros negócios-chave da Iguatemi, como 365 e i-retail, continuam mostrando uma tendência positiva na dinâmica de resultados, com receita líquida de R$ 17 milhões no 1T22, 234,5% e 473% acima do 1T21 e 1T19, respectivamente. No entanto, a margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, sobre a receita líquida) ainda está no lado negativo.

“Os fortes resultados são mais uma evidência da recuperação do aluguel melhor do que o esperado dos operadores
de shopping centers listados, embora com as despesas financeiras impactando negativamente o FFO”, avalia o BBI.

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O BBI tem IGTI11 em sua lista de top picks, destacando o desconto excessivo em relação ao nível histórico, mesmo se assumirmos que a aquisição potencial da participação de 50% da BRK no Pátio Higienópolis poderia ser diluidora para múltiplos de curto prazo. O preço-alvo é de R$ 32, ou upside de 57%.

Sobre aquisições, por sinal, quando questionada sobre o tema em teleconferência, a CEO do Iguatemi, Cristina Betts, afirmou que a empresa busca realizar compras em momentos propícios, levando em conta disponibilidades e o contexto macroeconômico, com fatores como a taxa de juros. “Este momento não é um momento” para elevar a alavancagem, avaliou. Ela afirmou que as condições pioraram neste primeiro trimestre, e que a empresa pretende retomar fusões e aquisições em momentos mais adequados.

Evitando desconto em aluguéis

Durante a tele, Cristina também destacou que a companhia evitou conceder descontos em aluguéis no primeiro trimestre por pandemia e agora vê aumento do interesse.

A empresa decidiu não locar todos os espaços de forma a evitar conceder descontos por conta do argumento de que ainda havia impacto forte da pandemia. Ela diz que a decisão foi acertada para manter bons preços. As concessões feitas nos contratos são temporárias até chegar ao “preço certo”, disse.

Agora, ela afirma que o ritmo de vendas está sendo retomado, que a empresa está comprometida com “o fechamento de área vaga”, e que vem observando todo tipo de lojista, assim como novas marcas negociando espaços, animados com o ritmo de vendas das lojas.

Cristina apontou ainda que há uma mudança no mercado de luxo, com clientes compreendendo que podem comprar os mesmos produtos que compravam no exterior, mas com condições melhores. Assim, há marcas estrangeiras interessadas em acessar os clientes dentro do Brasil, e o Iguatemi busca capturar uma parcela maior dos gastos desse público. Ela disse ver força no interesse dos clientes. Em Ribeirão Preto e Rio Preto, por exemplo, houve início de cobrança de estacionamento em janeiro, sem que houvesse queda nas vendas, mesmo com o impacto da pandemia.

A executiva também afirmou que o efeito da remoção das máscaras e fim da tirada de temperatura foram fortes. Assim, ao longo do ano espera retomada da normalidade no mercado de luxo e em geral. Ela afirmou que o setor de cinema “sofreu demais” na pandemia, mas agora vê lançamentos de blockbusters e as salas voltando a lotar, assim como academias e cabeleireiros.

Em relação a iniciativas digitais, o Iguatemi continua trabalhando em seu app e solucionando todas as questões relativas à ferramenta para lançá-la. “Se conseguirmos lançar no segundo trimestre vamos começar esse novo approach com os consumidores”, afirmou a CEO.

Já sobre alavancagem, Guido Barbosa de Oliveira, CFO e diretor de relações com investidores, afirmou que há um efeito de aplicações de caixa na empresa Infracommerce (IFCM3) sobre a alavancagem, mas que há tranquilidade quanto a isso, sem enxergar necessidade de um follow-on. Ele afirmou que a relação entre dívida líquida e Ebitda, de cerca de 2,4 vezes, inspira tranquilidade.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.