IBrX-100 supera Ibovespa pelo 4º ano seguido; por que não mudar de benchmark?

Enquanto o tradicional caiu 15,5% em 2013, o índice Brasil recuou apenas 3,1%; diferença de rentabilidade de 2010 pra cá é de 23,5 pontos percentuais

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Já é tão automático para grande parte do mercado comparar suas conquistas na bolsa com o desempenho do Ibovespa que às vezes nos esquecemos do fato de existirem muitos outros índice de ações que podem servir como referência para o investidor dimensionar a amplitude de seus ganhos e perdas na Bovespa. E se levarmos em conta o desempenho dos índices da bolsa brasileira nos últimos 4 anos, a mudança no “benchmark” a ser seguido poderia ter feito com que muitos gestores/investidores que avaliaram o próprio resultado como “acima da média do mercado” ficassem chateados com a rentabilidade apresentada.

Em 2013, enquanto o Ibovespa teve uma queda acumulada de 15,5%, o IBrX-100 – segundo índice acionário mais conhecido do País – marcou uma queda muito mais amena, na faixa de 3,1%. Este foi o 4º ano consecutivo que o IBrX superou o Ibovespa (veja mais na tabela ao final da matéria) e dessa forma ele já acumula um desempenho 23,5 pontos percentuais superior ao principal índice da Bovespa entre entre 2009 e 2013 – neste período, o IBRX caiu 6,4%, enquanto o IBOV marcou queda de 27,9%Com isso, os fundos cujo objetivo é de superar ou replicar a rentabilidade do IBrX-100 tiveram que suar um pouco mais para bater as metas nos últimos 5 anos.

Qualquer perda mais moderada no período já seria capaz de representar um ano positivo, ao passo que para quem buscou a comparação com um índice como o IBrX precisou suar um pouco mais a camisa para ter um ano “vitorioso”. Ainda assim, vale destacar que os dois índices ficaram muito aquém dos benchmarks de renda fixa, como é o caso do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), referencial para o mercado de renda fixa, que marcou variação positiva de 8,06% no acumulado do ano passado.

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Por que não se muda de benchmark?
Profissionais de mercado têm dificuldade de falar sobre o IBrX e uma hipotética mudança de benchmark no mercado brasileiro. Segundo eles, a tradição já enraizada na bolsa brasileira do principal índice faz com que o espaço para mudanças mais drásticas seja extremamente limitado. “O Ibovespa é o indicador mais antigo, usado há muito tempo”, justifica Flávio Conde, analista da Gradual Investimentos.

“Na década de 1990, houve uma concentração muito grande do índice em Telebrás (TELB4), que passou a deter cerca de 50% da composição da carteira teórica. Mesmo nessa época, as pessoas usavam bastante o Ibovespa, não só para desempenho, mas também para operação de mercado futuro”, explica o analista. Além disso, contratos futuros e ETFs (Fundos de Índice) lastreados no Ibovespa apresentam muito mais liquidez no mercado do que de outros índices, o que lhe atribui uma importância maior no mercado acionário.

IBrX-100 vs. Ibovespa de 2009 até 2013:

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  Rentabilidade em %
Índice Metodologia 2013 2012 2011 2010
Ibovespa O objetivo do índice é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de maior negociabilidade e representatividade do mercado de ações brasileiro. -15,5  7,40  -18,11 1,04 
IBrX-100 O índice IBrX é composto por 100 papéis escolhidos em uma relação de ações classificadas em ordem decrescente por liquidez, de acordo com seu índice de negociabilidade (medido nos últimos doze meses). -3,1 11,55   -11,39 2,62 

Fonte: BM&FBovespa

Diferença de desempenho
A goleada do IBrX-100 sobre o Ibovespa, ainda que os dois índices tenham fechado o ano no vermelho, revela um benchmark mais focado em empresas com elevado valor de mercado, que coincidentemente tiveram melhor desempenho anual que os tubarões do Ibovespa. É importante lembrar que Vale (VALE3; VALE5) e Petrobras (PETR3; PETR4), companhias com maior peso no principal índice acionário brasileiro, acumularam perdas em 2013, ao passo que a Ambev (ABEV3), empresa com maior peso no IBrX-100 teve um ano no azul. Vale, Petrobras e Ambev apresentam respectivas participações acumuladas de 10,169%, 10,990% e 7,803% no IBrX-100; e 11,546%, 12,066% e 3,911% no Ibovespa.

Também vale destacar a maior participação de companhias como Ultrapar (UGPA3) e BRF (BRFS3), empresas que tiveram um ano positivo, na composição do IBrX-100, ao passo que o Ibovespa conta com mais elevado peso das ações de BM&FBovespa (BVMF3), que acumularam perdas em 2013. As duas primeiras possuem respectivas participações de 2,974% e 3,776% no Índice Brasil, enquanto o peso delas no Ibovespa é de 1,382% e 2,414%, nesta ordem. Já os papéis da bolsa, possuem participação de 2,524% no IBOV e 2,074% no IBrX-100.

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Uma das críticas que o mercado faz ao Ibovespa é que ele é um índice muito “desigual”, com poucas empresas respondendo por grande parte de sua composição. Uma má notícia para os defensores do IBrX-100 é que este índice apresenta uma concentração ainda maior de participação nas maiores empresas. As 10 ações mais importantes do IBrX-100 respondem por 56,15% da carteira do índice, enquanto no IBOV o top 10 tem peso de 47,24%. 

As 10 ações com maior participação em cada índice:

IBOVESPA IBRX-100
Ação Participação
(em %)
Ação Participação
(em %)
PETR4 8,043 ABEV3 7,903
VALE5 7,821 ITUB4 7,844
ITUB4 6,636 PETR4 6,687
BBDC4 5,284 VALE5 5,884
ABEV3 3,966 BBDC4 5,848
PETR3 3,917 VALE3 4,251
VALE3 3,699 PETR3 4,186
ITSA4 2,749 BRFS3 3,792
BBAS3 2,634 UGPA3 2,982
BVMF3 2,492 ITSA4 2,525
Total 47,241 Total 56,153

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.