Ibovespa zera no fim, mas sobe 1% no mês e 13% no trimestre; dólar cai 0,4%

Mercado "esquece" a crise do Deutsche Bank e mostra ganhos, corrigindo parte da queda de ontem

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira (30), terminando a semana em baixa, mas o mês e o trimestre em alta. Os últimos dias foram marcados pela crise no Deutsche Bank e pelas expectativas de corte de juros no Brasil, principalmente depois do Relatório Trimestral de Inflação, que mostrou uma redução das projeções do Banco Central para inflação para menos de 5% em 2017. É bom lembrar também do petróleo, que gerou volatilidade em meio ao acordo da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de impor um limite para a produção da commodity entre 32,5 milhões e 33 milhões de barris por dia. Na semana, a queda do Ibovespa foi de 0,56%. 

Já a quarta alta mensal seguida, totalizando 20,5% de ganhos, foi marcado pelas preocupações com o Federal Reserve, que passaram depois do banco central norte-americano reduzir de três para dois o número de elevações de juros esperados para 2017. A Bolsa subiu 0,80% em setembro. 

No trimestre, destaque para o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que foi aprovado no Senado no fim de setembro. O Ibovespa disparou 13,27% nos últimos três meses. 

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Destaques desta sexta
A notícia da AFP afirmando que o Deutsche Bank está perto de um acordo com a Justiça norte-americana com relação à multa que o banco foi condenado a pagar impulsionou os mercados, apesar da Bolsa ter fechado estável. A ação do banco fechou em alta de mais de 6% e conseguiu reverter uma queda forte na semana. A alta de hoje foi o melhor desempenho diário do Deutsche Bank desde 2011. Ainda no radar, o CEO do banco, John Cryan, escreveu um memorando para seus funcionários insistindo que a companhia tem uma base sólida.

O benchmark da bolsa brasileira teve leve alta de 0,03%, a 58.367 pontos. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 6,695 bilhões. Já o dólar comercial teve queda de 0,12% a R$ 3,2504 na compra e a R$ 3,2517 na venda, enquanto o dólar futuro para outubro tem baixa de 0,40% a R$ 3,246 no after-market. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2018 cai 3 pontos-base a 12,20%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 registra perdas de 9 pontos-base a 11,57% também no after-market. 

A AFP, citando uma fonte, informou que o banco pode estar perto de um acordo com o Departamento de Justiça dos EUA. Além de um possível acordo, ajuda na disparada das ações o rumor de que o valor poderia cair de US$ 14 bilhões para US$ 5,4 bilhões. Procurado pela Reuters, o Deutsche Bank não quis comentar.

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De acordo com o diretor da mesa de trade da corretora Mirae, Pablo Stipanicic Spyer, ontem a redução do apetite por risco por conta da crise do Deutsche provocou um movimento de “flight to quality” nas bolsas globais, com dinheiro saindo de ativos arriscados de países emergentes para ativos seguros de países desenvolvidos. No entanto, hoje, a carta do presidente do banco provocou uma correção das perdas que aconteceram naquela sessão. “A [chanceler alemã, Angela] Merkel não vai salvar o banco, por isso os investidores acreditaram na carta”, afirma. Para ele, a hecatombe nos mercados que muitos preveem que possa acontecer com um aprofundamento dos problemas do banco alemão não deve ocorrer. 

Dados domésticos
A Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) Contínua do IBGE mostrou um avanço do desemprego em agosto de 11,6% para 11,8%, acima das expectativas dos economistas, que esperavam uma oscilação do desemprego de 11,6% para 11,66% no último mês.

Já às 10h30 saiu o resultado das contas públicas em agosto, mostrando um déficit primário do governo de 22,3 bilhões, um pouco acima do esperado. A expectativa mediana dos economistas era de déficit de R$ 22,2 bilhões. Em 12 meses, o déficit chega a 2,77% do PIB (Produto Interno Bruto) e a relação dívida sobre o PIB chegou a 70,1% em agosto, contra 69,6% em julho. Em termos nominais, o déficit nas contas públicas foi de R$ 62,9 bilhões no mês passado, ante R$ 62,8 bilhões estimados.  

Temer em São Paulo
O compromisso com ajuste fiscal, o combate às mazelas da irresponsabilidade com as contas públicas e a conciliação entre Orçamento e responsabilidade social são as prioridades do atual governo liderado por Michel Temer para retirar o Brasil da crise que vive. Esses são os eixos do discurso proferido pelo presidente nesta manhã, durante a abertura do 8º Fórum Exame, que também contará com a presença do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e do secretário de Acompanhamento Econômico, Mansueto Almeida.

“A irresponsabilidade fiscal é o veneno que corrói os direitos sociais”, afirmou o presidente, defendendo a importância de medidas como a PEC 241, que estabelece um limite para o crescimento dos gastos públicos e é lida como prioridade na recuperação da saúde fiscal do país.

Ações em destaque
Os papéis da Petrobras (PETR3, R$ 15,14, +0,46%; PETR4, R$ 13,57, +1,04%) avançaram, na esteira da valorização do petróleo. O barril do WTI (West Texas Intermediate) teve valorização de 0,31% a US$ 47,98, enquanto o barril do Brent apresentou ganhos de 0,34% a US$ 49,98.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 SMLE3 SMILES ON 53,97 +4,01 +66,44
 QUAL3 QUALICORP ON 19,18 +2,90 +43,40
 NATU3 NATURA ON 31,23 +2,33 +34,37
 UGPA3 ULTRAPAR ON 71,93 +1,78 +21,77
 RUMO3 RUMO LOG ON 6,32 +1,61 +1,28

Já os bancos fecharam em diferentes sentidos. Dentro do setor mais pesado no Ibovespa, Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 35,52, -0,20%), Bradesco (BBDC3, R$ 28,35, +0,14%; BBDC4, R$ 29,67, +0,07%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 22,80, +0,75%) terminaram o dia entre perdas e ganhos. Juntas, as quatro ações respondem por pouco mais de 22% da participação na carteira teórica do nosso benchmark.

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 USIM5 USIMINAS PNA 3,53 -3,29 +127,74
 CMIG4 CEMIG PN 8,58 -2,28 +51,31
 CPLE6 COPEL PNB 33,63 -2,24 +44,50
 ESTC3 ESTACIO PARTON 17,81 -2,09 +31,86
 EGIE3 ENGIE BRASILON 38,50 -1,99 +18,72

As ações da Braskem (BRKM5, R$ 25,11, -1,68%), por outro lado, caíram em meio a novas informações envolvendo a empresa no esquema de propina investigado pela Operação Lava Jato. A Lava Jato encontrou registros de que a Braskem, petroquímica da Odebrecht em sociedade com a Petrobras, pagou parte das propinas destinadas ao ex-ministro Antonio Palocci, via Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, segundo informações de O Estado de S. Paulo.

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 35,52 -0,20 491,93M
 PETR4 PETROBRAS PN 13,57 +1,04 481,06M
 BBDC4 BRADESCO PN 29,67 +0,07 284,89M
 VALE5 VALE PNA 15,40 -0,96 205,78M
 ITSA4 ITAUSA PN 8,34 -0,36 180,51M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 16,81 +1,14 168,02M
 PETR3 PETROBRAS ON 15,14 +0,46 152,42M
 BRFS3 BRF SA ON 55,32 +1,30 144,33M
 BBSE3 BBSEGURIDADEON 29,88 -1,48 142,01M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,82 +0,51 124,51M

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Agenda externa
Os Estados Unidos tiveram hoje uma bateria de dados. Às 9h30 saiu o núcleo do PCE, que mostrou alta de 0,2%, em linha com o esperado pelo mercado, e contra 0,1% de avanço em julho. O indicador é o mais lembrado pelos dirigentes do Federal Reserve nas reuniões de política monetária. Já às 11h foi divulgado o índice de confiança de Michigan, que mostrou um avanço de 89,8 pontos para 91,2 pontos, acima das expectativas dos economistas, que previam um aumento bem menor, para 90 pontos. 

Do outro lado do mundo, às 22h saem os PMIs (Índices Gerentes de Compras) da China da indústria e de serviços. No caso do PMI industrial, o mais relevante para o Brasil, a expectativa mediana dos economistas é de aumento de 50,4 pontos para 50,5 pontos, lembrando que no PMI números acima de 50 pontos mostram expansão da atividade econômica e números abaixo de 50 pontos denotam retração.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.