Ibovespa zera ganhos pressionado por Petrobras e risco de “Brexit”

Investidores seguem preocupados por conta de pesquisa que mostrou 10 pontos percentuais de vantagem para a saída do Reino Unido da União Europeia

Paula Barra

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SÃO PAULO – Em sessão de elevada volatilidade, o Ibovespa zerou ganhos e virou para queda na tarde desta segunda-feira (13), puxado pelas ações da Petrobras, que voltaram para o campo negativo. Mais cedo, o índice buscava uma correção, após cair 4,3% nos últimos dois pregões. Investidores seguem preocupados por conta de pesquisa que mostrou 10 pontos percentuais de vantagem para a saída do Reino Unido da União Europeia. 

Às 12h52, o benchmark da bolsa brasileira caía 0,10%, a 49.370 pontos. Já o dólar comercial subia 0,73% a R$ 3,4560 na venda, ao mesmo tempo em que o dólar futuro para julho registrava alta de 1,12% a R$ 3,476. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 cai 1 ponto-base a 13,69%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 avança 11 pontos-base a 12,71%. 

O mercado chegou a ficar nervoso nesta sessão pela aversão a risco o atentado a tiros que deixou pelo menos 50 mortos nos Estados Unidos. O mercado também fica ansioso por dados de consumo e por decisão de política monetária nos EUA que sairão esta semana. Por aqui, o novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, participa de cerimônia de transmissão do cargo às 15h (horário de Brasília). 

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Discurso de Ilan
O novo presidente do BC receberá o cargo de Alexandre Tombini em cerimônia que contará com a presença do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Ele fará um discurso que deve trazer indicações sobre sua condução de política monetária e sua proposta de não intervenção no câmbio.  

Ações em destaque
Por outro lado, as ações da Ultrapar (UGPA3, R$ 68,95, +4,55%) disparam na Bovespa nesta sessão, após a companhia anunciar que sua subsidiária, a Ipiranga Produtos de Petróleo S.A., assinou contrato de compra e venda para a aquisição de 100% da Alesat Combustíveis S.A. e dos ativos que integram a sua operação (ALE), no qual a Ultrapar comparece como interveniente garantidora. O valor global da aquisição totaliza R$ 2,168 bilhões.

Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa informa que o valor a ser pago aos vendedores terá a dedução da dívida líquida da ALE em 31 de dezembro de 2015 e será sujeito a ajustes de capital de giro e endividamento líquido na data do fechamento da transação. “As partes acordaram ainda a manutenção de conta garantia para pagamento de eventuais passivos ou contingências cujo fato gerador seja anterior ao fechamento da operação”, diz o documento.

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As ações ligadas a commodities viram para alta na Bolsa nesta sessão. Os papéis de Vale (VALE3, R$ 15,11, +1,07%; VALE5, R$ 11,98, +0,67%) e siderúrgicas passam a subir com a alta do minério de ferro neste pregão. O minério de ferro com 62% de pureza encerrou em alta de 0,67%, a US$ 52,91 a tonelada, no porto de Qingdao, na China. 

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 UGPA3 ULTRAPAR ON 68,92 +4,50
 SBSP3 SABESP ON 28,59 +2,47
 SMLE3 SMILES ON 45,43 +2,09
 CSNA3 SID NACIONALON 7,08 +1,87
 CPFE3 CPFL ENERGIAON 19,48 +1,51

Dentro do setor mais pesado no Ibovespa, o financeiro, bancos grandes zeram perdas. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 28,94, +0,14%), Bradesco (BBDC3, R$ 25,41, +0,40%; BBDC4, R$ 24,22, +0,75%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 16,55, 0,00%) recuam. Juntas, as quatro ações respondem por pouco mais de 20% da participação na carteira teórica do nosso benchmark.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 GOAU4 GERDAU MET PN 1,98 -3,41
 CCRO3 CCR SA ON 15,24 -2,81
 GGBR4 GERDAU PN 5,73 -2,22
 KROT3 KROTON ON 12,81 -2,21
 MRVE3 MRV ON 10,36 -1,89

Já as ações da Petrobras (PETR3, R$ 10,88, -1,36%; PETR4, R$ 8,66, -1,37%), seguem em queda, descoladas dos preços do petróleo, que viraram para alta nesta tarde.  

Planalto e centrão tiram apoio a Cunha
A luta do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para manter o mandato ficou mais difícil, com a retirada do apoio do Planalto, do PMDB e do Centrão (maior bloco parlamentar informal do Congresso). O presidente afastado da Câmara está acuado por antigos aliados, que o pressionam para que renuncie ao cargo, e pela Lava Jato. Cunha tenta preservar o mandato para não perder o foro privilegiado. 

Relatório Focus
Também tinha algum peso por aqui o Relatório Focus, com a mediana das projeções de diversos economistas, casas de análise e instituições financeiras para os principais indicadores macroeconômicos. A previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2016 subiu de -3,71% para -3,60%,sendo também elevada para 2017 de um avanço de 0,85% para 1,00%. Já no caso do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o medidor oficial de inflação utilizado pelo governo, as projeções são de que haja um avanço de 7,19% este ano, contra 7,12% projetados anteriormente.

Cenário externo
A semana já começou tensa para os mercados mundiais, com os mercados repercutindo os dados da China, à espera da reunião do Federal Reserve com a decisão de política monetária na próxima quarta-feira e repercutindo os dados da última pesquisa sobre o Brexit. Na sexta, um levantamento mostrou uma vantagem de dez pontos para a saída do Reino Unido da União Europeia. Assim, a crescente ansiedade dos investidores com risco da saída do Reino Unido derruba ações ao redor do mundo. Outras pesquisas no fim de semana mostraram sim e não equilibrados, sem acalmar investidores.

Com isso, o FTSE tem queda de 0,95%, o DAX cai 1,36% e o CAC 40 tem perdas de 1,48% na manhã desta segunda. A libra lidera quedas entre principais moedas após a pesquisa.

Enquanto isso, na Ásia, as bolsas chinesas voltam do feriado de dois dias em queda, com os investidores aguardando decisão da MSCI sobre inclusão das ações do país nos índices globais. Soma-se a isso os dados fracos de investimento do gigante asiático, que alimentaram preocupações sobre a saúde econômica do país. O crescimento do investimento em ativos fixos na China desacelerou para 9,6% entre janeiro e maio na comparação com o mesmo período do ano anterior, abaixo das expectativas do mercado.

Já a produção industrial da China subiu 6,0% em maio ante o mesmo mês do ano passado, o mesmo porcentual observado em abril, em linha com a previsão média de analistas consultados pelo The Wall Street Journal. Já as vendas no varejo subiram 10,0% em maio ante o mesmo mês do ano passado, desacelerando de um crescimento de 10,1% em abril. Os economistas esperavam uma alta de 10,1% em maio. Xangai teve baixa de 3,23%, enquanto Hang Seng caiu 2,52%. Queda ainda mais expressiva foi a do japonês Nikkei, com forte baixa de 3,51%, à espera também da reunião do Banco do Japão e com nova valorização do iene, o que afetou as ações de empresas exportadoras.