Ibovespa zera ganhos de olho no exterior; dólar e DIs sobem forte após dados do BC

Índice zera em dia de piora no cenário externo com rejeição de acordo da Grécia; PIB dos EUA em linha com o esperado e Relatório de Inflação agressivo do BC ficam no radar em dia agitado

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Após subir forte, o Ibovespa voltou a operar no zero a zero nesta quarta-feira (24) depois que Petrobras, Vale e bancos amenizaram altas. O índice acompanha o exterior, tendo o mesmo movimento das bolsas norte-americanas, que caem por conta do aumento nas tensões na Grécia, que teve a sua proposta de acordo rejeitada pelos credores internacionais. Por aqui, a Bolsa reflete também o Relatório Trimestral de Inflação, no qual o Banco Central elevou as projeções de inflação de 7,9% para 9,0% no fim de 2015 e disse que os avanços ainda são insuficientes apesar do cenário de convergência para 2016 ter se fortalecido. 

Às 15h13 (horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira tinha leve variação negativa de 0,21%, a 53.657 pontos. Já o dólar para comercial sobe 0,72%, a R$ 3,0992 na compra e a R$ 3,1000 na venda. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2016 subia 13 pontos-base, para 13,97%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 subia 7 pontos-base, para 12,67%. 

Segundo o analista da WinTrade, Bruno Gonçalves, o que movimenta a Bolsa hoje são notícias pontuais do cenário corporativo, já que a questão grega ficou ainda mais indefinida hoje, assim como a possível elevação dos juros dos EUA pelo Federal Reserve. “Petrobras e Vale sobem com notícias de Capex. Os bancos são beneficiados pelos juros mais altos apesar da recessão da economia e da inadimplência aumentando”, explica. Na opinião dele, as informações divlgadas pelo Banco Central também ajudam o setor. 

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No RTI (Relatório Trimestral de Inflação), o BC também disse que os avanços obtidos até agora pelo aperto monetário com o objetivo de reduzir a inflação ainda são insuficientes, deixando aberta a possibilidade de novos aumentos nos juros para as próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária). Apesar disso, a autoridade monetária diz que o cenário de convergência para 2016 tem se fortalecido. 

Já nos Estados Unidos, no primeiro trimestre de 2015, a queda do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA foi de 0,2%, na comparação anual de acordo com a segunda prévia divulgada nesta quarta-feira (24). O crescimento foi, portanto, abaixo dos 2,2% de expansão registrados no trimestre anterior, mas acima da segunda prévia, na qual mostrou avanço de 0,7%. A expectativa do mercado era de que a retração fosse realmente de 0,2%.

Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 14,53, +1,25%;  PETR4, R$ 13,09, +0,93%) sobem, mas com menos intensidade do que na manhã. Há uma reversão da queda de ontem, quando a Agência Estado noticiou que o corte do Plano de Investimentos da companhia seria de 25%. Hoje o próprio Estadão mudou o número para um corte de 40%. “Em suma, se vier um corte na casa de 40% é positivo, se vier na casa de 25% é negativo. Foi o que ocorreu ontem, com rumores de cortes menores do que o esperado”, diz a equipe de análise da XP Investimentos em relatório.

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As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 CSNA3 SID NACIONAL ON 5,53 -2,47
 GGBR4 GERDAU PN 7,71 -2,41
 LAME4 LOJAS AMERIC PN 16,89 -2,37
 POMO4 MARCOPOLO PN EJ N2 2,52 -2,33
 CMIG4 CEMIG PN 12,84 -1,98

A Vale (VALE3, R$ 19,84, +0,15%; VALE5, R$ 17,04, -0,12%) puxava a alta pela manhã, mas já passava a operar entre perdas e ganhos. O diretor de Relações com Investidores da mineradora, Rogério Nogueira, disse em entrevista hoje que a mineradora trabalha para cortar o Capex (plano de investimentos) para entre US$ 8 bilhões e US$ 9 bilhões em 2015, ante estimativa anterior de US$ 10,2 bilhões. Ele também falou que a Vale vai pagar dividendos crescentes seguindo o aumento dos projetos. 

Nogueira afirmou ainda que é muito cedo para decidir sobre IPO (Oferta Pública Inicial, na sigla em inglês) da unidade de metais básicos da companhia. Além disso, o HSBC iniciou cobertura para os papéis da companhia com recomendação de manutenção. 

Do lado baixista, com o relatório trimestral de inflação do Banco Central de hoje reforçando o tom “hawkish” sobre a alta de juros, as imobiliárias voltam a registrar queda na Bolsa, com destaque para Gafisa (GFSA3, R$ 2,28, 0,00%) e Cyrela (CYRE3, R$ 9,96, -0,60%).  O Relatório de inflação indica que foco do BC continua no combate da inflação, apesar de redução da projeção para o PIB em 2015, segundo comentário de Neil Shearing, economista-chefe de mercados emergentes da Capital Economics. Com a elevação de juros, o crédito fica mais caro, o que afeta o segmento imobiliário. 

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 KROT3 KROTON ON 12,63 +2,27
 BRKM5 BRASKEM PNA 13,13 +2,18
 RUMO3 RUMO LOG ON 1,31 +1,55
 VIVT4 TELEF BRASIL PN 42,55 +1,31
 PETR3 PETROBRAS ON 14,53 +1,25

A Sabesp (SBSP3, R$ 15,72, -1,87%) cai em meio a notícias preocupantes como a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da companhia de saneamento de São Paulo. Não bastasse, notícia da semana passada de que a companhia já se prepara para um cenário sem o sistema Cantareira também traz pessimismo. 

Grécia volta a pesar
As negociações entre Grécia e os credores volta a mexer com o humor do mercado. De acordo com fontes do governo do país europeu, o primeiro-ministro Alexis Tsipras contou a colegas que as propostas apresentadas no início da semana não foram aceitas pelos credores. Com isso, aumentam as preocupações sobre a possibilidade de um acordo ser alcançado pelas partes e os gregos honrarem seus pagamentos. Na véspera, o governo estava confiante de que a proposta seria aceita. Hoje, ministros da economia de diversos países da região discutirá a questão.

Já na Ásia, os principais índices acionários fecharam em alta nesta quarta-feira somando uma sexta sessão de ganhos, conforme investidores tentavam continuar otimistas sobre as chances de um acordo com a Grécia.