Ibovespa volta a perder os 94 mil pontos seguindo exterior; dólar se aproxima de R$ 4,05

Mercado tem dia negativo e reduz ganhos semanais da Bolsa, em meio a menor chance de acordo entre EUA e China

Ricardo Bomfim

Ações em queda (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira (23) pressionado principalmente pelo exterior, com notícias de que a viagem de uma delegação de Washington a Pequim para retomar as negociações comerciais ainda não foi programada. Por aqui, a Câmara dos Deputados aprovou a Medida Provisória 870, que reduziu de 29 para 22 o número de ministérios. O texto seguirá para o Senado, onde precisa ser aprovado até 3 de junho para continuar a valer. 

Hoje, o principal índice da B3 teve queda de 0,48%, aos 93.910 pontos, com volume financeiro negociado de R$ 12,597 bilhões. A queda fez com que o Ibovespa reduzisse os ganhos na semana, que foram de 5% na terça para 4,35% hoje. 

Enquanto isso, o dólar futuro com vencimento em junho tem leve alta de 0,17%, a R$ 4,051. Já o dólar comercial fechou com valorização de 0,18% a R$ 4,0467 na compra e a R$ 4,0474 na venda.

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Os mercados globais recuaram hoje, refletindo as preocupações dos investidores com acirramento das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China. Os índices norte-americanos S&P 500, Dow Jones e Nasdaq caíram respectivamente 1,11%, 1,19% e 1,58%. 

À CNBC, o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, afirmou  que uma viagem a Pequim para retomar as negociações comerciais ainda não foi programada, o que reduz as esperanças de uma resolução rápida para a guerra comercial.

Segundo o analista da XP Investimentos, Gabriel Fonseca, o ambiente internacional está pior, principalmente com a forte baixa do petróleo hoje. “E no ambiente doméstico, o cenário está mais na toada de Medida Provisória passando, mas ainda assim, o relacionamento do governo com o Congresso mantém-se difícil”, avalia. 

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Ainda pesam os dados de atividade industrial dos EUA, que mergulhou para a mínima em nove anos. O Índice Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) industrial do país foi de 50,6 pontos em maio, o nível mais baixo desde setembro de 2009. 

Adicionalmente, a ata da última reunião do Federal Open Market Committee (Fomc), na qual a taxa básica de juros dos EUA foi mantida na banda entre 2,25% a 2,5%, revelou que os membros do Federal Reserve estão confortáveis com a taxa atual e acreditam que ela possa durar por “algum tempo” ainda, mesmo se a economia melhorar. Na Europa, pesa ainda a expectativa de renúncia da primeira-ministra britânica, Theresa May, “nos próximos dias”, segundo a imprensa britânica.

Entre as commodities, o petróleo desaba 5% em meio a dados fracos da indústria norte-americana e menores tensões no Oriente Médio com o Irã. Os futuros do barril tipo Brent, utilizado como base para a Petrobras, cai 4,4% a US$ 67,87. 

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No Brasil, os destaques são as aprovações da Medida Provisória da Reforma Administrativa, que reduziu de 29 para 22 o número de ministérios do governo do presidente Jair Bolsonaro, no plenário da Câmara.

Já a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) aprovou ontem a tramitação da Reforma Tributária, com uma proposta que unifica cinco tributos (IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS) em apenas um, que será o Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS).

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 cai oito pontos-base a 6,78%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 registra perdas de seis pontos-base a 7,97%. 

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Destaques de ações

A companhia de cosméticos Natura anunciou ontem a aquisição da Avon Products em uma operação que envolve troca de ações (all-share merger). O acordo avalia a Avon em US$ 3,7 bilhões e o novo grupo em US$ 11 bilhões. O negócio ainda está sujeito à aprovação de reguladores, mas transforma a empresa conjunta na quarta maior do setor, de acordo com o fato relevante publicado. Juntas, as empresas estimam faturamento anual superior a US$ 10 bilhões.

A Petrobras informou ontem que seu conselho de administração aprovou o modelo para venda de sua participação na BR Distribuidora, um passo crucial para tirar a empresa de distribuição do controle estatal. O processo ocorrerá por meio de uma oferta secundária de ações (follow-on). Em comunicado, a Petrobras informou que, após a oferta, sua participação na companhia será “inferior a 50%”.

O grupo SBF, dono da rede de lojas Centauro, apresentou uma proposta concorrente de compra da varejista de artigos esportivos Netshoes que oferece prêmio de 40% (US$ 35 milhões) sobre o acordo fechado com o Magazine Luiza no mês passado. Em fato relevante, a Centauro oferece US$ 2,80 por ação da Netshoes, o que totaliza US$ 87 milhões. O acordo fechado com o Magazine Luiza é de US$ 60 milhões e ainda deve passar pela aprovação dos acionistas.

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As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 NATU3 NATURA ON 56,25 -8,54 +25,69 505,71M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 31,66 -4,92 -24,65 98,15M
 USIM5 USIMINAS PNA 8,14 -3,67 -10,32 83,18M
 UGPA3 ULTRAPAR ON 19,95 -3,44 -24,00 75,09M
 GOAU4 GERDAU MET PN ED 6,52 -2,83 +0,91 59,27M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SMLS3 SMILES ON 43,60 +4,83 +6,97 54,70M
 CIEL3 CIELO ON 7,50 +2,74 -13,15 81,10M
 BBSE3 BBSEGURIDADEON 28,76 +1,63 +6,76 158,00M
 BRFS3 BRF SA ON 31,05 +1,50 +41,59 297,65M
 KROT3 KROTON ON ED 9,60 +1,37 +9,18 149,65M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o Índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN EJ N2 25,81 -1,83 1,19B 1,22B 45.862 
 VALE3 VALE ON 47,69 +0,48 698,85M 894,35M 34.027 
 NATU3 NATURA ON 56,25 -8,54 505,71M 164,10M 29.686 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 33,53 -0,21 504,63M 568,78M 25.556 
 BBDC4 BRADESCO PN 34,60 -0,49 480,94M 536,05M 26.903 
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 84,10 -0,76 447,72M 185,69M 25.524 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 48,90 +0,16 434,07M 508,16M 21.522 
 BRFS3 BRF SA ON 31,05 +1,50 297,65M 276,89M 22.061 
 B3SA3 B3 ON 34,34 +1,06 287,87M 282,11M 16.892 
 JBSS3 JBS ON 22,27 -1,68 265,61M 321,11M 32.499 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Noticiário Político

O destaque político é a aprovação da Medida Provisória da Reforma Administrativa do governo do presidente Jair Bolsonaro, reduzindo de 29 para 22 o número de ministérios. Apesar da vitória do governo, o Centrão e os partidos de oposição retiraram das mãos do ministro Sérgio Moro, da Justiça, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que retornou à Economia. Moro lamentou a decisão, ponderando que “faz parte do debate democrático”. Se Bolsonaro quiser vetar apenas este trecho, corre o risco de ver caducar toda a MP.

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) aprovou ontem a tramitação da Reforma Tributária, com um texto próprio dos parlamentares, sem esperar pela proposta do governo – que seria enviada após a aprovação da Reforma da Previdência. A proposta, que teve como base as ideias do economista Bernardo Appy, unifica cinco tributos (IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS) em apenas um, que será o Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS).

Após os protestos que tomaram as ruas na semana passada, o governo desbloqueou ontem R$ 1,59 bilhão para recompor o orçamento do MEC. Mesmo assim, a pasta da Educação continuará com R$ 5,4 bilhões contingenciados. O secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues, admitiu que a iniciativa foi uma medida política, mas sem deixar evidente que reflete as manifestações da semana passada.

Sobre as manifestações programadas para este domingo de apoio ao presidente Bolsonaro, o Estadão ressalta que os atos estão ampliando as divisões entre grupos de apoiadores do presidente nas redes sociais e entre parlamentares do PSL. De um lado, os favoráveis são os grupos mais radicais e ligados a Olavo de Carvalho, e do outro correligionários que não se identificam com o filósofo, como Luciano Bivar, presidente do PSL, além de Janaina Pascoal.

Noticiário Econômico

O Estadão destaca que o governo deverá receber na semana que vem cerca de R$ 3 bilhões da Caixa como devoluções de empréstimos feitos durante o período do governo da presidente Dilma Rousseff. Segundo a publicação, outros bancos estatais devem seguir o mesmo caminho. As remessas ao Tesouro Nacional devem somar R$ 86 bilhões. Apenas este ano, devem entrar no caixa do governo cerca de R$ 30 bilhões.

O presidente Jair Bolsonaro pediu que a Receita Federal estude um projeto que permita reavaliar patrimônios declarados no Imposto de Renda. O chefe do órgão, Marcos Cintra, disse que a temática do projeto é a reavaliação de patrimônios que “normalmente são declarados com valores históricos” e que “poderiam eventualmente ser declarados para valores de mercado”. Segundo ele, a medida irá implicar em agilização de mercado, facilitação de negócios, e “alguma arrecadação extra em função dos que vierem a optar por um regime diferenciado”.

Ainda na economia, Bolsonaro afirmou ontem, sem dar maiores detalhes, que irá apresentar uma proposta com potencial de gerar mais recursos que a Reforma da Previdência em dez anos. Segundo o presidente, o governo quer levar adiante propostas que aumentem a arrecadação, sem alta de impostos.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.