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SÃO PAULO – O dia foi de forte alta na Bovespa com o bom humor dos investidores após a confirmação de que os países-membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) alcançaram um acordo para congelar a produção em 1,2 milhão de barris, para 32,5 milhões por dia. Apesar dos ganhos, o índice ficou longe de sua máxima do dia, quando subiu 2,63%. O benchmark da Bolsa brasileira fechou com ganhos de 1,51%, aos 61.906 pontos, com o volume financeiro atingindo R$ 11,697 bilhões.
Apesar dos ganhos, o índice encerra o mês com queda de 4,65% – a primeira queda desde maio, período de cinco meses em que subiu 34% -, em um período marcado pela turbulência com a eleição de Donald Trump, que pegou o mercado de surpresa no início de novembro e levou a Bolsa a ter uma semana se forte queda, chegando a voltar para o patamar de 58 mil pontos. Na máxima, porém, o índice chegou a 65 mil pontos, ou seja, encerra o mês no meio do caminho. Com as perdas, este mês marcou o pior novembro da Bolsa desde 2000.
Enquanto no Brasil o desempenho foi negativo, nos Estados Unidos, os índices encerram novembro em suas máximas históricas, com o S&P subindo cerca de 3,7% e o Dow Jones avançando 5,7%. Tudo isso em uma cenário que até o começo do mês era apontado como o pior possível. Em sua carta mensal, divulgada no meio deste mês, a equipe da XP Gestão destacou um pensamento escrito por Howard Marks, gestor da Oaktree Capital, e que explica bem estes 30 dias, diante do resultado da eleição.
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“A melhor parte da carta não é a que ele fala sobre o Trump, mas sim sobre a incapacidade de conseguirmos prever qualquer coisa. Ninguém sabia que ele ia ganhar, e mesmo se o leitor tivesse uma bola de cristal indicando que o Trump venceria, quem afirmaria que uma semana depois o S&P estivesse no maior nível de sua história?”. Ou seja, novembro foi o mês que mostrou que o mercado não só errou sua previsão, mas não soube acertar a consequência do “evento Trump”.
Por outro lado, aqui no Brasil, mesmo após o caos com as eleições nos EUA e a expectativa da alta de juros pelo Fed em dezembro, o mercado conseguiu recuperar parte das perdas. Este movimento ocorreu por conta do rali das commodities, em especial o minério de ferro, que registrou forte valorização na segunda metade do mês e puxou papéis importantes na Bolsa, como a Vale e siderúrgicas. A mineradora encerrou novembro como a maior alta do índice com folga, subindo 30% no período e ajudando a puxar o Ibovespa.
Pregão desta quarta-feira
A principal notícia do dia ficou para o acordo entre membros da Opep para redução na oferta de petróleo, que faz com que as cotações do barril tipo brent subirem mais de 8% no mercado internacional, movimento que foi acompanhado pelas ações da Petrobras (PETR3; PETR4). Os preços do petróleo Brent subiram 8,78%, a US$ 50,45 o barril, enquanto o WTI disparou 8,67%, a US$ 49,15 o barril.
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A confirmação foi feita pelo presidente da Organização, Mohammed bin Saleh al-Sada. Além do acordo entre os membros, os países produtores que não fazem parte do grupo concordaram em reduzir a produção em 600 mil barris, sendo que a Rússia será responsável por metade deste corte. A Indonésia, que havia se juntado à OPEP há menos de um ano, após uma suspensão em 2009, pediu para ter sua adesão suspensa. O país expressou dificuldade em participar do acordo porque é um importador líquido de petróleo, disse al-Sada.
Enquanto isso, nesta sessão, os contratos de dólar futuro com vencimento em dezembro tiveram leve queda de 0,12%, cotados a R$ 3,396. Já o dólar comercial registrou perdas de 0,25%, para R$ 3,3858 na compra e R$ 3,3873 na venda, fechando o mês com alta de 6,18%, a maior desde setembro de 2015. Do lado dos DIs, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 subindo 2 pontos-base, para 12,08%, enquanto os de vencimento em janeiro de 2021 caíram 7 pontos-base, a 11,77%.
Durante a tarde, os procuradores soltaram um ultimato à Câmara sobre as medidas para punição de juízes e procuradores. O procurador Carlos dos Santos Lima chegou a afirmar que a força-tarefa ameaça abandonar os trabalhos se a “proposta de intimidação” for aprovada. O coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, disse que este foi o “golpe mais forte efetuado contra a Lava Jato”. Segundo ele, se a proposta for aprovada será o começo do fim da operação. “Não será possível continuar trabalhando na Lava Jato se a lei da intimidação for aprovada”, disse. O procurador disse ainda que o objetivo da Câmara é “estancar a sangria” e enfraquecer o combate à corrupção.
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Já na agenda de indicadores, o dia também foi carregado, com destaque para o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, que caiu 0,8% no terceiro trimestre de 2016 ante o segundo, a sétima retração consecutiva na comparação trimestral. Segundo o IBGE, em relação ao mesmo período de 2015, o recuo foi de 2,9%, o décimo seguido. Já no acumulado do ano até setembro, a economia brasileira teve declínio de 4,0%, o mais forte desde o início da série histórica em 1996. O mercado ainda aguarda o resultado da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) à noite.
No front político, destaques para a aprovação em primeiro turno da PEC 55, que limita o teto dos gastos públicos, e a votação na Câmara de “desfigurou” o pacote anticorrupção proposto pelo Ministério Público.
Destaques da Bolsa
Entre as ações que ajudaram na sessão positiva do índice hoje, as maiores altas ficaram com os papéis de Petrobras, Localiza e Qualicorp, além das companhias do setor financeiro Bradesco (BBDC3; BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3), Itaú Unibanco (ITUB4) e Santander (SANB11). Do outro lado, destaque para as ações da Vale (VALE3; VALE5), que seguiram em queda, puxadas pela correção dos preços do minério, após rali recente. Na ponta negativa ficaram os papéis do setor de papel e celulose, com a Fibria caindo 6%.
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As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:
Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano | Vol1 |
---|---|---|---|---|---|
PETR3 | PETROBRAS ON | 18,47 | +10,60 | +115,52 | 338,64M |
PETR4 | PETROBRAS PN | 16,00 | +9,14 | +138,81 | 1,28B |
QUAL3 | QUALICORP ON | 18,35 | +5,52 | +44,36 | 31,54M |
CYRE3 | CYRELA REALTON | 9,33 | +4,60 | +27,71 | 21,67M |
MULT3 | MULTIPLAN ON N2 | 58,13 | +4,16 | +54,27 | 48,61M |
As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:
Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano | Vol1 |
---|---|---|---|---|---|
FIBR3 | FIBRIA ON | 31,01 | -7,07 | -39,18 | 78,19M |
VALE3 | VALE ON | 28,06 | -3,84 | +115,35 | 340,71M |
SUZB5 | SUZANO PAPELPNA | 12,85 | -3,75 | -29,75 | 78,12M |
USIM5 | USIMINAS PNA | 4,15 | -3,49 | +167,74 | 126,65M |
GOAU4 | GERDAU MET PN | 5,84 | -3,47 | +251,81 | 190,56M |
As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:
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Código | Ativo | Cot R$ | Var % | Vol1 | Vol 30d1 | Neg |
---|---|---|---|---|---|---|
PETR4 | PETROBRAS PN | 16,00 | +9,14 | 1,28B | 986,00M | 57.424 |
VALE5 | VALE PNA | 25,55 | -3,04 | 989,37M | 762,28M | 35.777 |
ITUB4 | ITAUUNIBANCOPN | 35,42 | +1,96 | 450,94M | 515,76M | 29.583 |
ABEV3 | AMBEV S/A ON | 17,15 | +0,53 | 351,87M | 257,92M | 26.825 |
VALE3 | VALE ON | 28,06 | -3,84 | 340,71M | 200,56M | 19.683 |
PETR3 | PETROBRAS ON | 18,47 | +10,60 | 338,64M | 206,71M | 18.744 |
BBDC4 | BRADESCO PN | 29,75 | +2,37 | 290,23M | 372,31M | 22.473 |
ITSA4 | ITAUSA PN | 8,61 | +1,18 | 226,58M | 207,65M | 29.030 |
GGBR4 | GERDAU PN ED | 13,55 | -2,24 | 201,02M | 193,68M | 22.973 |
BBAS3 | BRASIL ON EJ | 28,50 | +2,33 | 198,48M | 269,71M | 19.550 |
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
PEC no Senado e oportunismo na Câmara
Os mercados devem repercutir a aprovação, por 61 votos a 14, em primeiro turno no Senado da PEC 55, que limita o teto dos gastos públicos pelos próximos 20 anos. A medida era tida como prioritária pelo Palácio do Planalto e o resultado é avaliado como um avanço do ajuste fiscal no Congresso, representando mais uma vitória do governo, mesmo fragilizado após as denúncias do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de que sofreu pressão do próprio presidente Michel Temer para atender interesses pessoais do ex-secretário de governo Geddel Vieira Lima.
Na noite da última terça-feira, em meio às atenções dadas à tragédia da queda do avião que transportava a delegação da Chapecoense, jornalistas e convidados, o plenário da Câmara votou o projeto que tratava das medidas anticorrupção, mas desfigurando o relatório prévio do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Na versão aprovada foram retirados pontos-chave como a criminalização de enriquecimento ilícito, o aumento do prazo de prescrição dos crimes, assim como foi incluída a tipificação do crime de abuso de autoridade para magistrados e integrantes do Ministério Público Federal.