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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira (26) com o pessimismo do mercado impulsionando a pressão vendedora em três frentes: cenário externo tenso com bombardeios da Arábia Saudita no Iêmen, novo aumento no desemprego e relatório de inflação do Banco Central admitindo inflação acima da meta em 2015. Os investidores também estiveram à espera de uma decisão sobre o balanço auditado da Petrobras durante a reunião do Conselho de Administração da estatal.
O benchmark da Bolsa brasileira caiu 2,47%, a 50.579 pontos, foi o pior fechamento em mais de dois meses. A última queda desta magnitude foi em 19 de janeiro, quando o índice caiu 2,57%. Enquanto isso, o dólar comercial apresentou queda de 0,39%, a R$ 3,1884 na compra e R$ 3,1909 na venda. O volume financeiro negociado no pregão foi de R$ 6,490 bilhões.
Do lado do câmbio, os olhares se voltaram aos Estados Unidos, em meio a uma alta do prêmio dos treasuries, que tende a atrair para a maior economia do mundo recursos atualmente aplicados em outros mercados. “O mercado está muito volátil e os investidores não têm segurança para trabalhar no longo prazo. Então você acaba tendo isso, um mercado imprevisível”, disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
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3 fatores de queda
Lá fora, a Arábia Saudita e aliados bombardearam alvos do Iêmen. “O país só produz 0,2% do combustível no mundo, mas está localizado perto da passagem de navios com muito petróleo”, diz o analista independente Flávio Conde. O mercado receia que as tensões afetem a passagem desses navios. O barril do petróleo WTI (West Texas Intermediate) sobe 2,05%, a US$ 50.22.
Segundo o economista da Guide Investimentos, Ignácio Crespo, o dia tem todos os motivos para ser negativo, com o cenário externo contribuindo para o ambiente de aversão ao risco e fraquezas nos indicadores do cenário doméstico. “A Europa devolve parte dos ganhos recentes e EUA trabalham com algum receio do impacto do dólar mais forte para as empresas. Tudo isso se juntou à questão da Arábia Saudita para criar este quadro ruim para o mercado financeiro no exterior”, diz.
Além disso, hoje o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou a taxa de desemprego no Brasil, que subiu de 5,7% para 5,9% em fevereiro. “É a segunda vez que sobe, mostrando uma piora substancial no mercado de trabalho, o que deve bater mais forte no consumo e nas vendas do varejo”, explica Crespo.
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Também impacta na Bolsa hoje o relatório trimestral de inflação do Banco Central, no qual a autarquia disse haver 90% de chance da inflação estourar a meta em 2015 e 12% de o fazer em 2016. Atualmente, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o medidor oficial de inflação está em 7,7% no acumulado de 12 meses ante o teto da meta estabelecido pelo BC de 6,5%.
Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 9,23, -5,04%; PETR4, R$ 9,35, -4,98%) subiram na abertura, mas viraram para queda. Os investidores ficam de olho na reunião do Conselho de Administração da estatal para descobrir quando será divulgado o balanço auditado do terceiro trimestre de 2014 e em quanto estarão as baixas contábeis por conta da corrupção revelada pela Operação Lava Jato.
As ações da Vale (VALE3, R$ 18,92, -4,25%; VALE5, R$ 16,42, -3,47%) fecharam com fortes quedas nesta quinta-feira. Após o preço do minério de ferro sofrer cortes ontem, a companhia segue com perspectivas negativas depois que siderúrgicas chinesas indicarem que continuarão fechando fábricas por lá e que os preços globais do minério de ferro podem cair até US$ 45 por tonelada, conforme a indústria se ajusta aos enormes excessos de oferta e à demanda industrial se enfraquecendo.
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As ações da Kroton (KROT3, R$ 10,13, -6,20%) caíram forte hoje. Ontem, o ministro interino de Educação, Luís Cláudio Costa, disse que não é possível garantir que o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) abrirá novas vagas no segundo semestre. Ele voltou a afirmar durante audiência pública na Câmara dos Deputados que os contratos já existentes serão mantidos e novos firmados de acordo com a qualidade dos cursos.
As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:
Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano |
---|---|---|---|---|
ELET3 | ELETROBRAS ON | 5,65 | -6,46 | -2,59 |
BRKM5 | BRASKEM PNA | 11,64 | -6,43 | -33,49 |
KROT3 | KROTON ON | 10,13 | -6,20 | -34,65 |
TIMP3 | TIM PART S/A ON | 10,80 | -5,51 | -8,32 |
PETR3 | PETROBRAS ON | 9,23 | -5,04 | -3,75 |
As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:
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Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano |
---|---|---|---|---|
BRPR3 | BR PROPERT ON | 14,12 | +2,69 | +37,76 |
BVMF3 | BMFBOVESPA ON | 11,13 | +2,58 | +12,99 |
FIBR3 | FIBRIA ON | 42,78 | +1,86 | +31,59 |
DTEX3 | DURATEX ON | 8,61 | +1,77 | +8,12 |
SUZB5 | SUZANO PAPEL PNA | 14,73 | +1,52 | +30,93 |
As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:
Código | Ativo | Cot R$ | Var % | Vol1 |
---|---|---|---|---|
PETR4 | PETROBRAS PN | 9,35 | -4,98 | 559,07M |
ITUB4 | ITAUUNIBANCO PN | 34,45 | -2,82 | 432,68M |
BBDC4 | BRADESCO PN | 35,30 | -3,08 | 314,41M |
ABEV3 | AMBEV S/A ON | 18,10 | -1,79 | 280,73M |
VALE5 | VALE PNA | 16,42 | -3,47 | 249,24M |
BVMF3 | BMFBOVESPA ON | 11,13 | +2,58 | 210,63M |
BBSE3 | BBSEGURIDADE ON | 31,56 | -3,78 | 204,85M |
PETR3 | PETROBRAS ON | 9,23 | -5,04 | 201,28M |
ITSA4 | ITAUSA PN | 9,84 | -2,86 | 182,28M |
CIEL3 | CIELO ON | 45,25 | -0,85 | 180,99M |
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
Cenário externo
O principal índice europeu de ações fechou em queda nesta quinta-feira, ampliando as perdas da sessão anterior, golpeado por preocupações com os preços em setores como tecnologia após fortes ganhos neste ano.
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O índice FTSEurofirst 300 das principais ações europeias fechou com queda de 0,8 por cento, aos 1.574 pontos. O índice havia mostrado baixas maiores mais cedo, mas reduziu as perdas após o euro anular os ganhos e passar a cair novamente.
“Com o euro se recuperando recentemente e com os índices acionários perto das máximas em sete anos, investidores estão começando a pensar que boa parte das boas notícias já está embutida nos preços e é hora de realizar lucros”, disse o diretor do Barclays France Franklin Pichard. “A recuperação do euro pode se tornar o grande catalisador para o recuo das bolsas europeias”.
Já as bolsas asiáticas fecharam em queda nesta quinta-feira uma vez que perdas lideradas pelo setor de tecnologia em Wall Street e uma escalada das tensões no Oriente Médio levaram a uma alta dos preços do petróleo e da cotação do iene.
O apetite por risco sofreu um impacto com notícias de que a Arábia Saudita e seus aliados do Golfo Árabe lançaram ataques aéreos no Iêmen contra combatentes Houthi, que fortaleceram o domínio que exercem sobre a cidade de Aden, no sul do país. Os ataques aéreos envolvem mais de dez países e as informações são de que pelo menos 18 civis foram mortos e 24 foram feridos durante as primeiras horas de operação, de acordo com informações do Ministério da Saúde citadas pela Al-Jazeera.
O índice japonês Nikkei teve queda de 1,4 por cento, maior perda em 10 semanas, recuando da máxima de 15 anos atingida na segunda-feira. Os mercados na China, como muitas vezes, seguiram o próprio caminho com a bolsa em Xangai subindo 0,6 por cento.
(Com Reuters)