Ibovespa zera ganhos após se aproximar dos 120 mil pontos e renovar máxima histórica; dólar cai

Em destaque no radar dos mercados, Senado pode decidir sobre aumento na ajuda federal nos EUA já nesta terça-feira

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após atingir o maior patamar de fechamento desde 23 de janeiro (quando o índice atingiu 119.527 pontos), o Ibovespa registrou nova alta no início da sessão desta terça-feira (29), chegando a renovar máxima intradiária. O benchmark da Bolsa, no início da sessão, seguia mais uma vez o rali no exterior, ainda que com ganhos mais modestos se comparados ao avanço de 1,12% na véspera.

Contudo, o Ibovespa zerou a alta no final da manhã, apesar do novo dia de alta das bolsas americanas, ainda que busque manter o patamar dos 119 mil pontos. Às 11h48 (horário de Brasília), o índice à vista tinha leve queda de 0,04%, a 119.076 pontos, após atingir máxima de 119.860 pontos (alta de 0,62%) mais cedo. A máxima intradiária foi antes registrada em 24 de janeiro, quando atingiu 119.593 pontos.

O dólar, após a forte alta de 1,10% na véspera, opera em queda também com os investidores acompanhando os leilões do Banco Central: o BC confirmou a oferta diária de US$ 800 milhões em swap. Vale ressaltar que o pregão pode contar com volatilidade em meio à baixa liquidez de fim de ano e possível pressão compradora diante de reajustes de posições previstos para os últimos dias de 2020. O dólar comercial caía 0,98%, a R$ 5,1864 na compra e R$ 5,1869 na venda.

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Se, na véspera, os investidores repercutiram positivamente o acordo pós-Brexit, o início da vacinação contra a Covid-19 em diversos países do mundo e a assinatura pelo presidente americano Donald Trump do pacote de ajuda de US$ 900 bilhões à economia dos Estados Unidos, nesta sessão novas medidas fiscais na maior economia do mundo são acompanhadas de perto pelos mercados.

Após a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovar na noite da segunda-feira uma elevação nos pagamentos federais aos americanos que ganham até US$ 75 mil ao ano, de US$ 600 a US$ 2 mil por pessoa, o Senado deve tratar do tema nesta semana. Uma decisão sobre o tema entre os senadores pode surgir já nesta terça.

O líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, pediu ao presidente Donald Trump que consiga o apoio dos republicanos na Casa para apoiar os pagamentos mais elevados, diante da pandemia da covid-19. A expectativa é que Schumer tente passar a lei com consenso unânime nesta terça-feira. Caso nem todos os senadores a aprovem, serão necessários 60 votos no Senado com 100 integrantes, controlado por uma maioria republicana. O destino do pacote no Senado ainda é incerto. O aumento conta com a oposição de muitos senadores republicanos.

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Na Europa, os principais índices ampliavam seu rali também à medida que o acordo comercial do Brexit, esperanças de um pacote de estímulo expandido nos Estados Unidos e a maratona da campanha de vacinação contra a Covid-19 da zona do euro trazem um cenário menos sombrio para as perspectivas de crescimento global para 2021.

O destaque fica por conta de Londres, na volta de um feriado ontem, com isso reagindo apenas hoje à notícia do acordo comercial entre Reino Unido e União Europeia no Brexit.

Ainda no radar dos mercados, a China e a União Europeia devem fechar um acordo de investimento nesta semana que dará às empresas do bloco europeu um acesso muito melhor ao mercado chinês e proteção para seus ativos no país asiático, disse nesta segunda, 28, uma autoridade sênior da UE. As negociações começaram em 2014, mas ficaram paralisadas por anos, já que a UE se queixava de que a China não cumpria promessas de retirar restrições aos investimentos do bloco.

As bolsas asiáticas fecharam com resultados em sentidos diferentes entre si. O destaque fica para o índice Nikkei, do Japão, que atingiu patamares que não eram vistos desde agosto de 1990, segundo dados da consultoria Refinitiv.

Voltando ao noticiário brasileiro, o desemprego no Brasil foi para 14,3% no trimestre encerrado em outubro, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), divulgada nesta terça-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número ficou melhor do que o esperado. A expectativa, segundo consenso Refinitiv, era de alta para 14,7%, ante dado anterior de setembro de 14,6% (veja mais clicando aqui).

Na comparação com o trimestre encerrado em julho, contudo, o resultado ficou bem acima da taxa de 13,8% vista anteriormente.  Os dados mostraram que o país iniciou o quarto trimestre com aumento no número de desempregados diante da maior procura por emprego, mas ao mesmo tempo apresentou no período alta na população ocupada, mostrando recomposição do mercado de trabalho.

No noticiário sobre vacinas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu na segunda-feira o certificado de boas práticas de fabricação ao laboratório Pfizer, etapa necessária para o registro da vacina contra Covid-19 desenvolvida pelo laboratório no país.

A Pfizer, que desenvolveu uma vacina em parceria com a alemã BioNTech, é a terceira empresa fabricante de vacinas contra a Covid-19 a receber o certificado de boas práticas visando o registro do imunizante no país. A primeira delas foi a chinesa Sinovac  e a segunda, a AstraZeneca.

Prorrogação do estado de calamidade e disputa pela Câmara

Nesta terça, a Caixa Econômica Federal (CEF) paga a última parcela do Auxílio Emergencial a 3,2 milhões de pessoas, encerrando o calendário de pagamentos do programa, sem que haja ainda indicação sobre um eventual novo auxílio em 2021 ou lançamento de um novo programa social ou substituto do Bolsa Família.

Segundo reportagem publicada no jornal Valor, governadores da região Nordeste defendem a prorrogação do estado de calamidade pública para o Brasil pelo menos para o primeiro semestre de 2021.

O governador do Piauí Wellington Dias (PT), líder do grupo de governadores da região, afirmou “ninguém quer e ninguém deseja, mas a calamidade é uma realidade”. O estado de calamidade suspende a aplicação de mecanismos de controle fiscal, como o teto de gastos, e permitira ao governo federal continuar gastando em programas como o auxílio emergencial.

Além disso, chamada de capa publicada pelo jornal O Globo afirma que o bloco articulado pelo atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) para eleger um sucessor deve ser capaz de garantir os dois cargos mais importantes da Mesa Diretora ao PT e ao PSL, que têm as maiores bancadas.

Com o apoio de partidos de esquerda, o bloco tem 281 deputados, e se fecha em torno da candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP). Do outro lado, o candidato Arthur Lira (PP-AL) tem apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e conta com 181 parlamentares.

Como o voto é secreto, há espaço para traições, e a formação de um bloco maior não garante a eleição de presidente da Câmara dos Deputados. Mas os cargos são distribuídos de acordo com o tamanho das legendas antes da eleição. A cada 46 deputados, um bloco tem direito a uma cadeira na Mesa. O maior grupo escolhe o primeiro cargo, e o segundo maior faz a segunda escolha, o que deixa PT e PSL em proeminência.

Na segunda, Bolsonaro declarou em público seu apoio à candidatura de Lira, e se contrapôs a Maia. “Vamos ter eleição na Câmara agora. Uma das chapas ali é o Rodrigo Maia e PT, PCdoB e PSOL. E tem uma outra chapa. Eu estou nessa outra. Não vou nem discutir. Se está de um lado PT, PCdoB e Rodrigo Maia, eu estou do outro lado”, disse. O grupo inclui também o DEM, de Maia, MDB, PSDB, Cidadania, PV e parte do PSL não bolsonarista. O PSOL não faz parte da frente e considera lançar uma candidatura própria.

Lira uniu em torno de seu nome os parlamentares mais aliados ao governo e também o chamado Centrão, que inclui partidos como o PP, PTB, PSD, PL, Republicanos, entre outros, e obteve o apoio explícito de Bolsonaro.

Além disso, partidos da oposição apresentaram ao deputado Baleia Rossi (MDB-SP), candidato à presidência da Câmara, uma carta-compromisso em que elencam a necessidade de respeito a princípios democráticos e ao espaço constitucional para que exerça o seu papel, informou o líder do PSB, Alessandro Molon (RJ) à agência internacional de notícias Reuters.

Segundo Molon, Baleia teria concordado com a carta, que passa por ajustes finais de redação para ser divulgada. Dentre os tópicos que permitiriam à oposição a execução de suas atividades, está o compromisso do candidato à presidência da Casa de ouvi-la para a definição da pauta, de pautar matérias como a convocação de ministros, quando houver votos, e o de pautar os projetos de decretos legislativos (PDLs), instrumentos muito utilizados para sustar decretos do Executivo.

Radar corporativo

Em destaque no radar de empresas, a Petrobras apresentou na última segunda-feira requerimento de arbitragem com demanda indenizatória contra a Odebrecht, estimada em aproximadamente R$ 800 milhões, por alegada violação dos termos do acordo de acionistas referente à Braskem.

Já o conselho de administração do Santander Brasil aprovou o pagamento do montante bruto R$ 665 milhões, valor este que vai a R$ 565,2 milhões após a dedução do valor relativo ao imposto de renda na fonte.

Também no radar dos mercados, a EDP Brasil assinou acordo de investimentos na empresa de geração solar distribuída Blue Sol, com o objetivo de adquirir participação minoritária de até 40% do capital social da companhia. A CCR, por sua vez, assinou um aditivo ao contrato de concessão do aeroporto de Confins (MG), por meio do qual poderá receber até R$ 352 milhões, informou a empresa em comunicado ao mercado.

(Com Reuters, Bloomberg e Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.