Discussão de estímulo nos EUA, leilão do BC e decisão do STF: os 3 fatores que movimentam a Bolsa hoje

Mercado registra desempenho errático em meio a um rali bastante expressivo até agora em dezembro

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa opera sem uma direção definida nesta sexta-feira (18). O índice abriu em alta, zerou ganhos, depois voltou a subir e ensaia manter-se nessa toada ao longo de toda a sessão.

As ações de blue chips são as mais voláteis e representam o terreno onde se trava a batalha entre comprados e vendidos que se divide pelo otimismo com as vacinas e esperança de estímulos contra uma realização de ganhos após a Bolsa ter batido 119.142 pontos na máxima intradiária.

Hoje, os investidores seguem monitorando as negociações para um acordo de estímulos da ordem de US$ 900 bilhões nos Estados Unidos. O líder da maioria republicana no Senado americano, Mitch McConnell, disse que um acordo “bipartidário e bicameral está prestes a acontecer”.

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Por aqui, o Banco Central realiza um leilão de linha de US$ 2 bilhões para evitar o efeito do overhedge no fim do ano. Na véspera, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, reforçou que a autoridade monetária só vai atuar no câmbio quando houver disfuncionalidade.

Também no radar, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para a vacinação obrigatória e o ministro Ricardo Lewandowski autorizou estados a importarem vacinas mesmo sem a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Às 13h32 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha leve alta de 0,28%, aos 118.728 pontos.

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Enquanto isso, o dólar comercial subia 0,23% a R$ 5,0895 na compra e a R$ 5,0905 na venda. O dólar futuro com vencimento em janeiro de 2021 registrava alta de 0,6%, a R$ 5,087.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 vira para queda de dois pontos-base a 2,94%, o DI para janeiro de 2023 tem alta de um ponto-base a 4,40%, o DI para janeiro de 2025 avança três pontos-base a 5,96% e o DI para janeiro de 2027 registra variação positiva de um ponto-base a 6,74%.

Ainda no noticiário político, depois de Jair Bolsonaro dizer em live que o Bolsa Família não tem 13º por culpa de Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente da Câmara pautou para esta sexta-feira a MP 1.000, que reduziu de R$ 600 para R$ 300 e estendeu o auxílio emergencial para os meses de outubro a dezembro – em que pretende incluir também o pagamento da parcela extra do Bolsa Família.

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O risco fiscal é um aumento do valor do auxílio ou a tentativa, ainda que controversa, de estender o calendário de pagamentos, destaca a equipe de análise da XP Política.

Voltando ao exterior, as tensões entre EUA e China se renovam após a Reuters informar que os EUA devem barrar dezenas de empresas chinesas.

Com isso, na Ásia, a maior parte dos índices fechou em baixa na sexta. Também no radar, estão as decisões do Banco Central do Japão. A instituição anunciou que estendeu por seis meses seu programa especial voltado a reduzir as pressões de financiamento, em meio à pandemia. A meta de 10 anos de rendimento do título do governo japonês ficou em 0%, e a taxa de juros de curto prazo ficou em -0,1%.

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Disputa pela Câmara

Após uma reunião de quase três horas entre presidentes nacionais e líderes das bancadas dos partidos de esquerda, PT, PDT, PSB, PCdoB e PSOL decidiram formalmente que vão vetar o apoio a qualquer candidato apoiado por Bolsonaro na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados.

Bolsonaro apoia o candidato Arthur Lira (PP-AL). No campo opositor, o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), busca fazer um sucessor, sem ter, no entanto, um nome definido até o momento. Há dois pré-candidatos: Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Baleia Rossi (MDB-SP).

Na reunião entre partidos de esquerda, lideranças de PDT, PSB e PCdoB tentaram convencer PT e PSOL a integrarem o bloco de Maia. Em entrevista ao jornal O Globo, a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffman (PR), afirmou: “achamos que realmente dá para ir para esse bloco de centro. Temos divergências na área econômica, mas temos convergência na defesa da democracia e em pautas como o meio ambiente, por exemplo”.

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Mas disse que, uma vez integrando o bloco, a esquerda deveria apresentar ainda um terceiro nome para ser avaliado ao lado de Ribeiro e Rossi. Com o apoio dos partidos de esquerda, Maia estaria em posição para fazer seu sucessor.

Também na quinta, a Câmara dos Deputados concluiu a votação de uma medida provisória editada pelo governo em setembro, que promove mudanças no setor elétrico visando conter o aumento das contas de luz até 2025 no Norte e no Nordeste, atendidos por empresas privatizadas recentemente, que pertenciam à Eletrobras. A proposta ainda precisa passar pelo Senado.

A medida dá mais poder ao CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) nas definições sobre Angra 3, e prevê a retirada de subsídios à geração de energia renovável.

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Alta de mortes pela Covid

O consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil divulgou, às 20h de quinta, o avanço da pandemia no Brasil em 24h. Após alegar ter tido problemas com o sistema do Ministério da Saúde na quarta, o estado de São Paulo registrou casos acumulados de infecções e mortes, impulsionando o saldo final.

Foram registrados 68.832 novos casos, o segundo maior registro de novos diagnósticos em um único dia. A média móvel de casos nos últimos 7 dias foi de 46.855, alta de 10% frente 14 dias antes e um recorde desde o início da pandemia.
E o país registrou mais de mil mortes por covid em 24h pela primeira vez desde 15 de setembro. Foram 1.054 no total, alta de 27% frente a média de 14 dias atrás.

Também na quinta, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a vacinação contra a Covid-19 deve ser obrigatória, mas não forçada. Corte determinou que podem ser impostas medidas restritivas àqueles que recusarem a imunização.

Como sanção aos que não se imunizarem, firmou-se a tese do relator Ricardo Lewandowski, de que pode “ser implementada por meio de medidas indiretas, as quais compreendem, dentre outras, a restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de determinados lugares, desde que previstas em lei, ou dela decorrentes”. Essas medidas podem ser implementadas tanto por União quanto por unidades da federação e municípios.

Os ministros decidiram também que não há necessidade de assinatura de um termo de consentimento, como deseja o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Em uma decisão separada, os ministros determinaram que pais não podem deixar de vacinar seus filhos, mesmo que motivados por questões filosóficas ou crenças pessoais. O recurso trata da vacinação em geral, prevista no calendário oficial, e não especificamente da imunização contra a covid.

Na quinta, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, estimou que o Brasil terá 24,5 milhões de doses de vacinas contra covid disponíveis em janeiro, dependendo de aprovação da Anvisa.

Na quinta, uma fonte cujo nome não foi identificado afirmou à agência de notícias Reuters que a farmacêutica Pfizer só apresentará pedido à Anvisa para autorização de uso emergencial de sua vacina contra a covid no Brasil após assinatura de contrato definitivo com o governo brasileiro para a venda do imunizante, disse nesta quinta-feira uma fonte com conhecimento da decisão da empresa.

No mesmo dia, o ministro Lewandowski autorizou, em caráter liminar, que estados e municípios possam importar e distribuir vacinas contra a covid-19 registradas por autoridades sanitárias estrangeiras, caso a Anvisa não as autorize em 72 horas. São Paulo deve receber mais 2 milhões de doses da CoronaVac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac, nesta sexta.
Em cerimônia de apoio ao setor produtivo realizada no momento em que a votação pelo Supremo ocorria, o presidente ressaltou que, “uma vez certificada pela Anvisa”, a vacina deve estar disponível para quem desejá-la. Mas afirmou que não pretende tomá-la.

Bolsonaro afirmou: “ninguém pode obrigar ninguém a tomar a vacina… Se o cara não quer ser tratado, que não seja, eu não quero fazer uma quimioterapia e vou morrer, problema é meu, pô”. “Alguns falam que estou dando um péssimo exemplo. Ô imbecil, ô idiota que está dizendo do péssimo exemplo, eu já tive o vírus, eu já tenho anticorpos, para que tomar de novo?”, disse.

O presidente assinou na quinta medida provisória que abre crédito extraordinário de R$ 20 bilhões para vacinação contra covid no Brasil.

Ainda em destaque, na véspera, a Câmara aprovou a desvinculação de recursos de 29 fundos setoriais para ações de combate à pandemia do novo coronavírus. Juntos, esses fundos têm R$ 177,7 bilhões, mas a aplicação do dinheiro era “carimbada” e não poderia ser alterada sem autorização do Congresso.

O projeto de lei complementar 137 (PLP 137) foi aprovado por 384 votos a 79. Agora, os deputados vão avaliar os destaques – propostas que modificam o texto-base. A maioria das sugestões para alterar o texto tenta retirar alguns desses fundos da desvinculação, como os relacionados à defesa, telecomunicações e café. Depois de concluída a votação, o texto ainda precisa do aval dos senadores.

Radar corporativo

O destaque do noticiário fica para a Petrobras: a companhia informou que realizará o pré-pagamento parcial de R$ 4,493 bilhões à Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros) em janeiro de 2021. Ontem, a estatal realizou o pagamento de R$ 94 milhões, na liquidação parcial antecipada do Termo de Compromisso Financeiro Pré-70 (TCF Pré-70).

A companhia ainda fechou acordo com o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (Previ) para finalizar o litígio arbitral sobre as perdas relacionadas à Sete Brasil. A estatal pagou R$ 190 milhões para a Previ. Segundo a Petrobras, o acordo se encerra sem o reconhecimento de culpa ou responsabilidade por ambas as partes.

A estatal também assinou na quinta um contrato para a venda da totalidade de sua participação em 14 campos terrestres de exploração e produção, denominados Polo Recôncavo, localizados na Bahia.

Já a Qualicorp anunciou a expansão da parceria comercial com o Grupo Notre Dame Intermédica (GNDI), para a comercialização de seus produtos em todos os canais de venda da Quali. De acordo com comunicado ao mercado da empresa, a expansão da parceria permitirá a oferta do planos GNDI no mix de produtos Quali no segmento coletivo por adesão em todos os seus canais de distribuição, formado por mais de 40 mil corretores parceiros e 500 plataformas distribuídas por todas as regiões do Brasil.

A Usiminas, por sua vez, aprovou a retomada das operações do alto-forno 2 da usina de Ipatinga (MG) que foi paralisado em abril logo após os impactos das medidas de isolamento social sobre a demanda de aço do país.

O Conselho de Administração da Eneva aprovou um programa de recompras de ações de sua própria emissão, que envolverá até 1,07 milhão de papéis, informou a companhia em fato relevante. A CCR comunicou nesta quinta-feira que a Controladoria-Geral do Paraná revogou resolução que impedia a controlada RodoNorte de participar de novas licitações e fechar contratos com o governo estadual.

A BRF comunicou nesta quinta-feira a venda da Banvitfoods SRL, que desenvolve atividades de fabricação de rações e granja de ovos na Romênia, para a Aaylex System Group por 20,3 milhões de euros (126,1 milhões de reais).

A Cosan informou nesta quinta-feira ter sido notificada pelo seu acionista controlador, Rubens Ometto Mello, sobre a realização de um acordo com a gestora de recursos Dynamo, que terá direito de participar da indicação de um membro independente do Conselho de administração da companhia. A Fitch afirmou o rating ‘CCC+’ para Oi.

Por fim, em mediação conduzida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais na quinta, o governo de Minas Gerais e a mineradora Vale não chegaram a um acordo sobre compensações ao Estado pelo desastre de Brumadinho (MG). Mas a expectativa é de um acerto em janeiro, disse o secretário-geral da administração estadual, Mateus Simões.

(Com Reuters, Bloomberg e Agência Estado)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.