Ibovespa tem 8ª queda em 9 pregões e volta para 70 mil pontos; dólar desaba 2% com atuação do BC

Índice acentuou as perdas no início da tarde, enquanto os juros futuros caíram forte com o dólar e atuação do Tesouro

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa chegou a acelerar as perdas na tarde desta sexta-feira (15), batendo mínima com queda de 2,5%, mas conseguiu se recuperar com os investidores de olho no mau humor global gerado pelas tensões comerciais entre EUA e China após Trump aprovar tarifas de US$ 50 bilhões sobre produtos chineses. Por outro lado, o dólar acelerou a queda e voltou para R$ 3,73 após mais um dia de forte atuação do Banco Central.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com perdas de 0,93%, aos 70.757 pontos, chegando ao seu quinto recuo semanal seguido. Nos últimos nove pregões, a bolsa caiu em oito, perdendo no período cerca de 8 mil pontos. O volume financeiro nesta sexta ficou em R$ 16,494 bilhões. Na mínima do dia, o índice chegou a voltar para o nível de 69 mil pontos, algo que não ocorria desta 22 de agosto do ano passado.

Enquanto isso, o dólar comercial recuou 2,15%, cotado a R$ 3,7300 na venda. A moeda chegou a “ignorar” a primeira intervenção do BC no câmbio nesta sexta, de 35 mil contratos de swap, mas passou a cair forte após a autoridade realizar mais dois leilões de 40 mil swaps.

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Após a moeda disparar 2,3% na véspera e retornar para a faixa de R$ 3,80, o Banco Central anunciou na noite de ontem que irá ofertar em torno de US$ 10 bilhões em swaps cambiais na próxima semana. Além disso, a autoridade monetária fez questão de afirmar que não vê restrições para que o estoque de swaps cambiais exceda “consideravelmente” volumes máximos atingidos no passado.

No mercado de juros futuros, os contratos seguem o movimento de queda, puxado não só pela “calmaria” no dólar, mas também pela atuação do Tesouro e mudança no CMN (Conselho Monetária Nacional). Os contratos com vencimento em janeiro de 2019 recuaram 30 pontos-base, cotados a 7,31%, enquanto com vencimento em janeiro de 2021 marcaram queda de 44 pontos, aos 10,00%.

Diante da forte inclinação da curva de juros nos últimos dias, o Tesouro Nacional decidiu alterar o modo como vem oferecendo liquidez ao mercado de títulos e pretende realizar na próxima semana leilões diários de compra e venda de NTN-F (Tesouro Prefixado com Juros Semestrais), LTN (Letra do Tesouro Nacional) e NTN-B (Notas do Tesouro Nacional série B Principal).

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Para completar, o CMN (Conselho Monetário Nacional) aprovou proposta de antecipar de março de 2020 para agosto de 2019 o prazo para que entidades abertas de previdência complementar deixem de cumprir exigência de hedge para títulos prefixados de longo vencimento. A medida diminui exigência para que fundos de pensão façam operações no mercado futuro de juros.

Tensão comercial

O presidente dos EUA, Donald Trump, aprovou tarifas de US$ 50 bilhões sobre produtos chineses nesta sexta-feira e o governo chinês já prometeu retaliar do mesmo modo, reacendendo o clima de guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. 

“A China não quer uma guerra comercial, mas o lado chinês não tem opção a não ser se opor fortemente a isso, devido ao comportamento míope dos Estados Unidos que afetará ambos os lados”, segundo comunicado do Ministério do Comércio da China. A lista inicial de Trump inclui 818 produtos e os outros US$ 50 bilhões prometidos pelo presidente dos EUA ainda serão decididos.

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Destaques do mercado

Do lado negativo, destaque para as ações do setor siderúrgico e a Vale, que recuaram por conta dos receios do mercado de uma escalada da guerra comercial entre China e EUA. Enquanto isso, os papéis da Braskem dispararam após a Odebrecht afirmar que está negociando a venda de sua participação na empresa para a holandesa LyondellBasell.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET3 ELETROBRAS ON 13,00 -8,39 -32,78 62,27M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 15,01 -8,20 -33,88 53,75M
 USIM5 USIMINAS PNA 7,45 -6,52 -17,77 132,07M
 VVAR11 VIAVAREJO UNT N2 19,96 -6,51 -18,33 74,03M
 BRAP4 BRADESPAR PN 28,49 -5,57 +2,82 77,79M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRKM5 BRASKEM PNA 49,92 +21,40 +21,46 524,25M
 WEGE3 WEG ON 15,78 +3,48 -14,42 106,00M
 BBDC3 BRADESCO ON 23,33 +2,55 -19,69 105,11M
 EGIE3 ENGIE BRASILON 34,21 +1,97 -3,66 64,39M
 RADL3 RAIADROGASILON 69,17 +1,95 -24,50 260,76M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE3 VALE ON 49,13 -4,99 1,70B 1,04B 45.309 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 14,74 -2,38 814,21M 2,03B 66.059 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 25,00 -1,19 745,01M 414,52M 39.908 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 38,52 +1,13 688,32M 779,94M 45.665 
 BBDC4 BRADESCO PN 25,56 +1,07 593,43M 454,00M 54.041 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,72 -1,11 563,58M 437,08M 43.779 
 BRKM5 BRASKEM PNA 49,92 +21,40 524,25M 76,78M 36.453 
 PETR3 PETROBRAS ON N2 17,80 -1,00 411,41M 460,38M 31.037 
 SUZB3 SUZANO PAPELON 47,30 -1,46 393,64M n/d 21.788 
 B3SA3 B3 ON 19,73 -2,08 317,35M 344,33M 42.812 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Pesquisa eleitoral

A menos de quatro meses do primeiro turno, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) mantém a liderança na corrida presidencial, mas está mais distante de seu melhor desempenho já registrado. É o que mostra pesquisa realizada pelo Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas) entre 11 e 13 de junho, a quarta encomendada pela XP Investimentos em cinco semanas. O InfoMoney teve acesso aos dados com exclusividade.

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De acordo com o levantamento, o parlamentar agora tem entre 19% e 22% das intenções de voto, dependendo da situação avaliada. Em todos os casos, o pré-candidato pelo PSL teve oscilação para baixo de 1 ponto percentual em comparação com a semana anterior, movimento dentro da margem de erro de até 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo. O desempenho não freou a tendência de queda observada desde a máxima atingida por Bolsonaro no terceiro levantamento da série, de até 26%, entre 21 e 23 de maio.

Na pesquisa espontânea, quando não são apresentados nomes de candidatos aos entrevistados, o deputado voltou aos 13% registrados no primeiro levantamento, após chegar a marcar 18% em sua melhor semana, entre 21 e 23 de maio. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece tecnicamente empatado, com 12% das intenções de voto, em uma oscilação de 2 pontos percentuais para baixo em relação à semana anterior. Outros candidatos não passam de 2% nesta situação enquanto o grupo dos “não voto” (brancos, nulos e indecisos) soma 65%, 3 p.p. a mais que no último levantamento.

A pesquisa testou quatro situações de primeiro turno. No cenário sem uma candidatura apresentada pelo PT, Bolsonaro tem 22%. Na sequência, aparecem tecnicamente empatados a ex-senadora Marina Silva (Rede), com 13%, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), com 11%, e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), com 8%. O senador Álvaro Dias (Podemos) tem 6%. Manuela D’Ávila (PCdoB) e Henrique Meirelles (MDB) aparecem com 2%. Com 1%, estão Guilherme Boulos (PSOL) e Flávio Rocha (PRB). Brancos, nulos e indecisos somam 34%.

Agenda de indicadores

Na agenda de indicadores, destaque para o resultado do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) de abril, que marcou avanço de 0,46% frente março, enquanto o mercado esperava crescimento de 0,60%. Na comparação entre os meses de abril de 2018 e abril de 2017, houve alta de 3,70% na série sem ajustes sazonais, ao passo que as projeções apontavam para +3,90%.

Nos EUA, a produção industrial de maio recuou 0,1%, ficando abaixo do esperado pelo mercado, que estimava alta de 0,2%. O resultado era bastante aguardado pelo mercado após as vendas do varejo surpreenderam ontem com avanço de 0,8% em maio, enquanto era esperada alta de 0,4% pelo mercado.

Notícias do dia

A possibilidade da entrada de um novo outsider na disputa eleitoral ganha destaque no noticiário de hoje. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o apresentador José Luiz Datena, da rádio e TV Bandeirantes, é quem se apresenta. Datena reforçou seu desejo de concorrer a uma vaga no Senado, provavelmente na chapa do ex-prefeito João Doria (PSDB), pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes, mas disse que avalia também o lançamento de uma candidatura à Presidência.

Já sobre a campanha do Henrique Meirelles, o Estadão informa que o economista José Márcio Camargo será o coordenador econômico da pré-campanha à Presidência do ex-ministro da Fazenda. O acerto para o ingresso de Camargo ao time de campanha de Meirelles foi fechado nesta quarta. Mas a situação da campanha do ex-ministro é delicada: até dirigentes do MDB que apostavam na candidatura de Meirelles admitem que seu projeto corre risco de naufragar. Para eles, o ex-ministro da Fazenda perdeu apelo com a constatação, pelo Datafolha, de que a impopularidade recorde de Michel Temer está umbilicalmente ligada à insatisfação com a economia. 

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.