Ibovespa tem 7ª alta seguida e supera os 55 mil pontos após vitória de Temer na Câmara

Mercado mostra mais um avanço, estendendo o rali recente com o cenário doméstico ajudando a alta das bolsas lá fora

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa chegou a sua sétima alta consecutiva nesta quinta-feira (14), em dia de bom humor externo e agitado noticiário doméstico. Lá fora, as bolsas subiram depois de resultados trimestrais positivos de grandes bancos norte-americanos e da decisão do banco central da Inglaterra, que surpreendeu negativamente os investidores ao manter a taxa de juros em 0,5%, mas deu sinais de que deve cortar as taxas nas próximas reuniões. Por aqui, o principal evento é a vitória do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) na eleição para a Presidência da Câmara.

O benchmark da bolsa brasileira subiu 1,62%, a 55.480 pontos, em dia de volume financeiro forte, que atingiu R$ 8,801 bilhões. Já o dólar comercial amenizou as perdas durante a tarde e teve queda de 0,46%, a R$ 3,2595 na venda, enquanto o dólar futuro para agosto fechou com perdas de 0,21%, a R$ 3,275. O câmbio novamente caiu sem se importar com a atuação do Banco Central, que colocou todo o lote de 10.000 contratos de swap reverso. 

Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora, disse à Bloomberg que o mercado vive um momento de “euforia interna e externa”. No Brasil, a esperança de um governo mais comprometido com reformas estruturais “é um cenário que vai se consolidando”. Ao mesmo tempo, os BCs dos EUA, Reino Unido e Japão têm sinalizado juros baixos prolongados ou até mesmo novos estímulos. “O horizonte de liquidez no exterior continua muito positivo”, diz o estrategista.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2018 avança 1 ponto-base a 12,65%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 tem queda de 5 pontos-base a 11,95%. Entre as commodities, o minério de ferro spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao caiu 1,15% a US$ 58,47 a tonelada seca. Já o petróleo sobe, com o barril do Brent avançando 1,97% a US$ 47,17. 

Eleição na Câmara
Na madrugada desta quinta-feira, Rodrigo Maia foi eleito com 285 votos presidente da Câmara dos Deputados para o mandato “tampão” até fevereiro do ano que vem. O deputado Rogério Rosso (PSD-DF) recebeu  170 votos. Maia assumiu a presidência da casa após a renúncia do ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O mercado reage positivamente à eleição de Maia, visto pela consultoria Arko Advice como favorável a Michel Temer e reformas. 

De acordo com o Estado de S. Paulo, o Planalto comemora a vitória contra PT e quer se afastar do peso de Cunha e ser independente do centrão. Já segundo a Folha de S. Paulo, Temer comemorou e se disse satisfeito já com o resultado do 1º turno. 

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O Planalto acredita que o resultado terá impacto também na votação do impeachment de Dilma Rousseff no Senado, em agosto, pois sinaliza que o grupo da petista está enfraquecido. 

Além do BoE
O Bank Of England decidiu manter a taxa de juros em 0,5%, contrariando as expectativas do mercado dos últimos dias de que haveria um corte em 0,25 ponto percentual, para 0,25%. Esta seria a primeira mudança nas taxas desde 2009. 

A autoridade monetária também não fez alteração em seu programa de compra de ativos de 375 bilhões de libras. Apesar disso, foi visto como um sinal positivo que a maioria dos membros da comissão afirmou esperar que a política monetária seja relaxada em agosto. “O tamanho e a natureza das eventuais medidas de estímulo serão determinadas nas próximas semanas”, apontou o BoE. 

Os membros não especificaram quais tipos de estímulos poderão vir, mas autoridades anteriormente listaram as ferramentas que estão à sua disposição como, por exemplo, um corte de juros, aumento do programa de compra de títulos pelo BOE, extensão de compras de dívidas corporativas e outros ativos e aumento da oferta de crédito para as famílias e empresas.

Ações em destaque
As ações do segmento de bancos subiram acompanhando o dia positivo dos mercados mundiais e após o Credit Suisse elevar a recomendação para as ações do Bradesco (BBDC3, R$ 29,00, +3,35%; BBDC4, R$ 28,30, +4,12%), Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 33,57, +2,85%) e para a holding de investimentos Itaúsa (ITSA4, R$ 8,22, +4,45%). O Bradesco foi elevado de underperform para outperform, enquanto Itaúsa e Itaú foram elevadas de underperform para neutra pelo Credit; o preço-alvo dos ativos ITUB4 foi elevado de R$ 25,00 para R$ 35,00.

Já a Petrobras (PETR3, R$ 13,32, +2,54%; PETR4, R$ 10,93, +2,82%) vê suas ações subirem acompanhando a alta do petróleo, com o brent subindo 1,97%, a US$ 47,17 o barril, após a queda de cerca de 4% na véspera. No radar da estatal, ela informou o mercado que concluiu ontem a oferta de títulos no mercado de capitais internacional (Global Notes), no valor de US$ 3 bilhões. 

 A oferta constituiu uma reabertura dos títulos com vencimento em 2021 e 2026, originalmente emitidos em maio de 2016. Do novo volume emitido, US$ 1,75 bilhão terá vencimento em cinco anos e US$ 1,25 bilhão em dez anos. Segundo comunicado da petrolífera, a demanda foi aproximadamente 2,4 vezes para o título com vencimento em 2021 e 2,3 vezes para o título com vencimento em 2026. Ao todo, em torno de 350 investidores dos Estados Unidos, Europa, Ásia e América Latina participaram da operação. A estatal pretende utilizar os recursos da emissão para uma operação de recompra de títulos.

Entre as quedas estavam as exportadoras de papel e celulose. Fibria (FIBR3, R$ 20,82, -4,06%) e Suzano (SUZB5, R$ 11,08, -2,72%) operam em baixa por conta do desempenho negativo do dólar. Por possuírem suas receitas na moeda norte-americana, essas empresas têm as suas rentabilidades reduzidas quando há desvalorização da divisa dos EUA ante o real.

IBC-Br
Considerado uma prévia do PIB (Produto Interno Bruto), o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) teve uma queda de 0,51% em maio na comparação mensal, ante expectativas de um recuo de 0,2%. Na comparação com maio do ano passado, a queda do IBC-Br foi de 4,92%, bem maior do que os 4,2% esperados pela mediana das projeções dos economistas. O índice constitui-se em um indicador que incorpora a trajetória das variáveis consideradas essenciais para o desempenho de três setores da economia: agropecuária, indústria e serviços. 

Initial Claims e preços ao produtor
Hoje às 9h30 saíram dois indicadores importantes nos Estados Unidos, os pedidos de auxílio-desemprego e o PPI (Índice de Preços ao Produtor, na sigla em inglês). Na semana passada, 254 mil norte-americanos entraram com pedidos de auxílio-desemprego, mesmo número de pessoas pedindo pelo benefício na semana anterior. A expectativa mediana dos economistas era de 265 mil pedidos. Já os preços ao produtor subiram 0,5% em junho, acima da projeção mediana dos economistas, que era de 0,3% e maior também que o avanço registrado em maio, quando a inflação aos produtores cresceu 0,4%.   

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.