Ibovespa tem 2ª maior alta de 2015 com medidas de Dilma e reunião de Levy

Ao mesmo tempo, o dólar zerou ganhos e fechou em queda; a presidente recebeu da OAB um plano de combate à corrupção

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em sua segunda maior alta desde o início do ano nesta terça-feira (17) depois de disparar à tarde com indicações da presidente Dilma Rousseff (PT) e rumores em torno da reunião entre o ministro da Fazenda, Joaquim Levy e o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT). Fonte procurada pelo InfoMoney falou em reforma ministerial do governo Dilma, enquanto gestores falaram em medidas de combate à corrupção, mudanças na economia pela presidente e possíveis novos anúncios de medidas para o ajuste fiscal. 

O benchmark fechou em alta de 2,94%, a 50.285 pontos, a segunda maior alta do ano, perdendo apenas para a de 7 de janeiro, quando a Bolsa subiu 3,05%. Ao mesmo tempo, o dólar comercial, teve queda de 0,42%, a R$ 3,2310, na venda. O volume financeiro total negociado no pregão foi de R$ 7,159 bilhões. 

Apesar da baixa, o câmbio continua depreciado, de modo que o Ibovespa na moeda norte-americana fica mais barato. Assim, o investidor estrangeiro, que tem uma participação de 52% no volume de negociação da Bovespa, passa a exercer pressão compradora. 

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O gestor da AZ Investimentos, Ricardo Zeno disse que a presidente, em suas últimas declarações, se mostrou disposta a lutar contra a corrupção e a mudar a política econômica. “Essa disposição que ela sinalizou foi assimilada de forma positiva pelo mercado”, afirma. 

Já para o gestor da H.H. Picchioni, Paulo Henrique Amantea, todas estas indicações da presidente são positivas, mas já estavam no radar. Para ele, isso não explica a alta tão forte em tão pouco tempo. “Deve ter saído algum rumor de ajuste fiscal no Congresso”, disse. 

Fato mesmo é que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está em uma reunião que começou às 16h30 com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Ainda não se sabe a pauta do encontro, mas diante do cenário tenso na política, começam especulações sobre os ajustes e possíveis novos anúncios por parte do governo.

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Além disso, destaque também para a fala do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que disse não acreditar que as mudanças promovidas pelo governo após a reeleição da presidente Dilma Rousseff representam uma mudança no discurso em relação às promessas feitas durante a campanha eleitoral. Ele também afirmou que o foco do governo no ajuste fiscal foi ajustar impostos e tributos já existentes, e não criar nova carga tributária. “O que o governo fez foi a correção sobre impostos que já existem, não tem imposto novo”, disse.

Uma notícia que mexe também no mercado brasileiro é que a Fitch divulgou que o anúncio sobre rating do Brasil deve vir nas próximas semanas. “Brasil está sob pressão em termos globais, juntamente com a deterioração dos preços das commodities”, disse Tony Stringer, diretor-gerente de soberanos e super nacionais globais da Fitch, em conferência em Hong Kong. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy irá se reunir com a agência de risco amanhã. 

Ações em destaque
Quem puxava a alta do índice eram as ações da Vale (VALE3, R$ 19,88, +5,19%VALE5, R$ 17,19, +4,63%) e de siderúrgicas, que mantinham o movimento de ontem, quando subiram graças a expectativas de estímulos na China. CSN (CSNA3, R$ 5,81, +3,94%), Gerdau (GGBR4, R$ 11,12, +4,32%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 11,93, +4,37%), Usiminas (USIM5, R$ 5,10, +4,29%), viam valorização. O analista da WinTrade, Bruno Gonçalves, diz que dados como a compra de aços planos pela Inda ficaram abaixo do guidance projetado, porém, a desvalorização cambial tende a reduzir as importações e sustentar os preços. Além disso, especulação de novos estímulos na China colaboram para a alta.

Também na ponta positiva, os papéis de exportadoras como Fibria (FIBR3, R$ 41,52, +3,16%) e Suzano (SUZB5, R$ 14,10, +1,95%) registravam alta beneficiadas pelo dólar, que sobe novamente hoje. Com receita na moeda norte-americana e despesas em reais, estas empresas ganham mais dinheiro quando o câmbio está depreciado. 

As ações da Petrobras (PETR3, R$ 8,71, +5,58%PETR4, R$ 8,89, +5,08%), ganharam força, impulsionando o índice, deixando para trás a notícia de que a companhia deixará o Dow Jones Sustainability Index World (DJSI World), do qual fazia parte desde 2006. De acordo com o comunicado, a decisão do comitê foi baseada nas denúncias de corrupção investigadas no âmbito da Operação Lava Jato. O comitê informou que irá monitorar a evolução das investigações e o posicionamento da Petrobras ao longo deste ano, podendo reconsiderar a participação da Companhia a partir de 2016.

A fiscalização maior na Petrobras levou o preço dos CDS (Credit Default Swap) da companhia para níveis históricos de alta, segundo a análise da Fitch Solutions. Quanto maior o CDS (uma espécie de seguro contra calote da empresa) pago, maior o risco da companhia quebrar: e o CDS da estatal avançou 24% na última semana. A liquidez dos CDS também aumentou.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 10,75 +7,93 +9,14
 PETR3 PETROBRAS ON 8,71 +5,58 -9,18
 VALE3 VALE ON 19,88 +5,19 -9,27
 PETR4 PETROBRAS PN 8,89 +5,08 -11,28
 BBAS3 BRASIL ON 22,45 +5,05 -4,85

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 PDGR3 PDG REALT ON 0,38 -5,00 -55,81
 LIGT3 LIGHT S/A ON 13,49 -1,39 -20,74
 OIBR4 OI PN 6,47 -1,37 -24,85
 HGTX3 CIA HERING ON 16,67 -0,77 -17,68
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 9,15 -0,22 +2,01

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 34,80 +2,87 602,71M
 PETR4 PETROBRAS PN 8,89 +5,08 541,81M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 10,75 +7,93 377,84M
 VALE5 VALE PNA 17,19 +4,63 370,80M
 BBDC4 BRADESCO PN 35,50 +3,92 363,94M
 CIEL3 CIELO ON EDJ 45,55 +2,02 258,92M
 PETR3 PETROBRAS ON 8,71 +5,58 204,40M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,22 +1,05 194,93M
 PCAR4 P.ACUCAR-CBD PN 95,44 +1,42 192,52M
 ITSA4 ITAUSA PN 9,74 +2,42 173,90M

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Cenário externo
As ações asiáticas subiram nesta terça-feira (17) seguindo a direção de Wall Street, com especulações de que dados mais fracos da economia norte-americana façam com que o Federal Reserve demore mais antes de elevar os juros para lá. A utilização da capacidade industrial ficou em 78,9%, ante 79,5% esperado, enquanto a produção manufatureira no estado de Nova York ficou em 6,9 pontos ante 9 previstos. 

As ações chinesas fecharam em alta de 1,58 por cento, ampliando ganhos por esperanças de que o governo chinês afrouxe a política monetária para impulsionar sua economia em desaceleração.

O Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) deve iniciar sua reunião de dois dias sobre política monetária nesta terça-feira, e muitos analistas esperam que o Fed descarte a palavra “paciente” de seu comunicado formal sobre o momento da primeira elevação da taxa de juro desde 2006. Economistas consultados pela Reuters estavam praticamente divididos entre a possibilidade de um aumento do juro ocorrer em junho ou mais tarde neste ano.

No entanto, dados negativos sobre o setor industrial, a produção industrial e moradias nos EUA na segunda-feira ofereceram um motivo para que o Fed adote uma postura cautelosa sobre a política monetária.

“Esperamos que o Fed descarte a palavra ‘paciente’ mas ao mesmo tempo diga que a política monetária vai depender de dados econômicos para manter sua mão livre para que possa elevar o juro quando quiser, seja em junho ou setembro”, disse o chefe de estrategia de macroeconomia do HSBC Securities em Tóquio, Shuji Shirota.

Durante a manhã saíram os dados do número de casas que começaram a ser construídas nos Estados Unidos, registrando uma queda de 17%, para 897 mil, e o de autorizações para a construção de novos imóveis nos EUA, que ficou um pouco acima das expectativas, em 1,092 milhões em fevereiro. 

Na outra ponta, índices europeus tiveram queda e índices norte-americanos operam na ponta negativa. 

(Com Reuters)

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