Ibovespa sobe forte com expectativa por estímulos nos EUA e apostas de Fed mais “dovish”; dólar volta a cair

Mercado registra ganhos com os investidores atentos ao noticiário macroeconômico internacional

Ricardo Bomfim

Home brokers com gráficos de ações (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa acelera ganhos nesta segunda-feira (27) com os investidores somando à expectativa pelo novo pacote de estímulos econômicos contra o coronavírus discutido no Congresso dos Estados Unidos as apostas de que o Federal Reserve reforçará uma postura mais “dovish” (favorável a uma política monetária estimulativa) na reunião que começa amanhã.

Com o aumento no número de casos de coronavírus nos EUA, cada vez mais surgem analistas dispostos a defender que a postura do Fed terá que ser de mais relaxamento monetário para combater os impactos econômicos deletérios das medidas de isolamento social.

Na véspera, o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, disse que os Republicanos terminaram o texto de uma lei para US$ 1 trilhão em fundos para aliviar os impactos da pandemia.

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Também no exterior, o temor de uma segunda onda de contágio fez com que o Reino Unido colocasse em quarentena os viajantes que retornam da Espanha, país onde há crescimento no número de casos. Decisão pressionou as ações do setor de turismo.

No Brasil, o Ministério da Economia e os estados se debruçam sobre propostas que possam viabilizar uma reforma tributária mais ampla. Para isso, é esperada a criação de um fundo que possa compensar estados por eventuais perdas na arrecadação do ICMS.

Às 12h32 (horário de Brasília) o Ibovespa sobe 1,74% a 104.159 pontos.

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Enquanto isso, o dólar comercial tem queda de 0,65% a R$ 5,1728 na compra e a R$ 5,1733 na venda. Já o dólar futuro para agosto cai 1,34% a R$ 5,164.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe um ponto-base a 2,78%, o DI para janeiro de 2023 tem alta de um ponto-base a 3,81% e o DI para janeiro de 2025 avança um ponto-base a 5,40%.

Entre os indicadores nacionais, a mediana das projeções dos economistas para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020 cresceu levemente, conforme mostrou o Relatório Focus do Banco Central. De uma retração de 5,95% na semana passada, as previsões passaram a uma queda de 5,77% agora. Para 2021, a expectativa se manteve em avanço de 3,5%.

Já em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) as projeções caíram de 1,72% para 1,67% em 2020, mas se mantiveram em 3% para 2021.

Para o dólar, as expectativas continuaram em R$ 5,20 para o final de 2020 e em R$ 5,00 para o fim de 2021.

As estimativas para a taxa básica de juros brasileira, a Selic, por sua vez, seguem em 2,00% ao ano em 2020 e em 3,00% ao ano em 2021.

Reforma tributária

O Ministério da Economia e governadores discutem a criação de dois fundos com recursos para incentivar que os estados aceitem alterar as regras do ICMS. Esse acordo poderia viabilizar uma reforma tributária mais ampla, segundo reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”.

Na proposta da equipe econômica, esse fundo poderia ser composto por recursos de royalties de petróleo. Já os estados não querem ficar reféns da volatilidade do setor de petróleo e preferem que a fonte de recursos seja uma parcela da unificação dos impostos.

Em uma reforma tributária ampla, PIS, Cofins, IPI, ICMS (estadual) e ISS (municipal) seriam unificados em um único tributo, a ser repartido entre União, estados e municípios. Cada um com uma parte da alíquota a ser definida.

Taxa de desemprego

O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, espera um repique significativo na taxa de desemprego a partir de setembro, segundo entrevista concedida ao jornal “Folha de S.Paulo”.

A avaliação do secretário é que a metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não consegue captar a situação do mercado de trabalho no momento, porque as pessoas perdem o emprego, mas não buscam uma nova vaga por causa das restrições do isolamento.

Dados da Pnad Contínua mostram que a taxa de desemprego no país ficou em 12,9% no trimestre encerrado em maio, contra 12,3% no mesmo período de 2019.

Ainda no radar, diretor de programas da Secretaria Especial de Fazenda da pasta, Caio Megale já comunicou que irá deixar o cargo na próxima sexta-feira (31) e deve retornar ao setor privado. Veja mais clicando aqui. 

Radar corporativo

Após a renúncia de Rubem Novaes na sexta-feira à noite, cresce a expectativa em relação ao nome de quem irá assumir o Banco do Brasil. O atual presidente fica no cargo até o próximo dia 6.

O novo executivo terá que enfrentar discussões sobre a venda de ativos do banco e a estratégia digital, segundo reportagem do jornal “Valor Econômico”.

Entre os cotados para o cargo está Hélio Magalhães, presidente do conselho de administração e que já dirigiu o Citi no Brasil.

O anúncio da saída de Novaes pegou a cúpula e os funcionários do banco de surpresa. O executivo teria alegado cansaço e a percepção de que é preciso passar o bastão para alguém mais ligado às inovações tecnológicas.

E sobre a venda das ações que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) possui na AES Tietê, a expectativa é que o banco de fomento sinalize preferência pela proposta da AES Corp, segundo reportagem do jornal “Valor Econômico”. A outra empresa na disputa é a brasileira Eneva.

A AES apresentou oferta por 18,5% da Tietê, do total de 28,41% detido pelo banco de fomento. Essa fatia equivale a R$ 1,27 bilhão que seriam pagos em dinheiro e, por isso, agradado ao BNDES. Já segundo o jornal O Globo, o banco de fomento já teria decidido vender as ações para a AES.

Ainda entre as aquisições, o BTG fez uma proposta pela área de fibra ótica da Oi, que vale R$ 25,5 bilhões. A proposta do BTG prevê a compra de 25% do capital total e 51% do capital votante da unidade produtiva isolada (UPI) InfraCo, cuja infraestrutura tem cerca de 400 mil quilômetros de fibra, segundo o Valor Econômico.

E na temporada de balanços, a farmacêutica Hypera registrou lucro líquido de R$ 396,4 milhões no segundo trimestre, uma alta de 17,6% na comparação com igual período do ano passado.

A receita líquida ficou em R$ 1,05 bilhão no período, uma alta de 7,9% no comparativo anual.

A companhia divulgou ainda as estimativas de desempenho para 2020, baseada nos impactos da epidemia de Covid-19, variações cambiais, maior endividamento e incorporação de resultados da aquisição recente da família de medicamentos Buscopan a seu portfólio. Com isso, a receita líquida no ano chegaria a R$ 4 bilhões, ante R$ 3,3 bilhões em 2019. Já o lucro líquido seria de R$ 1,3 bilhão, uma alta de 9%.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.