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O Ibovespa tende a reagir bem quando o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) inicia um ciclo de cortes de juros. Nos últimos 40 anos, em cenários de pouso suave da economia americana, o índice brasileiro valorizou em média 11% a cada redução de 100 pontos-base, segundo estudo do Bank of America (BofA).
Historicamente, os ganhos começam até mesmo antes da primeira queda. Três meses antes dos cortes, o Ibovespa sobe, em média, 8%. Neste ano, o índice avançou quase 4% nos últimos três meses e acumula alta de 13% em seis meses, negociado a 142.348,70 pontos nesta quarta-feira (10).
De acordo com analistas da instituição financeira, porém, o bom desempenho das ações locais também depende de fatores domésticos.
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Na início de afrouxamento monetário de 1984, por exemplo, que foi seguido de 350 pontos-base de corte, o índice brasileiro subiu 20% em meio às expectativas de um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em seguida, no entanto, o país enfrentou um período turbulento, com o movimento social das “Diretas Já” pedindo o fim do regime militar.
Em 1995, com 75 pontos-base de corte, o Ibovespa subiu 18%. Naquele período, “o Brasil vivenciou uma recuperação econômica após o sucesso do Plano Real“, segundo o BofA. No corte de julho de 2019, seguido de 225 recuos, a alta foi de 7%, puxadas por taxas mais baixas e às políticas pró-mercado.
Nem sempre, porém, a maré é favorável. Em 2024, após um corte de 100 pontos-base, o cenário de inflação fora de controle e real desvalorizado anulou o efeito externo, e o Ibovespa caiu 10% três meses depois, segundo a instituição financeira.
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| Data | Número de cortes | Perfomance |
| 02/08/1984 | -350 | 20% |
| 06/07/1995 | -75 | 18% |
| 31/07/2019 | -225 | 7% |
| 18/09/2024 | -100 | -1% |
| Média | 11% |
Expectativa para agora?
A ferramenta FedWatch, que mede as expectativas do mercado sobre os juros nos EUA, mostra que 92% dos agentes de mercado apostam em um corte de 25 pontos-base na reunião do Fed da próxima semana, para a faixa de 4,00% a 4,25% ao ano. O BoFa espera um total de 125 pontos-base de cortes do Fed até o final de 2026.
Assim como nos ciclos anteriores, segundo a instituição financeira, os fatores domésticos são decisivos para o desempenho dos papéis locais e outros países da América Latina. “Acreditamos que as taxas de longo prazo podem permanecer elevadas devido a questões fiscais (principalmente no Brasil)”.
Em relatório publicado no início desta semana, o banco disse que a queda de juros nos EUA pode apoiar o início de tesouradas da Selic no Brasil, que pode chegar a 11,25% em 2026. No país, a expectativa de parte do mercado é que o Banco Central comece o ciclo de redução da taxa básica no início do próximo ano.
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Nas últimas duas décadas, o Ibovespa reagiu bem às quedas da taxa Selic, com altas que chegaram a 74% em alguns ciclos – e setores como construção civil estão entre os principais beneficiados.