Ibovespa sobe mais de 1% puxado por Petrobras e bancos; dólar e DIs desabam

Mercado vai em direção contrária à do câmbio e caminha para melhor fechamento do ano

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa sobe nesta sexta-feira (29), com a forte alta de Petrobras se conjugando à recuperação dos bancos, que têm forte correção depois de caírem ontem por conta da “tempestade perfeita” que atingiu o Bradesco. Esse desempenho ofusca a decepção com os resultados fracos de grandes empresas como a Ambev, que frustrou o mercado com lucro de R$ 2,19 bilhões no segundo trimestre, uma queda de 22% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Lá fora, as bolsas apresentam um desempenho errático após o PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA vir abaixo do esperado no segundo trimestre, o que reduz a chance de aumento de juros este ano. Ainda no radar, o banco central japonês decepcionou ao adotar menos medidas de flexibilização monetária do que o esperado. 

Às 16h29 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira tinha alta de 1,24%, a 57.426 pontos. Já o dólar comercial recua 1,65%, a R$ 3,2422 na venda, enquanto o dólar futuro tem queda de 1,55% a R$ 3,239. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2018 cai 7 pontos-base a 12,83%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 recua 9 pontos-base a 11,98%.

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Ainda no radar, o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-senador, Delcídio do Amaral e mais 5 pessoas se tornaram réus na Operação Lava Jato. É a primeira vez em que o líder petista torna-se réu pela operação. A denúncia foi feita ao Supremo Tribunal Federal no começo do ano, mas foi remetido para a Justiça Federal de Brasília por determinação do ministro relator da Lava Jato na corte, Teori Zavascki, após Delcídio ser cassado e perder o foto privilegiado. O procurador da República no Distrito Federal Ivan Cláudio Marx fez acréscimos à peça inicial para ampliar a descrição dos fatos e as provas apresentadas.

Segundo o trader da H. Commcor, Ari Santos, a notícia de que Lula se tornou réu não foi a responsável pela forte alta da Bolsa. Para ele, a correção de bancos e o dado mais fraco do PIB dos EUA puxaram a alta, de modo que a questão política ficou em segundo plano.  

Vale lembrar que hoje é último dia do mês, então tem formação da Ptax, evento que normalmente traz mais volatilidade ao dólar.

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Entre as commodities, o minério de ferro spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao teve queda de 2,19% a US$ 59,37 a tonelada seca. Já o petróleo recua 0,49% a US$ 42,49 o barril do Brent. 

Resultado fiscal e outros indicadores
O resultado consolidado das contas públicas foi um déficit primário de R$ 10,1 bilhões em junho, contra uma expectativa mediana de R$ 15,3 bilhões de déficit. Em 12 meses, o déficit primário já está em 2,51% do PIB, e a relação dívida bruta dividida pelo PIB foi para 68,5% em junho, contra 68,6% em maio. O déficit em termos nominais foi de R$ 32,2 bilhões em junho, abaixo da expectativa dos economistas, que esperavam R$ 33,2 bilhões de déficit nominal.  

Já a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua de junho mostrou um aumento da taxa de desemprego de 11,2% para 11,3% em junho, em linha com a mediana das expectativas do mercado. O Índice de Preços ao Produtor da Indústria de Transformação, por sua vez, subiu 0,52% em junho, uma desaceleração contra o avanço de 0,90% em maio.

Por fim, o (ICI) Índice de Confiança da Indústria, subiu 3,7 pontos em julho, alcançando 87,1 pontos, o maior nível desde novembro de 2014, quando estava em 87,5 pontos, informa a FGV (Fundação Getulio Vargas). A confiança subiu mais que o indicado na prévia da sondagem, divulgada na sexta-feira passada, de 3,5 pontos.

Ações em destaque
A Petrobras (PETR3, R$ 14,10, +5,70%; PETR4, R$ 11,90, +4,02%) vê suas ações dispararem nesta sessão a despeito da queda do petróleo; o brent é negociado em queda de 0,89%, a US$ 42,32 o barril. A alta ocorre em meio às notícias de venda de ativos.

A estatal aprovou ontem a condução de negociações com a empresa Alpek, em caráter de exclusividade por 60 dias, podendo ser estendido por mais 30 dias, para a alienação de sua participação na Companhia Petroquímica de Pernambuco (PetroquímicaSuape) e na Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe).

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 NATU3 NATURA ON 33,55 +11,83
 USIM5 USIMINAS PNA 3,73 +10,03
 BRFS3 BRF SA ON 54,09 +6,06
 PETR3 PETROBRAS ON 14,10 +5,70
 LAME4 LOJAS AMERICPN 19,10 +4,71

Dentro do setor mais pesado no Ibovespa, o financeiro, bancos grandes sobem após caírem forte ontem por causa do resultado negativo do Bradesco e das denúncias contra 10 executivos, inclusive o CEO, Luiz Carlos Trabuco, do mesmo banco no âmbito da Operação ZelotesItaú Unibanco (ITUB4, R$ 33,87, +2,08%), Bradesco (BBDC3, R$ 29,46, +2,79%; BBDC4, R$ 28,44, +3,42%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 21,11, +2,13%) avançam. Juntas, as quatro ações respondem por pouco mais de 20% da participação na carteira teórica do nosso benchmark.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 EMBR3 EMBRAER ON 15,05 -14,20
 FIBR3 FIBRIA ON 19,80 -4,26
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,81 -3,24
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 9,97 -2,83
 CESP6 CESP PNB 13,91 -2,52

Já a Ambev (ABEV3, R$ 18,80, -3,29%) cai após o resultado. A companhia teve queda de 22,4% no lucro líquido do segundo trimestre, a R$ 2,195 bilhões: o resultado foi marcado por queda nas vendas em volume e que trouxe corte na perspectiva de receita da empresa no Brasil neste ano. A empresa destacou que o desemprego crescente deve continuar a pressionar a renda disponível dos consumidores no curto prazo e lançou estratégia focada em produtos com embalagens de vidro retornáveis. A perspectiva para a receita líquida no Brasil este ano foi cortada de crescimento entre “um dígito médio e um dígito alto” para estabilidade, informou a empresa no balanço.

PIB dos EUA
No segundo trimestre de 2016, a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos foi de 1,2%, na comparação anual, de acordo com a primeira prévia divulgada nesta sexta-feira. Já o crescimento no primeiro trimestre foi revisado de 1,1% para 0,8%. O número veio abaixo da mediana das expectativas do mercado, que eram de que o crescimento fosse de 2,5% segundo o consenso da Bloomberg.

Outros indicadores dos EUA
Às 10h45 saiu o PMI (Índice Gerente de Compras) de Chicago, que teve uma queda menor que a esperada para 55,8 pontos em julho, contra expectiva de recuo de 52,5 pontos e ante os 56,8 pontos registrados em junho. Também saiu a leitura final da confiança do consumidor de Michigan, que caiu para 90 pontos, contra os 90,8 pontos esperados. 

Defesa de Dilma
Na agenda política, a defesa da presidente afastada Dilma Rousseff entregou na noite de ontem na Comissão Processante do Impeachment no Senado, os documentos com as alegações finais do processo. A peça, com cerca de 500 páginas, foi entregue pelo ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, um dos advogados da defesa de Dilma.

Delações da Odebrecht
Nos jornais de hoje, destaque para a matéria do jornal O Globo falando sobre as delações premiada dos executivos da empreiteira Odebrecht, as “mais explosivas” da Lava Jato: a expectativa é de que eles delatem mais de cem políticos, dentre eles pelo menos dez governadores e ex-governadores. 

Cenário externo
O dia é de decepção para boa parte dos mercados mundiais que, ainda assim, têm um dia misto, variando entre leves perdas e ganhos. O motivo da decepção foi o Bank of Japan, que anunciou estímulos aquém do esperado, o que impulsiona iene e gera alta nos rendimentos dos títulos japoneses, acompanhada pelos rendimentos dos Treasuries. O BoJ expandiu o estímulo monetário nesta sexta-feira através de um aumento nas compras de fundos de índices (ETFs), mas manteve a meta da base monetária em 80 trilhões de ienes (US$ 775 bilhões), assim como o ritmo de compras de ativos, incluindo títulos do governo japonês. Também manteve a taxa de juros de 0,1% que cobra de uma porção de reservas em excesso que as instituições financeiras deixam no banco central.