Ibovespa ameniza alta com exterior e divulgação de depoimento de Moro; dólar encosta em R$ 5,60

Índice ameniza os ganhos faltando menos de uma hora de pregão e perde o nível dos 80 mil pontos

Rodrigo Tolotti

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa ameniza os ganhos na reta final do pregão desta terça-feira (5) junto com a perda de força das bolsas americanas e com a divulgação do depoimento do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, prestado no último sábado.

De acordo com o documento, ele afirmou à Polícia Federal que o presidente Jair Bolsonaro pediu em fevereiro, por mensagem de celular, para indicar um novo superintendente para a PF no Rio de Janeiro.

“A mensagem tinha, mais ou menos o seguinte teor: ‘Moro você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro'”, disse o ex-ministro de acordo com informações obtidas pela CNN Brasil e TV Globo.

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Apesar do teor das acusações, Moro não afirmou que Bolsonaro teria cometido crime, dizendo que esta decisão cabe aos investigadores.

Às 16h50, o benchmark da bolsa registrava alta de 1,26%, aos 79.866 pontos, após chegar a subir mais de 2% durante boa parte do dia e zerar os ganhos logo após a notícia do depoimento de Moro.

Enquanto isso, o dólar comercial acelera a alta para 1,32%, cotado a R$ 5,5945 na compra e R$ 5,5955 na venda. O dólar futuro para junho sobe 0,93%, para R$ 5,607.

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Já no mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 cai 14 pontos-base em 3,53%, enquanto o DI para janeiro de 2023 tem queda de 19 pontos, para 4,72%. O contrato para janeiro de 2025 recua 14 pontos-base a 6,49%.

A queda dos DIs ocorre também após o IBGE divulgar a produção industrial brasileira, com uma forte queda de 9,1% em março. Foi o pior resultado para meses de março da série histórica da pesquisa, iniciada em 2002, além de ser a pior queda desde maio de 2018.

Além disso, a aprovação na Câmara da PEC do orçamento de Guerra em primeiro turno, reduzindo as restrições para que o Banco Central faça compras de títulos, também favorece o recuo dos juros futuros um dia antes da decisão do Copom.

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Os preços do petróleo estão em alta hoje. O barril do petróleo americano WTI avança 17%, para cerca de US$ 24, enquanto o barril do Brent tinha incremento menor, de 11%, para US$ 30. A expectativa é de que a retomada da economia nos países da Ásia e da Europa aumente a demanda pela commodity.

A percepção de que a economia mundial deve melhorar foi alimentada, ontem, por relatórios dos bancos americanos Goldman Sachs e Morgan Stanley. Os sinais são de que a recuperação no 2º trimestre, contudo, ocorre na Ásia; apenas a partir do 3º trimestre deverá se espalhar para a Europa e os Estados Unidos.

Agenda econômica

Na agenda econômica, os preços na cidade de São Paulo tiveram deflação de -0,30% na última quadrissemana de abril, informou na manhã de hoje a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), ante estimativa de deflação de 0,15%.

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Enquanto isso, a produção industrial brasileira desabou 9,1% em março, na comparação com fevereiro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Foi o pior resultado para meses de março da série histórica da pesquisa, iniciada em 2002., além de ser a pior queda desde maio de 2018, quando caiu 11% por conta da greve dos caminhoneiros.

Na comparação com março do ano passado, a queda foi de 3,8%, quinto resultado negativo seguido nessa comparação. Com o tombo de março, a produção industrial passou a acumular no ano uma retração de 1,7%.

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Além disso, também tem início a reunião de política monetária do Copom, que será encerrada amanhã, com expectativa do consenso de mercado de corte de 0,5 ponto percentual, a 3,25% ao ano.

PEC do Orçamento de Guerra

A Câmara dos Deputados aprovou nesta segunda-feira (4), em primeiro turno, o substitutivo do Senado da Proposta de Emenda à Constituição 10/20, chamada PEC do Orçamento de Guerra. Os parlamentares rejeitaram os destaques ao texto-base e o segundo turno deve ocorrer nesta terça-feira (5).

A PEC cria um regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para o enfrentamento pandemia do novo coronavírus no país e foi aprovada pela Câmara no início de abril. No entanto, após modificações do texto no Senado , a proposta retornou para nova análise dos deputados.

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A medida flexibiliza travas fiscais e orçamentárias para dar mais agilidade à execução de despesas com pessoal, obras, serviços e compras do Poder Executivo e vai vigorar até o dia 31 de dezembro deste ano – mesmo prazo para o estado de calamidade pública causado pela pandemia.

Embora o Senado tenha incluído na PEC dispositivo que condicionava o recebimento de benefícios creditícios, financeiros e tributários ao compromisso das empresas de manterem empregos, o texto aprovado excluiu esse ponto. Segundo o site da Câmara, o texto aprovado ontem retirou da PEC a lista dos tipos de títulos que poderiam ser comprados pelo BC em termos de classificação de risco. Se a Câmara mantiver texto, PEC irá à promulgação; se texto for novamente alterado, terá de ser reenviado ao Senado.

Política

A defesa do ex-ministro Sérgio Moro, da Justiça e Segurança Pública, pediu Celso de Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que libere a íntegra do depoimento de mais de oito horas que o ex-juiz prestou na Superintendência da Polícia Federal, no último sábado.

“Considerando que a imprensa, no exercício do seu legítimo e democrático papel de informar a sociedade, vem divulgando trechos isolados do depoimento prestado pelo requerente em data de 02 de maio de 2020, esta defesa, com intuito de evitar interpretações dissociadas de todo o contexto das declarações e garantindo o direito constitucional de informação integral dos fatos relevantes – todos eles de interesse público – objeto do presente Inquérito, não se opõe à publicidade dos atos praticados nestes autos, inclusive no tocante ao teor integral do depoimento prestado pelo requerente”, afirma a defesa.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma cópia de um vídeo de uma reunião que ocorreu no Palácio do Planalto em abril, na qual o presidente Jair Bolsonaro teria ameaçado de demissão o então ministro da Justiça, Sergio Moro, se ele não concordasse com mudanças na Polícia Federal. Aras também quer tomar depoimento de três ministros que teriam participado da reunião e escutado as ameaças: os generais Augusto Heleno, Braga Netto e Luiz Eduardo Ramos.

Noticiário corporativo

A temporada de resultados segue em destaque: o lucro líquido recorrente do Itaú Unibanco chegou aos R$ 3,912 bilhões no primeiro trimestre deste ano, uma queda de 43,1% sobre os R$ 6,877 bilhões registrados um ano antes. No trimestre anterior, a cifra havia sido de R$ 7,296 bilhões, ou seja, a queda foi ainda maior na comparação trimestral, de 46,4%. O banco suspende guidance de 2020 diante da pandemia.

Já a Justiça determinou que as operações da JBS de Passo Fundo em 7 de maio podem ser retomadas depois que documentos e evidências apresentados pela cia. demonstraram que foram adotadas medidas rígidas para proteger a saúde dos trabalhadores, destacou a companhia em comunicado.

Ainda em destaque, a Coluna do Broad, do Estadão, informa que a Telefônica (dona da marca Vivo) e a TIM planejam colocar na mesa uma proposta de compra das redes móveis da Oi daqui dois a três meses, aproximadamente, disseram fontes envolvidas nas negociações. As companhias têm trabalhado durante a quarentena nas diligências para análise dos ativos.

No radar da Petrobras, a estatal ampliou o deadline a interessados na Gaspetro até 15 de maio e iniciou a fase vinculante de venda Mangue Seco 1 e 2. No radar da Embraer, as sinalizações da equipe econômica são de que a empresa permaneça como privada. A companhia considera acesso a fontes adicionais de financiamento. Por fim, o IRB adiou a divulgação de dados do primeiro trimestre de 2020 para 18 de junho.

(com Bloomberg, Agência Brasil e Agência Estado)

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.