Ibovespa sobe mais de 1% com disparada da Petrobras, mas não evita queda de 2% na semana

Commodity faz perto de 12% de alta em meio a notícias cada vez mais fortes de acordo para corte de produção pela Opep

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa subiu 1,25% nesta sexta-feira (12) puxado pela disparada das ações da Petrobras, que por sua vez acompanhou a recuperação do petróleo. Apesar deste movimento, o índice não evitou terminar a semana com perdas de 1,93%, aos 39.808 pontos, seguindo os dias de “sell off” no mundo todo durante o feriado de carnaval.

Enquanto a Bovespa ficou fechada na segunda e na terça, os mercados globais caíram forte com os medos sobre a China e dos bancos europeus. Na quarta-feira, com um pregão reduzido, o Ibovespa caiu forte seguindo o que os ADRs das companhias brasileiras já haviam indicado nos dias anteriores. Para piorar, o petróleo voltou a afundar, atingindo os US$ 26 o barril.

Ainda no fim do pregão de quinta, porém, os mercado iniciaram uma reação com a notícia de que a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) pode cortar a produção do petróleo, o que não evitou uma queda de 2,6% da Bovespa, mas já indicava o que ocorreria nesta sexta. A notícia levou o petróleo a disparar 11% no pregão de hoje, ajudando a Petrobras a subir 8%.

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Além disso, o resultado melhor que o previsto do Commerzbank trouxe otimismo diante de todo o temor com a situação dos bancos da zona do euro. Por aqui, os investidores repercutem o adiamento do anúncio dos cortes do Orçamento para março. 

O dólar comercial fechou em alta de 0,15% a R$ 3,9895 na venda, enquanto o dólar futuro para março ficou estável a R$ 4,019. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 cai 2 pontos-base a 14,44%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 cai 1 ponto-base a 16,11%. 

Segundo Pablo Spyer, diretor da mesa de trade da Mirae Asset, os investidores brasileiros continuam com medo do que o Federal Reserve pode fazer e da saúde dos bancos europeus, sabidamente expostos às fragilizadas empresas do setor de Óleo e Gás. Uma possibilidade de acordo da Opep, neste contexto, traz um bem-vindo alento. “A Opep está falando que está disposta a diminuir a produção. O que é importante saber é que os detentores de poços de petróleo também são detentores de ações de bancos dos EUA. Então eles se preocupam com a queda do mercado e o custo de penalizar a Rússia tem limite”, afirma, explicando o porquê de ser bastante verossímil um acordo a esta altura de campeonato. 

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Nos Estados Unidos, os índices Dow Jones e S&P 500 registraram altas de 1,48% e 1,42% respectivamente. A correção veio junto com alguns dados positivos que ajudam a desanuviar a preocupação que caiu sobre a situação da atividade econômica estadunidense. As vendas do varejo no país cresceram 0,2% em janeiro, ante expectativas de 0,1% de avanço. O indicador se soma à alta do petróleo para ajudar a manter as bolsas no positivo.

Também em correção estão as taxas de juros dos títulos da maioria dos países considerados como “portos seguros”. O yield do bond de 10 anos dos EUA subiu 3 pontos-base a 1,69% e do título de mesmo vencimento do Japão teve alta de 6 pontos-base a 0,08%. Para Spyer, o caso japonês reflete a projeção de que os estímulos que o país vem fazendo eventualmente façam pressão na inflação, de modo que a terceira maior economia do mundo tenha que subir juros na próxima década. 

Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 6,31, +6,77%; PETR4, R$ 4,45, +5,20%) registraram ganhos acompanhando o petróleo. O barril do WTI (West Texas Intermediate) sobe 11,41% a US$ 29,20, ao mesmo tempo em que o barril do Brent tem ganhos de 8,35% a US$ 33,36.

Além disso, segundo informações do Valor Econômico, a companhia pode obter até US$ 6 bilhões vendendo dutos de gás da TAG. Os canadenses Brookfield e o CPPIB (Canadian Pension Plan Investiment Board) já estão analisando os ativos e também é esperado dinheiro chinês, dado o tamanho dos negócios. Os ativos de gás devem ser os primeiros vendidos.

Destaque ainda para a fala do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga. Ao ser questionado sobre a sua posição em relação ao projeto de lei do senador José Serra (PSBDSP), que propõe rever o papel central da Petrobras na exploração das grandes reservas de petróleo, o ministro afirmou que aceita participar do debate. Porém, ressaltou ser importante considerar os benefícios em adotar o modelo de partilha associados à política de conteúdo nacional e ao papel da estatal como operadora única dos campos do pré-sal.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PETR3 PETROBRAS ON 6,31 +6,77 -26,37 87,22M
 SMLE3 SMILES ON 30,68 +5,83 -11,84 18,91M
 TIMP3 TIM PART S/AON 6,00 +5,63 -12,54 22,21M
 PETR4 PETROBRAS PN 4,45 +5,20 -33,58 282,75M
 BRAP4 BRADESPAR PN 3,58 +4,99 -28,26 5,79M

Também subiram os papéis da Vale (VALE3, R$ 10,25, +3,85%; VALE5, R$ 7,56, +2,02%) apesar do desempenho do minério de ferro. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao caiu 3,54% a US$ 43,65.

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 13,80 -2,34 -26,16 48,34M
 MRVE3 MRV ON 8,89 -2,31 +2,42 12,22M
 HGTX3 CIA HERING ON 12,41 -2,21 -18,41 3,93M
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 11,98 -0,99 -0,50 48,40M
 TBLE3 TRACTEBEL ON 33,68 -0,94 +0,57 28,21M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 CIEL3 CIELO ON 29,25 +4,09 623,91M 204,76M 29.726 
 PETR4 PETROBRAS PN 4,45 +5,20 282,75M 324,02M 52.209 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 24,37 +0,79 245,94M 339,38M 22.525 
 VALE5 VALE PNA 7,55 +1,89 191,72M 218,47M 21.968 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 19,30 +0,31 171,92M 277,15M 18.346 
 ABEV3 AMBEV S/A ON EJ 17,92 +0,39 171,73M 223,96M 17.781 
 BBAS3 BRASIL ON 13,00 -0,46 131,86M 94,74M 14.099 
 BBSE3 BBSEGURIDADEON 23,10 0,00 104,50M 135,42M 15.446 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 10,15 -0,49 92,17M 103,44M 16.937 
 KROT3 KROTON ON 9,52 +4,85 87,78M 71,61M 24.157 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Contingenciamento adiado
O governo adiou para março o anúncio do corte de gastos do Orçamento da União de 2016 para buscar cumprir a meta de 0,5% do superávit primário em relação ao PIB (Produto Interno Bruto). A justificativa oficial é ganhar tempo para criar medidas de ajuste adicional, mas se especula que a meta seja reduzida, realizando um contingenciamento menor que esperado. Entre as propostas em discussão está a introdução de uma banda de flutuação da meta de superávit primário. Se aprovada pelo Congresso, a reforma abre caminho para a redução da meta deste ano.

Por outro lado, os investidores esperam a publicação de decreto que limita gasto do governo até março. Os gastos ficarão limitados a uma fatia do orçamento total previsto para o ano até que governo decida, no próximo mês, o valor a ser contingenciado, segundo uma pessoa da equipe econômica a par das discussões ouvida pela Bloomberg.

Fitch diz que empresas brasileiras vivem pesadelo
Num relatório intitulado “Carnaval, válvula de escape para a tristeza”, a agência de classificação de risco Fitch Rating traça um cenário nebuloso para as empresas brasileiras. Na avaliação da agência, que retirou o grau de investimento do Brasil no fim do ano passado, a continuidade dos riscos econômicos, fiscais e políticos, aliada à recente baixa dos preços das commodities, deve levar o rating (nota) das empresas nacionais ao grau especulativo.

Na carteira brasileira, a Fitch atribuiu perspectiva negativa para 53% das empresas. Apenas 6% têm perspectiva positiva. “A combinação de demanda em queda, aumento do desemprego e inflação, taxas de juros altas, preços de commodities em baixa, volatilidade cambial e aperto no crédito criou um cenário de pesadelo para as empresas brasileiras.” 

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.