Ibovespa sobe puxado por bancos e volta aos 100 mil pontos pela 1ª vez desde setembro

Mercado tenta retomar o patamar histórico apesar das preocupações recentes no âmbito fiscal

Ricardo Bomfim

(Artem Peretiatko/ Getty Images)

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa opera em alta nesta terça-feira (20) e bateu os 100 mil pontos pela primeira vez desde 18 de setembro quando, na máxima, o índice atingiu 100.101 pontos.

Quem puxa o benchmark são as ações de bancos, que refletem a expectativa de recuperação nos resultados do terceiro trimestre e um relatório publicado pelo Credit Suisse no domingo apontando que o cenário está mais benigno para provisões apesar das margens ainda estarem pressionadas.

Itaú (ITUB4) sobe 4%, Bradesco (BBDC3; BBDC4) avança 4,5% e Banco do Brasil (BBAS3) tem alta de 3,5%. Juntas, as ações dos três bancos respondem por 14,5% da composição da carteira teórica do Ibovespa. Para mais destaques de ações, clique aqui.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

A Bolsa também segue o desempenho dos índices internacionais que, após caírem na véspera, voltam a subir diante do otimismo com a possibilidade de um acordo entre republicanos e democratas para um pacote de estímulos nos Estados Unidos.

Hoje é o fim do prazo para o ultimato oferecido pela presidente da Câmara de Representantes dos EUA, Nancy Pelosi. Um porta-voz de Pelosi disse que as diferenças estavam diminuindo nas negociações. A presidente da Câmara e o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, devem fazer nova tentativa de fechar acordo hoje.

Às 12h19 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha alta de 1,34%, aos 99.980 pontos. Na máxima, o principal índice acionário da B3 chegou a bater 100.095 pontos.

Continua depois da publicidade

Enquanto isso, o dólar comercial cai 0,36% a R$ 5,583 na compra e a R$ 5,584 na venda. O dólar futuro com vencimento em novembro registrava queda de 0,62%, a R$ 5,576.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 cai um ponto-base a 3,27%, o DI para janeiro de 2023 recua cinco pontos-base a 4,60%, o DI para janeiro de 2025 tem queda de nove pontos-base a 6,39% e o DI para janeiro de 2027 registra variação negativa de 10 pontos-base a 7,29%.

Hoje na Europa, continuam como motivo de preocupação as notícias alarmantes sobre o novo coronavírus. A Irlanda se prepara para instituir seus níveis mais altos de restrições, enquanto o País de Gales pretende iniciar um lockdown nacional. Pelo lado positivo, empresas importantes listadas em bolsas do continente reportaram bons resultados.

Por aqui, embaixador Robert O’Brien, conselheiro de segurança de Donald Trump chegou no Brasil na segunda-feira com o programa oficial de assinar acordos para combate à corrupção, boas práticas regulatórias e facilitação de comércio.

Em fala a empresários durante videoconferência organizada pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) ele também criticou a China e criticou a empresa Huawei, interessada em entrar no mercado de 5G no Brasil. O combate à companhia faz parte de sua agenda no país.

E a organização suprapartidária CLP (Centro de Liderança Pública) propõe em parceria com o economista do Insper Ricardo Paes de Barros um modelo para viabilizar um programa de transferência de renda de R$ 27 bilhões que substitua o Bolsa Família e o auxílio emergencial, sem furar o teto de gastos.

Vale ressaltar que, na véspera, os ganhos dos ativos brasileiros foram garantidos no dia anterior por falas de autoridades que amenizaram o risco fiscal. Paulo Guedes disse que o Brasil vai continuar fazendo reformas até o fim e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse ser contra a prorrogação do decreto de calamidade e que é preciso encontrar uma solução dentro do teto de gastos.

Conselheiro americano contra Huawei no Brasil

O embaixador Robert O’Brien, conselheiro de segurança de Donald Trump, comanda uma delegação que chegou ao país na segunda-feira (19) com o intuito oficial de participar da aprovação de um novo pacote comercial assinado entre Jair Bolsonaro (sem partido) o presidente americano.

A previsão é que três protocolos sejam assinados, direcionados a: combate à corrupção, boas práticas regulatórias e facilitação de comércio. Na segunda, o representante já assinou um acordo para promover o fluxo bilateral de comércio e investimentos.

Mas O’Brien também deve usar audiências nesta terça feira (20) com Bolsonaro e o ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional para buscar reduzir a influência global da China no Brasil. O objetivo é barrar a empresa Huawei no mercado de 5G, sob o argumento de que ela não ofereceria garantias de segurança e privacidade. Ele já falou contra a Huawei na noite de segunda-feira.

Em videoconferência com empresários realizada na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), O’Brien afirmou que “O Brasil é um país ‘high tech’, como Israel, Cingapura, países com indústria aeroespacial, de defesa, de mineração e tecnologia”, reportou o Valor. E que o governo americano está preocupado “que a China se volte mais e mais para países como o Brasil”.

“Especialmente se vocês tiverem a Huawei na sua rede 5G, haverá ‘backdoors’ e a capacidade de decifrar quase todos os dados que são gerados em qualquer lugar do Brasil, seja pelo governo, na frente de segurança nacional, seja por empresas privadas em suas habilidades de inovar e desenvolver novos produtos, técnicas e práticas”, disse. O termo “backdoor” se refere a formas de acessar sistemas de computadores sem autorização.

Ele disse que é necessário proteger a propriedade intelectual, “especialmente por parte da China”, como forma de “encorajar mais inovação”. “Estamos recomendando fortemente que nossos parceiros, incluindo o Brasil, usem apenas fornecedores confiáveis em sua rede de 5G”.

A comitiva também inclui o vice-representante de Comércio dos Estados Unidos, Michael Namelka; a presidente do Eximbank (Banco de Exportação e Importação), Kimberly Reed; a diretora do banco estatal de fomento DFC (sigla em inglês para U.S. International Development Finance Corporation), Sabrina Teichman.

Programa de renda sem furar teto

O jornal O Estado de S. Paulo destaca um estudo do CLP (Centro de Liderança Pública) em parceria com o economista do Insper Ricardo Paes de Barros, que propõe formas de viabilizar um programa de transferência de renda de R$ 27 bilhões que substitua o Bolsa Família e o auxílio emergencial, sem furar o teto de gastos.

Criado em 2008, o CLP define a si mesmo como uma organização suprapartidária, que busca engajar a sociedade e desenvolver líderes públicos para enfrentar problemas no Brasil e desenvolver um Estado mais eficiente.

Tanto líderes do Congresso quanto o governo têm se apresentado como compromissados com um programa de transferência de renda que vem sendo apelidado de Renda Cidadã. Mas o mercado tende a reagir negativamente caso um programa do tipo estoure o teto de gastos.

A equipe econômica chegou a considerar usar recursos de precatórios -dívidas que o governo precisa pagar após condenações judiciais- e do Fundeb (Fundo de Manutenção do Desenvolvimento da Educação Básica). Mas estasa propostas foram mal recebidas.

O CLP diz acreditar que é possível, no entanto, criar o programa sem estourar o teto de gastos, reestruturando as contas públicas em seis anos.

Em 2020, o CLP propõe reformular programas sociais já existentes, com a fusão do Abono Salarial e do Salário Família e junção do seguro-desemprego com o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). As mudanças ocorreriam sem custos adicionais.

Em 2021, propõe incorporar o seguro defeso, pago a pescadores, ao projeto, acabar com supersalários que ultrapassam o teto do funcionalismo e realizar privatizações.

Até 2026, propõe realizar uma reforma administrativa que afete o topo do funcionalismo público. A proposta inclui um benefício de R$ 90 a jovens de 15 a 17 anos.

Radar corporativo

A CSN pediu na segunda-feira o registro para realizar oferta inicial de ações da CSN Mineração, a ser coordenada por 11 instituições financeiras.

O varejista Grupo Big também pediu registro para realizar sua oferta inicial de ações.

Em meio a informações de que seus controladores pretendiam vender a operação no Brasil, o grupo C&A afirmou que não há nenhum processo neste sentido. E que a C&A continua apoiando suas operações brasileiras.

A produção de minério de ferro da Vale atingiu 88,7 milhões de toneladas no terceiro trimestre de 2020, alta de 2,3% na comparação com o mesmo período do ano anterior. E de 31,2% no segundo trimestre, informou a empresa na segunda-feira (19). A Petrobras divulga relatório de produção e vendas do terceiro trimestre hoje, após o fechamento dos mercados.

Em reportagem publicada nesta segunda-feira, o jornal Valor escreve que união parcial que vem sendo negociada entre brMalls e Ancar Ivanhoe levaria à criação da maior operadora de shoppings do Brasil, com 55 empreendimentos.

(Com Reuters e Bloomberg)

Quer aprender a fazer trades rápidos? Analista disponibiliza treinamento gratuito de scalping por tempo limitado – clique aqui para participar!

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.