Ibovespa sobe 2% após Bolsonaro reforçar apoio a Guedes e ao teto de gastos; dólar zera perdas

Mercado registra ganhos diante da menor possibilidade de saída do ministro da Economia

Ricardo Bomfim

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa opera em expressiva alta nesta terça-feira (18) após o presidente Jair Bolsonaro reforçar seu apoio ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Bolsonaro disse que a saída de Guedes jamais foi cogitada e que a possibilidade do governo furar o teto de gastos é nula. Ontem, o risco fiscal e os rumores sobre a possível saída de Guedes do governo ajudaram a fazer a Bolsa perder os 100 mil pontos e o dólar a bater R$ 5,50.

Também ajuda no otimismo do dia a temporada de resultados, com mais uma surpresa positiva da Magazine Luiza, cujas ações disparam 8%, puxando o desempenho das demais empresas do setor de varejo. Para saber mais destaques de ações, clique aqui.

No exterior, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentou as restrições contra a Huawei, tornando mais difícil para a empresa acessar componentes essenciais como microchips. Trump já havia assinado na última sexta-feira uma ordem executiva para a Bytedance, dona do aplicativo TikTok, vender suas operações no país. No fim de semana, as reuniões entre representantes dos EUA e da China para tratar do acordo comercial foram adiadas devido às tensões entre os dois países por conta de questões ligadas a tecnologias sensíveis.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Entretanto, o dia também é de alta para os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq. Isso porque Wall Street está de olho nos resultados do Walmart, que reportou lucro e receita acima das projeções dos analistas no segundo trimestre, e do Home Depot, que também superou as expectativas em suas demonstrações financeiras.

Às 13h36 (horário de Brasília) o Ibovespa subia 1,99%, aos 101.576 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial vira para leve alta de 0,13% a R$ 5,5011 na compra e a R$ 5,5031 na venda. O dólar futuro para setembro tinha leves perdas de 0,16%, a R$ 5,503.

Continua depois da publicidade

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 opera com perdas de oito pontos-base, a 2,73%, o DI para janeiro de 2023 perde 12 pontos, a 3,91% e o DI para janeiro de 2025 recua 19 pontos-base a 5,74%.

Entre as commodities, o minério de ferro superou os US$ 120 por tonelada, mas o petróleo cai e o barril do Brent opera em desvalorização de 0,35% a US$ 45,21 com correção depois da alta de ontem, calcada na expectativa pela reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+) que ocorre amanhã.

De olho no teto de gastos

No Brasil, o foco continua a ser o noticiário político-econômico. O mercado teme que o presidente Jair Bolsonaro aumente os gastos do governo, degradando ainda mais o cenário fiscal.

Continua depois da publicidade

A crise na pasta da economia é um dos pontos que chama atenção. Ontem, mais um membro do Ministério da Economia deixou o cargo. Foi a vez do subsecretário de Política Macroeconômica, Vladimir Kuhl Teles.

A informação foi publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira (17), com data retroativa de 13 de agosto. Trata-se da oitava baixa no time econômico desde o início do governo Jair Bolsonaro.

A nova baixa na pasta ocorre menos de uma semana após os secretários especiais Salim Mattar (Desestatização, Desinvestimento e Mercados) e Paulo Uebel (Desburocratização, Gestão e Governo Digital) pedirem demissão.

Publicidade

Na imprensa, foi publicado que Bolsonaro já considera demitir Guedes e o principal cotado para substituí-lo seria o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Netto.

Ontem, Guedes disse ter a confiança do presidente e afirmou ter feito alertas sobre a necessidade de cumprir a lei ao avaliar novas despesas públicas.

Depois de reuniões para discutir medidas para liberar recursos do Orçamento, ele disse que é difícil que alguém fique “à vontade” no cargo de ministro da Economia.

Continua depois da publicidade

“Existe muita confiança do presidente em mim e muita confiança minha no presidente”, disse, ao ser perguntado sobre sua situação no posto. “À vontade nesse cargo, eu acho difícil você encontrar alguém que vai estar sempre à vontade, é um cargo difícil”.

Ele não mencionou nomes, mas destacou que é natural haver pressão de ministros para maiores gastos e investimentos públicos. De acordo com Guedes, a equipe econômica está estudando o que poderá ser remanejado de recursos orçamentários para fazer mais investimentos.

Já o presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem à noite, em entrevista à CNN Brasil, que a saída de Paulo Guedes nunca foi cogitada. Bolsonaro também disse que a possibilidade de furar o teto de gastos é zero: “o governo tem prioridade na questão da responsabilidade fiscal e irá procurar recursos, pois há várias alternativas como privatizações e possibilidade de remanejamento de recursos de fundos”.

Publicidade

“As falas reforçam a visão de que Guedes não está de saída imediata, mas não encerram as disputas no governo. Ainda falta resolver como viabilizar os R$ 5 bilhões para agora – o que o próprio Guedes admite ser uma decisão de Bolsonaro – , e como solucionar o aperto do orçamento de 2021. O que moveu as tensões até agora foi a disputa por esses recursos. Enquanto ela não estiver solucionada, as oscilações na relação da dupla também existirão”, destaca a XP Política.

Aprovação em alta

Apesar dos temores do mercado sobre a equipe econômica, a aprovação do presidente está em alta.

Em agosto, ele teve o maior salto em seus níveis de aprovação desde o início de sua gestão e se aproxima da melhor marca do mandato, amparado por um aumento do apoio dos eleitores com renda de até 5 salários mínimos. Foi o que mostrou a nova rodada da pesquisa XP/Ipespe, realizada entre os dias 13 e 15 e divulgada ontem.

De acordo com a pesquisa, 37% dos eleitores consideram a atual gestão como ótima ou boa – o que corresponde a uma alta de 7 pontos percentuais em relação a julho e um salto de 12 pontos em comparação com a pior marca, registrada em maio. Com isso, o presidente repete desempenho de seu terceiro mês de mandato.

Ao mesmo tempo, o governo do presidente prevê cortar o orçamento do Ministério da Saúde para R$ 125,75 bilhões em 2021, em meio à pandemia de covid-19.

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, o valor é menor do que o aprovado para o começo deste ano (R$ 134,7 bilhões) e do que o limite atual de gastos da pasta (R$ 174,84 bilhões, alcançado após liberação de créditos para enfrentar a crise sanitária).

Radar corporativo

No noticiário corporativo, destaque para os resultados do Magazine Luiza, divulgados na noite de ontem. No segundo trimestre, a empresa reverteu um lucro líquido ajustado de R$ 85,2 milhões registrado no segundo trimestre de 2019 em um prejuízo líquido ajustado de R$ 62,2 milhões no mesmo período deste ano.

Apesar do dado aparentemente negativo, o prejuízo ficou abaixo da mediana da estimativa compilada pelo consenso Bloomberg, de R$ 127,8 milhões (com variação nas expectativas entre dado negativo de R$ 122 milhões e R$ 136 milhões).

A receita líquida da companhia, por sua vez, teve alta de 29%, atingindo R$ 5,57 bilhões e também ficando acima do esperado, que era de R$ 5,02 bilhões.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) teve queda de 62% entre abril e junho na comparação anual, enquanto a margem Ebitda (Ebitda/receita líquida) passou de 8,8% para 2,6% na comparação ano a ano.

Já a Petrobras informou o início da oferta de troca de títulos não registrados emitidos em 18 de setembro de 2010 por títulos registrados na Securities and Exchange Commision (SEC, a CVM americana) de sua subsidiária integral Petrobras Global Finance.

Já a fabricante de softwares de gestão Totvs ameaçou nesta segunda-feira ir à Justiça contra os termos da proposta de compra da Linx pela empresa de meio de pagamento StoneCo. A Totvs também tem interesse na empresa de software.

A Stone anunciou na semana passada acordo vinculante para unir sua área de software com a Linx, numa transação em dinheiro e ações que avalia a produtora de programas para varejo em R$ 6,4 bilhões.

Um dos pontos polêmicos da proposta é uma multa em caso de fracasso do negócio. A Stone deve pagar R$ 605 milhões de reais para a Linx, caso o Cade não aprove a transação, mas a Linx teria que pagar a multa se aceitasse uma proposta concorrente. Também está previsto punição se a assembleia da Linx não aprovar o negócio.

“Reafirma, assim, a Totvs, a sua intenção de, se concluída a transação objeto da sua proposta, questionar, pelos meios legais cabíveis, a legalidade do referido ônus e a lesão ao interesse e à soberania dos acionistas da Linx”, disse, em comunicado, a Totvs.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu investigação sobre a transação anunciada, enquanto investidores criticaram os termos da oferta da Stone por oferecer termos diferenciados a executivos da Linx, o que configuraria conflito de interesses.

E em meio a um processo bilionário de recuperação judicial e da venda de ativos, a Oi espera captar R$ 2 bilhões para a expansão de sua rede de fibra ótica, segundo reportagem do jornal “O Estado de São Paulo”.

Essa operação deve ser feita no máximo até o início do ano que vem, segundo a reportagem, que deve ter os ativos da área de fibra ótica como garantia.

A captação só será feita, no entanto, se os credores aprovarem, em assembleia prevista para o dia 8 de setembro, as mudanças propostas pela direção da Oi no plano de recuperação judicial.

Curso gratuito do InfoMoney ensina como lucrar na Bolsa fazendo operações que podem durar poucos minutos ou até segundos: inscreva-se!

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.