Ibovespa sobe com Petrobras e Vale em meio a correção; dólar dispara quase 2%

Impeachment indefinido e perda do apetite por risco no exterior deixam investidores cautelosos na Bovespa

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa disparou de uma queda de mais de 1% para uma forte alta no fim da manhã desta terça-feira (5), se mantendo no positivo durante o resto da sessão. O movimento foi impulsionado, segundo analistas, pelo desempenho do minério de ferro nos mercados futuros da China e das ações da Petrobras depois que o governo não cortou os preços da gasolina ontem. Porém, o noticiário político continuou no radar e agora o mercado fica atento à reunião do PP, que amanhã decide se continua ou deixa a base aliada.

O benchmark da bolsa brasileira teve alta de 0,56%, a 49.053 pontos, com um volume financeiro de R$ 5,669 bilhões. Já o dólar comercial subiu 1,86% a R$ 3,6810 na venda, enquanto o dólar futuro para abril teve alta de 1,26% a R$ 3,695. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 avançou 2 pontos-base a 13,82%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 subiu 6 pontos-base a 14,05%. 

O diretor da mesa de trade da Mirae Asset Wealth Management, Pablo Spyer, diz que os dois principais vetores de alta da Bolsa hoje foram a Petrobras, que é beneficiada pela não confirmação de que a empresa poderia cortar os preços dos combustíveis e a alta do minério de ferro. O contrato futuro de minério com vencimento em maio subiu 4% depois de chegar a cair perto de 2% quando os investidores estavam acordando por aqui. O movimento da commodity, segundo Spyer, é o que explica o desempenho hoje de Vale e siderúrgicas. 

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Temer deixa presidência do PMDB
Também no noticiário político, causou impacto no mercado a informação de que o vice-presidente da República, Michel Temer, se licenciará da presidência do PMDB. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) assumirá a defesa pública do partido, ainda de acordo com a mesma notícia, que cita a assessoria do peemedebista. 

Temer teria dito que Jucá tem “melhores condições” de responder aos “ataques” que a sigla vem sofrendo desde que rompeu com o governo.

Eurasia vê menor chance de impeachment
Em relatório desta terça-feira, a consultoria de risco político Eurasia Group destacou que continua a ver uma chance de 75% da presidente Dilma Rousseff não terminar o mandato. Contudo, o modo como isso ocorrerá está menos certo.

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A probabilidade de impeachment, que estava entre 60% e 70%, foi para 60%, enquanto a consultoria passou a atribuir uma chance de 35% de ocorrerem novas eleições, após a cassação da chapa presidencial pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Esta chance permanece mesmo com o impeachment de Dilma. Já a probabilidade do vice, Michel Temer, encerrar o mandato iniciado por Dilma é de 40%.

Segundo os analistas da consultoria, os eventos das últimas duas semanas só reforçam a percepção de que é improvável que Dilma encerre seu mandato. Porém, a diminuição da chance de impeachment ocorre por conta de um possível erro estratégico do PMDB ao antecipar o seu rompimento com o governo. A expectativa da ala pró-impeachment do Congresso é de que houvesse uma debandada de outros partidos para a oposição, mas não foi isso o que ocorreu. O governo conta agora com uma série de ministérios e cargos que pode ser oferecida para outros partidos de centro, caso do PP, PR, PSD e PTN.

STF diz que Cunha deve analisar impeachment de Temer
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Marco Aurélio Mello, decidiu que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deverá analisar o pedido de impeachment de Temer. Conforme noticiou a jornalista Mônica Bergamo, da Folha, o ministro disse que Cunha não poderia ter simplesmente arquivado o pedido, que deveria ter sido alvo de discussão na comissão especial instaurada no parlamento.

O pedido é de autoria do advogado mineiro Mariel Márley Marra, que alega que o peemedebista cometeu crime de responsabilidade por pedaladas fiscais, atentando contra a lei orçamentária ao assinar decretos autorizando a abertura de crédito suplementar sem autorização do Congresso — fundamento similar ao das acusações feitas contra a presidente Dilma Rousseff.

Governo negocia cargos para barrar impeachment
Em relatório, a XP Investimentos diz que a nova estratégia do governo é concluir as negociações de cargos para depois da votação, garantindo que não ocorra nenhuma traição. O Planalto negocia com PSD, PP e PR pelo menos mais um posto para cada um na Esplanada dos Ministérios, mesmo sabendo que a bancada não votará de forma unânime o impeachment. As pastas em negociação com o PR, segundo a Folha de S. Paulo, seriam Aviação Civil, Agricultura e Ciência e Tecnologia. O PP busca os ministérios da Educação, Saúde ou Minas e Energia. Além de ministérios, PP e PR devem ganhar também o comando e diretorias de bancos públicos e estatais. O PR deve ganhar um vice-presidência do Banco do Brasil. O PP pode ficar com a presidência da Caixa Econômica Federal. Os partidos acreditam que no máximo 60% de seus deputados votariam com o Planalto.

Comissão do impeachment
Hoje, o mercado repercute a defesa apresentada pelo advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, na Comissão do Impeachment. Ontem, ele disse que o pedido de impedimento foi uma retaliação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) aos votos do PT a favor da abertura de processo contra ele no Conselho de Ética. Além disso, Cardozo disse que as chamadas “pedaladas fiscais” não feriram a Lei de Responsabilidade Fiscal e que diversos presidentes já incorreram na mesma prática, citando nominalmente Fernando Henrique Cardoso. O AGU ainda disse que pode-se levar o impeachment à Justiça a qualquer momento. 

Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 9,82, +2,29%; PETR4, R$ 7,83, +3,30%), subiram forte. As ações da companhia seguiram o desempenho do petróleo, zerou perdas após cair forte ontem quando a Arábia Saudita esfriou as apostas em um acordo da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) com a Rússia para congelar a produção da commodity. Os sauditas disseram que o acordo pode não sair se o Irã, que retoma aos poucos seus níveis de produção depois de anos de sanções internacionais, não participar do congelamento. 

Ainda no radar, a estatal informou ontem, em nota, que “não há previsão, neste momento, de reajuste nos preços de comercialização de gasolina e diesel”. A divulgação da nota ocorreu depois de notícias veiculadas no fim de semana sobre um possível anúncio da estatal de reduzir os preços da gasolina e do diesel. No texto, a estatal diz que “avalia permanentemente a competitividade de suas práticas e condições comerciais”.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CSNA3 SID NACIONALON 7,59 +8,58 +89,75 77,38M
 RENT3 LOCALIZA ON EJ 31,35 +4,53 +27,86 41,41M
 QUAL3 QUALICORP ON 15,60 +3,59 +10,40 33,53M
 VALE3 VALE ON 15,29 +3,38 +17,34 81,21M
 PETR4 PETROBRAS PN 7,83 +3,30 +16,87 585,45M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 RUMO3 RUMO LOG ON 3,20 -11,11 -48,72 16,68M
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 11,46 -6,07 -38,68 123,12M
 FIBR3 FIBRIA ON 30,06 -4,02 -42,07 73,13M
 TIMP3 TIM PART S/AON 7,48 -3,61 +9,04 38,10M
 CMIG4 CEMIG PN 7,20 -3,36 +20,58 67,39M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 7,83 +3,30 585,45M 634,29M 50.160 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 30,37 +0,20 405,50M 529,32M 31.534 
 BBAS3 BRASIL ON 18,35 -1,61 256,59M 344,22M 27.688 
 VALE5 VALE PNA 11,68 +3,27 249,71M 412,38M 28.068 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 26,72 +0,56 240,15M 418,28M 24.412 
 ITSA4 ITAUSA PN 7,86 -0,51 165,31M 237,33M 30.299 
 CIEL3 CIELO ON 36,36 +1,34 159,38M 200,07M 15.608 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,79 +1,13 145,99M 313,33M 23.981 
 PETR3 PETROBRAS ON 9,82 +2,29 145,90M 197,95M 28.585 
 BBSE3 BBSEGURIDADEON 28,66 -0,03 140,62M 176,64M 16.903 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

PMIs pelo mundo
Teremos hoje o Purchasing Managers Index de serviços da China, medido pela Caixin/Markit. Os dados de março serão apresentados nesta terça-feira (5), às 22h45. Em fevereiro, o PMI de serviços ficou em 51,2 pontos. Vale lembrar que resultados superiores a 50 pontos indicam aceleração, ao passo que números mais baixo refletem contração. Nesta manhã, destaque para o crescimento empresarial da zona do euro, que melhorou levemente no mês passado em relação à mínima de 13 meses de fevereiro apesar do enfraquecimento do setor de serviços. O PMI Composto final para o bloco, considerado um bom guia para o crescimento, atingiu 53,1 em março, uma melhora mínima em relação ao 53,0 de fevereiro. O resultado ficou acima da marca de 50 que separa crescimento de contração, mas abaixo da leitura preliminar de 53,7.

Lagarde
Nesta terça-feira, a diretora do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde, alertou que os riscos para a recuperação econômica global estão aumentando e urgiu os países a adotar políticas que impulsionem o crescimento. “A boa notícia é que a recuperação continua. Temos crescimento [econômico]. Não estamos numa crise. A pior notícia é que essa recuperação continua demasiado lenta, demasiado frágil e os riscos à sua durabilidade estão aumentando”, disse Lagarde, convidada a discursar na Universidade Goethe, em Frankfurt, na Alemanha.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.