Ibovespa sobe com exterior e espera por efeito da reforma ministerial; dólar cai

Mercado tenta quinta alta consecutiva em meio às expectativas de que o Fed demore mais a subir juros; governo tenta afastar relator das pedaladas no TCU

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa sobe nesta segunda-feira (5) seguindo o desempenho das bolsas internacionais, que registram ganhos com expectativas de que o Federal Reserve leve mais tempo antes de elevar os juros nos Estados Unidos. Por aqui, a presidente Dilma Rousseff empossa novos ministros depois do anúncio da reforma ministerial na sexta, que fez a Bolsa ter sua maior alta diária desde novembro do ano passado. Além disso, o governo pedirá o afastamento do relator do processo das “pedaladas fiscais” no TCU (Tribunal de Contas da União), Augusto Nardes.

Às 12h55 (horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira subia 1,33%, a 47.660 pontos. Já o dólar comercial vira para queda de 1,31% a R$ 3,8939 na venda, ao passo que o dólar futuro para novembro operava em baixa de 1,13%, a R$ 3,930. Já o DI para janeiro de 2017 virava para leve queda de 1 ponto-base a 15,41%, enquanto o DI para janeiro de 2021 tem alta de 5 pbs a 15,24%. 

O cenário político, que deve ser o principal driver macro para a Bolsa nesta semana, tinha como fatores de instabilidade a briga do governo com o TCU e a incerteza sobre a permanência do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Segundo informações do Valor Econômico, a situação de Levy começa a ficar igual à de Aloizio Mercadante, que foi tirado da Casa Civil e realocado na Educação por conta de sua relação conturbada com o ex-presidente Lula e também com o PMDB.

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Dilma e o PT esperam ganhar condições de retomar medidas para o crescimento, num processo que pode levar à saída de Levy. Já Lula defendia as saídas de Levy e Cardozo na reforma que foi anunciada, de acordo com o jornal O Globo. Para Lula, Levy tem “prazo de validade”, que vence quando o governo conseguir aprovar as principais medidas do ajuste fiscal no Congresso. No lugar dele, Lula quer que Henrique Meirelles seja colocado na Fazenda, mas Dilma resiste ao nome do ex-presidente do Banco Central.

Para amanhã, haverá o voto no Congresso dos vetos da presidente Dilma a pautas bomba. A votação mostrará se o PMDB ficou satisfeito com a reforma ministerial e irá, a partir de agora, dar mais apoio às medidas previstas no ajuste fiscal.

O grande elemento de incerteza continua sendo o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que tem sua credibilidade posta em jogo por causa de denúncias relativas à manutenção de quatro contas com US$ 5 milhões na Suíça. Para o Planalto, as acusações contra o presidente da Câmara tiram força do movimento pró-impeachment. Porém, Cunha deve insistir em deflagrar o processo, com objetivo de criar uma cortina de fumaça que o ajude a se defender das denúncias.

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Indicadores
Às 10h foi divulgado o PMI (Índice Gerente de Compras) do Brasil para o setor de Serviços. Segundo o relatório da Markit, 
ao registrar 41,7 pontos em setembro, abaixo do valor de 44,8 pontos divulgado em agosto, o Índice de Atividade de Negócios do setor de serviços, sazonalmente ajustado, foi indicativo de um declínio acentuado no volume de produção, o terceiro mais rápido em seis anos e meio.

Também tinha algum peso por aqui o Relatório Focus, com a mediana das projeções de diversos economistas, casas de análise e instituições financeiras para os principais indicadores macroeconômicos. A previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2015 oscilou de uma retração de 2,8% para uma de 2,85%. Já no caso do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o medidor oficial de inflação utilizado pelo governo, as projeções são de que haja um avanço de 9,53% este ano.

CPMF
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, voltou a dizer nesta segunda-feira, 05, que a CPMF tem mostrado papel importante no processo de ajuste fiscal, assim como foi relevante em 1999, quando a economia brasileira também passou por ajustes. Ele ressaltou que, no entanto, o tributo tem de ser provisório. “A CPMF até agora tem mostrado ter papel importante (no ajuste fiscal), como ela teve no governo Fernando Henrique Cardoso, quando o presidente teve que trazer o Brasil de volta a uma rota de equilíbrio”, afirmou Levy. “Demorou uns ‘mesezinhos’, mas (a CPMF) foi fundamental na arquitetura de reequilíbrio naquela época”, afirmou Levy, após participar de seminário da Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio. 

Destaques da Bolsa
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 9,43, +3,06%; PETR4, R$ 7,88, +1,42%) sobem acompanhando o dia positivo na Bovespa e puxada pelos preços do petróleo no mercado internacional. O petróleo Brent, usado como referência pela estatal, subia 1,45%, a US$ 48,83 o barril.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 OIBR4 OI PN 3,12 +6,12
 CSNA3 SID NACIONAL ON 4,01 +6,08
 USIM5 USIMINAS PNA 3,32 +5,06
 GOAU4 GERDAU MET PN 3,16 +4,98
 QUAL3 QUALICORP ON 16,10 +4,01

A Oi (OIBR4, R$ 3,12, +6,12%) comunicou que vai converter 66,84% de suas ações preferenciais em ordinárias. A companhia estima que em 9 de outubro os papéis preferenciais existentes na carteira de conversão serão convertidos em ordinários nas contas de custódia dos acionistas solicitantes mantidas na BM&FBovespa ou no Banco do Brasil; e a partir de 13 de outubro as ordinárias resultantes da conversão poderão ser negociadas na BM&FBovespa. 

Segundo o Itaú BBA, é mais um acontecimento no plano da Oi para melhorar a governança corporativa. “A conversão de ações transfere liquidez às ações ON, que implica uma melhor governança e traz a Oi para mais perto de atender a regra ‘uma ação, um voto’ exigida pelo Novo Mercado”, disseram os analistas.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 SMLE3 SMILES ON 32,02 -4,56
 RADL3 RAIADROGASIL ON 39,86 -1,90
 BRPR3 BR PROPERT ON 11,17 -1,76
 CIEL3 CIELO ON 38,26 -1,26
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 11,66 -1,02

As ações das exportadoras recuam hoje em meio à queda do dólar frente ao real. Nos destaques negativos, as empresas do setor de papel e celulose Fibria (FIBR3, R$ 54,33, +0,18%) e Suzano (SUZB5, R$ 18,72, -1,06%).  

Cenário externo
O dia é de forte alta para as bolsas mundiais, que sustentam 4º dia de rali no exterior e dólar se enfraquece contra maioria das demais moedas ainda refletindo perspectiva de adiamento da alta dos juros do Federal Reserve após os dados de emprego. As commodities como petróleo e cobre se valorizam.

As bolsas europeias sobem forte, com principais índices ganhando entre 2% e 3%, ainda refletindo dados abaixo do previsto de emprego e pedidos às fábricas, divulgados na sexta. O S&P futuro também sobe.

Os dados compilados pela Bloomberg mostram que mercado precifica mais de 50% de chances de alta da taxa do Fed apenas para março; para próximo FOMC, apostas são de apenas 8%; já Mohamed El-Erian vê 50%-50% de probabilidade em dezembro.

Além disso, dados também mostram crescimento fraco na Europa, apontando para potenciais novos estímulos pelo BCE. Em destaque, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro, que engloba os setores industrial e de serviços, caiu para 53,6 em setembro, de 54,3 em agosto, segundo dados finais publicados hoje pela Markit Economics. O resultado veio abaixo da expectativa de analistas consultados pela Dow Jones Newswires e também da prévia de setembro, que eram de 53,9 em ambos os casos.

No noticiário corporativo, as ações da trader de commodities e mineradora Glencore avançavam nesta segunda-feira com a esperança de investidores de que a empresa esteja levando adiante seus planos de cortar dívida com a venda de uma fatia em ativos de agricultura.

O preço da ação da Glencore caiu mais de 60% neste ano, afetado por um colapso dos preços globais de commodities durante o último ano e pelo nervosismo do mercado sobre a capacidade da mineradora de pagar sua pesada dívida.

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