Ibovespa vira para queda com exterior após Trump frear negociação de estímulos

Mercado passa a cair com uma guinada inesperada na política americana

Ricardo Bomfim

(Pincio/Getty Images)

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SÃO PAULO – O Ibovespa vira para queda nesta terça-feira (6) depois do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, instruir oficiais da Casa Branca a frear as negociações para um pacote trilionário de estímulos contra o coronavírus. Um acordo entre democratas e republicanos parecia próximo até o início desta semana.

Trump defendeu no Twitter que os estímulos só serão aprovados depois que ele for eleito para um segundo mandato.

As bolsas já vinham reduzindo as altas registradas mais cedo quando a decisão de Trump tornou-se um novo foco de frustração. No fim da manhã, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que a recuperação econômica dos EUA está longe de ser concluída e ainda pode cair em uma espiral descendente se o coronavírus não for controlado.

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“Nesta fase inicial, eu argumentaria que os riscos da intervenção da política monetária ainda são assimétricos. Muito pouco apoio levaria a uma recuperação fraca, criando dificuldades desnecessárias para famílias e empresas”, declarou o chairman do Fed.

Na abertura, as bolsas mundo afora subiam porque Trump recebeu alta do hospital. O americano ficou internado por três dias para combater uma infecção por coronavírus. Com a melhora no seu estado de saúde, o cenário para as eleições presidenciais de novembro fica menos incerto.

Às 16h07 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha queda de 0,81%, aos 95.314 pontos.

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Enquanto isso, o dólar comercial opera em leve variação positiva de 0,02% a R$ 5,566 na compra e a R$ 5,567 na venda. O dólar futuro com vencimento em novembro registrava ganhos de 0,48%, a R$ 5,606.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe cinco pontos-base a 3,32%, o DI para janeiro de 2023 avança nove pontos-base a 4,80%, o DI para janeiro de 2025 tem alta de 10 pontos-base a 6,67% e o DI para janeiro de 2027 opera com variação positiva de nove pontos-base a 7,56%.

Ainda no radar, o Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou suas perspectivas econômicas de 2020 para o Brasil, mas alertou que os riscos permanecem “excepcionalmente altos e multifacetados” e que a dívida do governo está a caminho de encerrar o ano em torno de 100% do Produto Interno Bruto (PIB).

Na política, depois de protagonizarem atritos nas últimas semanas, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro da Economia, Paulo Guedes, decidiram fazer as pazes. Ontem, eles jantaram juntos e pediram desculpas mútuas. Os dois defenderam a pacificação e a continuidade da agenda de reformas, de acordo com o Estadão.

Voltando ao noticiário americano, os médicos de Trump disseram ontem que a saúde do presidente continuou a melhorar nas 24 horas anteriores, embora o médico Sean Conley tenha alertado que ele ainda pode não estar totalmente fora de risco. Ao mesmo tempo, o mercado acompanha as negociações do governo dos Estados Unidos sobre um novo pacote de estímulos à economia.

A presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, e o Secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, conversaram ontem durante quase uma hora, mas ainda não chegaram a um acordo. Eles devem ter uma nova conversa hoje sobre o assunto.

Dívida pública

O tema do ajuste fiscal já era uma grande preocupação do mercado, mas ganhou força com os planos do governo para financiar o programa Renda Cidadã com precatórios, planos estes que estão sendo ajustados.

Ontem, o senador Márcio Bittar (MDB-AC), relator do Orçamento de 2021 e da proposta do Pacto Federativo, afirmou que qualquer solução para criar o Renda Cidadã vai respeitar o teto de gastos e ter a chancela do titular da equipe econômica. Segundo a Folha de S.Paulo, o diálogo está “entrando nos eixos”, e uma nova proposta deve ser apresentada até amanhã (7).

A deterioração da confiança dos investidores pode ser percebida com o aumento dos gastos do governo com a dívida pública.

Segundo a Folha, o prazo médio prazo médio dos títulos da dívida pública brasileira emitidos desde janeiro de 2020 caiu à metade, de 4,7 anos para 2,4 anos. Com isso, em apenas um ano os vencimentos em doze meses praticamente dobraram, de R$ 553 bilhões para R$ 1,02 trilhão, atingindo quase 25% da dívida total.

Os juros exigidos pelo mercado para refinanciar o governo também aceleraram, sobretudo nas últimas semanas e dias, mesmo para os papéis com vencimento mais curto. Mesmo com a Selic a 2% ao ano, o Tesouro Nacional vem sendo obrigado a pagar mais que o dobro disso para vender títulos na praça com vencimento daqui a dois anos.

Guedes e Maia

Em reunião na noite da última segunda-feira, Maia disse que haverá união para dar andamento à agenda econômica no Congresso, enquanto Guedes voltou a defender a aprovação de um programa de renda básica para 2021 e uma medida de desoneração da folha salarial para gerar “empregos em massa”. Ele também reiterou compromissos com o envio de outra etapa da reforma tributária.

Ontem, o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO) disse que o veto à desoneração da folha salarial para 2021 será derrubado pelos parlamentares.

Com isso, o benefício seria garantido para 17 setores da economia por mais um ano. No entanto, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), adotou uma manobra para adiar a votação e cancelar a sessão do Congresso Nacional. Segundo o Estadão, Alcolumbre vai se reunir hoje com líderes partidários para definir a data da sessão do Congresso.

Além disso, o presidente Jair Bolsonaro reafirmou que vai indicar um nome “terrivelmente evangélico” para a segunda indicação que fizer no Supremo Tribunal Federal (STF), em julho. Ele sugeriu que pode até alçar um pastor à corte.

Outro destaque é a notícia de que foi marcado para a próxima quinta (8), o julgamento de recurso da Advocacia-Geral da União (AGU) sobre o depoimento por escrito do presidente Jair Bolsonaro no inquérito que apura suposta interferência política na Polícia Federal.

Radar corporativo

Em destaque no noticiário corporativo, o Marfrig comprou a Campo del Tesoro, na Argentina por US$ 4,6 milhões, enquanto a BR Malls e a Multiplan investiram R$ 9 milhões e R$ 18,6 milhões, respectivamente, na Delivery Center.

Também chama atenção o dado divulgado ontem à noite pelo Banco Central sobre o primeiro dia do PIX. Até as 18h30, foram feitos 3,5 milhões de cadastros de chaves no sistema brasileiro de pagamentos instantâneos. Pode influenciar as empresas produtoras de carne a notícia de que o Ministério da Agricultura confirmou a ocorrência de um foco de Peste Suína Clássica (PSC) no Piauí, em um criatório de porcos para subsistência.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.