Ibovespa sobe 8% em 3 dias sustentado por Lava Jato e exterior; dólar cai a R$ 3,89

Mercado registra ganhos, estendendo as altas dos dois últimos pregões diante do noticiário político e da perspectiva de estímulos chineses

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta de 1,5% nesta quarta-feira (2) após firmar alta no começo da tarde por conta do noticiário político e da melhora do desempenho das bolsas dos Estados Unidos, que terminaram a sessão com leves ganhos. Pela manhã, o nosso benchmark teve uma forte oscilação, indo várias vezes do positivo para o negativo com os investidores divididos entre uma correção pelas fortes altas recentes e o otimismo após a China ter sua maior alta em quatro meses

O benchmark da Bolsa brasileira teve alta de 1,75%, a 44.893 pontos, puxado principalmente por Petrobras e outras blue chips. No rali que começou na segunda-feira, o Ibovespa já sobe 8%. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 7,772 bilhões. Já o dólar futuro para abril acabou o pregão em baixa de 0,85% a R$ 3,925, enquanto o dólar comercial fechou em queda de 1,36% a R$ 3,8871 na compra e a R$ 3,8877 na venda. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 subiu 2 pontos-base a 14,06%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 recuou 17 pontos-base a 15,26%. 

Hoje, o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, decidiu fazer um acordo de delação premiada e deverá falar sobre os casos do triplex e do sítio supostamente adquiridos por Lula, segundo a Folha. Pinheiro ainda deverá falar que pagou dívidas da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010. 

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Para Cassiano Leme, gestor da Constância Asset, a impressão que fica é que novamente é a política que guia o mercado, o que ficaria claro principalmente pela alta expressiva da Petrobras. “Os emergentes subiram bem nos últimos tempos e Brasil e Rússia foram as estrelas dessa subida. Uma parte importante do que está acontecendo é o cenário internacional, mas essa história do impeachment com certeza é um importante balizador do mercado atualmente”, afirma. Para ele, não há nenhuma melhora nos fundamentos, então excluindo-se a probabilidade de um novo governo assumir o Brasil, não há como sustentar estes ganhos da Bolsa. 

Nos Estados Unidos, os principais índices zeram as perdas e esboçam uma reação após a divulgação dos estoques de petróleo. No Brasil, os investidores esperam ainda pela decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) e por possíveis decisões sobre o processo que pode levar à cassação do mandato do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). 

Cunha no STF
Faltando ainda o voto de 5 ministros, o STF (Supremo Tribunal Federal) já atingiu maioria nesta quarta-feira para aceitar o recebimento parcial de uma denúncia contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelo suposto recebimento de US$ 5 milhões de propina da Petrobras. Dos 11 ministros da Corte, 6 votaram em favor da abertura da ação penal contra o deputado, sendo que o resto votará nesta quinta-feira. O ministro Teori Zavascki, relator do caso, votou para aceitar somente uma parte da denúncia, por entender que a Procuradoria Geral da República não conseguiu provas mínimas de que Cunha e a ex-deputada Solange Almeida, prefeita de Rio Bonita, participaram de irregularidades na celebração dos contratos de navios-sonda da Petrobras em 2006 e 2007.

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ADP nos EUA
A Bolsa chegou a cair 0,36% na mínima do dia, logo após a divulgação do ADP Employment, indicador que compila os dados de emprego do setor privado nos EUA. A criação de vagas foi maior do que a esperada, chegando a 214 mil em fevereiro contra 190 mil esperados. Em janeiro, a criação de vagas ficou em 205 mil. 

Estoques de petróleo
Os estoques de petróleo cresceram 10,374 milhões barris na semana passada, contra expectativas de um aumento de 2,54 milhões segundo a mediana das estimativas compiladas pela Bloomberg. Na semana anterior, os estoques avançaram 3,5 milhões de barris. 

Copom
Para a reunião do Copom, o economista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger, acha que devemos ter especial atenção para o que farão Tony Volpon e Sidnei Corrêa Marques, que na última reunião votaram para elevar a Selic em 0,5 ponto percentual. A ideia é que se até mesmo os membros mais “hawkish” (agressivos) do comitê mudarem de opinião quanto a um aperto monetário, então a chance do Copom cortar juros no fim do ano é maior. “Se o Volpon votar pela manutenção da taxa, podemos ver a curva fechar ainda mais”, afirma Brugger. Atualmente, os contratos futuros de DI já mostram uma redução da Selic até o fim de 2016. 

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Ações em destaque
Em alta estiveram as ações da Vale (VALE3, R$ 14,22, +11,01%; VALE5, R$ 9,99, +8,12%), que seguiram a alta do minério de ferro. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao subiu 2,06% a US$ 52,50 a tonelada seca. 

Segundo o blog de Lauro Jardim, do jornal O Globo, está nas mãos do Credit Suisse a missão de vender os bilionários ativos da área de fertilizantes da Vale. Além disso, o acordo para a recuperação da Bacia do Rio Doce, afetada pelo rompimento da Barragem do Fundão em Mariana (MG), em novembro do ano passado, será assinado hoje (2), às 15h, no Palácio do Planalto em Brasília. O acordo vinha sendo discutido entre o governo federal, os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo, o Ministério Público, a Samarco e suas acionistas Vale e BHP. Mesmo antes da formalização do acordo entre o Poder Público e a mineradora, a organização não governamental (ONG) Justiça Global garantiu ontem (1º) que vai enviar nos próximos dias denúncia à Organização das Nações Unidas (ONU) e à Organização dos Estados Americanos (OEA). A Samarco pagará ao menos R$ 20 bilhões em acordo por desastre, disse a Reuters, citando fonte do Palácio do Planalto.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 VALE3 VALE ON 14,22 +11,01 +9,13
 VALE5 VALE PNA 9,99 +8,12 -2,54
 PETR3 PETROBRAS ON 8,10 +7,00 -5,48
 BRAP4 BRADESPAR PN 4,64 +6,91 -7,01
 PETR4 PETROBRAS PN 5,65 +6,40 -15,67

Já as ações da Petrobras (PETR3, R$ 8,10, +7,00%; PETR4, R$ 5,65, +6,40%) dispararam seguindo o petróleo a possibilidade de cassação da presidente Dilma. O barril do WTI (West Texas Intermediate) avançou 1,08% a US$ 34,77, ao mesmo tempo em que o barril do Brent registrou alta de 0,68% a US$ 37,06. O desempenho dos papéis da estatal também ocorre em meio a rumor sobre corte no plano de investimentos e aumento de risco político no Brasil. Ontem, fontes disseram à Reuters que a empresa vai cortar em 20% seu plano de investimentos 2016-2020 no próximo mês para aproximadamente US$ 80 bilhões. Se for confirmado o corte, esse será o menor programa de investimentos de 5 anos para a companhia desde 2006.

Segundo o BTG Pactual, a notícia é positiva, mas não resolve o problema de alavancagem da companhia (de US$ 125 bilhões). “Podemos dizer que a Petrobras está comprando tempo para tentar reerguer a empresa para o futuro, mas ainda é muito dependente do preço do petróleo”, comentaram os analistas do banco, que seguem cautelosos com o case.

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 FIBR3 FIBRIA ON 39,95 -6,57 -23,01
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 15,44 -5,10 -17,39
 CYRE3 CYRELA REALTON 8,08 -3,69 +7,73
 MRVE3 MRV ON 10,41 -3,07 +19,93
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 21,34 -2,38 -9,00

,Por outro lado, as ações do setor de papel e celulose lideraram as perdas do Ibovespa, em meio à queda do dólar e desvalorização do preço da celulose. Lideraram as perdas do Ibovespa os papéis da Fibria (FIBR3, R$ 39,95, -6,57%) , Suzano (SUZB5, R$ 15,44, -5,10%) e Klabin (KLBN11, R$ 21,34, -2,38%), enquanto o dólar caía, em meio aos desdobramentos da Operação Lava Jato. 

Ontem, o FOEX reportou que os preços da celulose fibra curta na China caiu 1,2% na semana, para US$ 548,76 a tonelada, enquanto na Europa teve leve recuo de 0,2%, para US$ 763,34 a tonelada. 

Em relatório, analistas do BTG Pactual ressaltaram que, depois de duas semanas seguidas de estabilidade, eles acreditavam que os preços da celulose estavam atingindo seu fundo e as ações se recuperando por conta dessa expectativa. No entanto, os preços nesta semana mostraram outro movimento de queda na China – em um padrão agressivo para os padrões da indústria -, enquanto na Europa seguiram estáveis (até agora um pouco mais resistentes, mas que não parece sustentável). Além disso, enquanto algumas manchetes de jornais apontam que existir claras indicações de que os chineses estão de volta ao mercado, eles acreditam que o problema aqui é que eles ainda estão exigindo descontos nos preços. E, pelo que os analistas escutaram, alguns players estariam dispostos a conceder tal desconto (mesmo com os preços nesses níveis). 

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As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 27,14 +2,11 576,21M
 VALE5 VALE PNA 9,99 +8,12 470,27M
 PETR4 PETROBRAS PN 5,65 +6,40 464,31M
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 22,40 +2,17 341,23M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,14 -0,60 291,19M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 12,55 +2,95 257,37M
 CTIP3 CETIP ON 38,80 +1,17 230,66M
 VALE3 VALE ON 14,22 +11,01 209,54M
 CIEL3 CIELO ON 33,08 +2,73 206,78M
 BBAS3 BRASIL ON 14,77 +3,14 189,31M

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Lula investigado
Novas denúncias reveladas pelo site O Antagonista revelam que os dois pedalinhos do lago do sítio Santa Bárbara, que supostamente pertenceria ao ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, foram encomendados e pagos por Edson Antonio Moura Pinto, segurança de Lula. Ao mesmo tempo em que a notícia ganhava repercussão, o promotor do Ministério Público de São Paulo, Cássio Conserino, disse que o ex-presidente não será mais alvo de condução coercitiva ao MP para esclarecer sobre uma suposta ocultação de patrimônio no caso do triplex no Guarujá. Segundo informações da Folha de S. Paulo, Conserino afirmou que não haverá novas intimações contra Lula e a ex-primeira-dama, Marisa Letícia. 

Além disso, o empresário Léo Pinheiro, ex-presidente e sócio da empreiteira OAS, decidiu fazer um acordo de delação premiada dentro da Operação Lava Jato, segundo informações da Folha de S. Paulo. Pinheiro deve falar de casos relativos à participação do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no esquema, com as reformas do triplex no Guarujá (SP) e no sítio de Atibaia (SP) supostamente pagas pela Odebrecht. 

O executivo era um dos empreiteiros mais próximos de Lula e de políticos de Brasília, segundo a reportagem. Os investigadores esperam que esta seja a mais reveladora de todas as delações da Operação. Pinheiro deve dizer, entre outras coisas, que a OAS preparou o apartamento do Guarujá para a ex-primeira-dama Marisa Letícia e que também bancou parte das reformas do sítio. O empresário ainda deve falar que pagou dívidas da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010. 

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.