Ibovespa sobe 6,5% após chegar a saltar 8% antes de rumor da demissão de Mandetta; dólar cai a R$ 5,29

Mercado terminou a sessão ainda com fortes ganhos graças ao recuo da pandemia de coronavírus na Europa

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira (6) seguindo o desempenho das bolsas dos Estados Unidos, mas amenizou os ganhos no fim da tarde depois de notícia do jornal O Globo de que o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, poderia ser exonerado pelo presidente Jair Bolsonaro ainda hoje.

À noite, porém, Mandetta deu uma entrevista em que disse que continuaria no cargo.

Mandetta e Bolsonaro se confrontaram na visão sobre a melhor forma de combater a pandemia de coronavírus: o isolamento social total, defendido pelo ministro, ou o isolamento apenas de grupos de risco, ideia do presidente.

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“Se o Bolsonaro troca o ministro da Saúde, o mercado enxerga que talvez ele coloque em prática suas medidas radicais”, com risco de ser contestado no futuro, disse à Bloomberg Jefferson Lima, gerente da mesa de juros e câmbio da CM Capital Markets.

O Ibovespa registrou ganhos de 6,52%, aos 74.072 pontos, com volume financeiro negociado de R$ 21,6 bilhões após chegar a subir mais de 8% antes da notícia da demissão do ministro.

Já o dólar futuro para maio cai 1,63% a R$ 5,275. O dólar comercial, por sua vez, caiu 0,64%, a R$ 5,2898 na compra e R$ 5,2918 na venda. O dólar chegou a recuar até R$ 5,22 antes das informações sobre a exoneração de Mandetta.

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No mercado de juros futuro, o DI para janeiro de 2022 teve alta de um ponto-base a 4,09%, o DI para janeiro de 2023 caiu sete pontos-base a 5,42% e o DI para janeiro de 2025 recuou 20 pontos-base a 6,99%.

A alta da Bolsa foi motivada pelo recuo na pandemia do coronavírus. Espanha e Itália informaram que as infecções e mortes pelo vírus desaceleraram neste fim de semana. A Itália registrou no domingo 525 mortes pela Covid-19, menor número diário de óbitos desde 19 de março, quando a epidemia explodiu na Lombardia. Já a Espanha teve seu terceiro dia consecutivo de queda no número de mortos, que foi de 674.

Já os Estados Unidos se preparam para “semana de horror” com explosão no número de casos. “A próxima semana será o nosso momento Pearl Harbor, será nosso momento 11 de Setembro, o momento mais difícil para muitos americanos em toda a sua vida”, disse Jerome Adams, diretor do Serviço de Saúde Pública dos EUA.

Ainda no noticiário macro, apesar de ter sido adiada a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) que estava marcada para hoje, as expectativas ainda são grandes para um acordo entre a Rússia e a Arábia Saudita. Segundo fontes ouvidas pela CNBC, o encontro entre os países do cartel deve ocorrer na quinta-feira (9).

Por aqui, o Conselho Monetário Nacional (CMN) suspendeu a distribuição de resultados por bancos acima do mínimo obrigatório, o que fez as ações das instituições financeiras dispararem. Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC3; BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3) subiram entre 7% e 10%. Vale lembrar que o setor financeiro é o mais pesado na carteira teórica do Ibovespa, respondendo por mais de 20% do índice.

Entre os indicadores, o Relatório Focus do Banco Central mostrou uma forte revisão na projeção dos economistas do mercado financeiro para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020. A expectativa mediana caiu de -0,48% para -1,18%. Para 2020 as previsões seguem em crescimento de 2,5%.

Já para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a projeção caiu de 2,94% para 2,72%. Para 2021 a estimativa da inflação também retrocedeu, de 3,57% para 3,5%.

Por fim, a projeção para o dólar foi mantida em R$ 4,50 para 2020, apesar de ter sido elevada de R$ 4,30 para R$ 4,40 em 2021. A previsão para a Selic foi reduzida de 3,5% para 3,25% para 2020 e de 5% para 4,75% para 2021.

Propostas para atenuar efeitos da pandemia

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou na sexta a chamada PEC do “orçamento de guerra” (PEC 10/20), que permite a separação do orçamento e dos gastos realizados para o combate à pandemia de coronavírus do orçamento geral da União.

A proposta, de autoria do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e outros nove deputados de vários partidos, é a primeira a ser aprovada com o Sistema de Deliberação Remota (SDR) e precisa ser votada ainda pelo Senado. As regras terão vigência durante o estado de calamidade pública, e os atos de gestão praticados desde 20 de março de 2020 serão convalidados.

A intenção da proposta é criar um regime extraordinário para facilitar a execução do orçamento relacionado às medidas emergenciais, afastando possíveis problemas jurídicos para os servidores que processam as decisões sobre a execução orçamentária.

Uma das propostas do governo para combater a crise econômica provocada pela epidemia é a compra direta, pelo Banco Central, de carteiras de crédito e títulos das empresas.

O objetivo é fazer chegar à economia os recursos liberados por Brasília e evitar o “empoçamento” do dinheiro, permitindo aos empresários o acesso aos estímulos, informa o jornal O Estado de S. Paulo. Na avaliação do ministro da Economia, Paulo Guedes, os recursos estão “empoçados” no sistema financeiro.

A compra direta é usada por outros bancos centrais do mundo, como o Federal Reserve dos Estados Unidos. O recurso permite que o Banco Central injete dinheiro no mercado sem precisar de intermediários.

Noticiário corporativo

A siderúrgica Gerdau informou que abafará o alto-forno 2 da usina de Ouro Branco (MG), como parte das suas medidas para conter o impacto da crise econômica provocada pela pandemia da Covid-19. Além disso, ocorrerão paralisias em abril nas aciarias e laminações de aços longos no Brasil e nos Estados Unidos.

Já a petroquímica Braskem adiou a realização da sua assembleia geral ordinária e a publicação do balanço de 2019. A Braskem publicou apenas um press-release na noite da sexta-feira, no qual informou prejuízo de R$ 2,9 bilhões no quarto trimestre de 2019. A petroquímica informará ao mercado uma data para a nova assembleia e divulgação do balanço consolidado.

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(Com Agência Brasil, Agência Câmara e Agência Estado)

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.