Ibovespa sobe 2,4% em meio a sinalizações de BCs e G7 para conter efeitos do coronavírus

Líderes prometem tomar medidas conjuntas para evitar uma desaceleração muito acentuada do crescimento econômico global

Rodrigo Tolotti

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Em um dia marcado pela instabilidade, o Ibovespa fechou esta segunda-feira (2) em forte alta. A Bolsa brasileira abriu entre perdas e ganhos dividida entre o movimento negativo no mercado americano e a alta dos mercados na Europa e Ásia. Durante a tarde, porém, o noticiário ajudou Wall Street e, com isso, acabou impulsionando também a B3.

No exterior, animaram os investidores as notícias de diversos bancos centrais ao redor do mundo sinalizando ajuda às economias conforme o surto do novo coronavírus se desenvolve. O alívio vem porque, sem tais estímulos, é esperada uma desaceleração drástica da economia global no ano.

Ao longo da tarde houve um novo ânimo: a notícia de que ministros e banqueiros centrais do G7 participarão de uma teleconferência nesta terça-feira (3) para discutir como responder e limitar os danos do vírus. Segundo o ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, as principais economias do G7 tomarão “ações combinadas” e devem discutir a melhor abordagem por telefone.

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Com isso, o Ibovespa encerrou o pregão em alta de 2,36%, a 106.625 pontos, com volume financeiro de R$ 32,204 bilhões. Já o dólar comercial subiu 0,13%, cotado a R$ 4,4855 na compra e R$ 4,4868 na venda. O dólar futuro para abril recuou 0,20%, a R$ 4,481.

Vale destacar que, na sexta-feira, a Bolsa brasileira subiu mais de 1% após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmar que o BC americano está monitorando o coronavírus, usará suas ferramentas e agirá de forma apropriada, se for necessário.

Com as sinalizações de alívios de BCs pelo mundo, os juros futuros caíram fortemente, aumentando as apostas de um possível novo corte na Selic. O contrato com vencimento em janeiro de 2022 recuou 4 pontos-base, a 4,44%, enquanto o de vencimento em janeiro de 2023 caiu 8 pontos-base, a 5,04%, seguido pelas perdas de 9 pontos do vencimento em janeiro de 2025, a 5,93%.

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Em Wall Street, os índices fecharam com forte valorização. O Dow Jones saltou 5,09%, para 26.703 pontos, após na semana passada chegar a ter sua pior queda em pontos em um dia na história. O S&P 500 avançou 4,60%, a 3.090 pontos, enquanto o Nasdaq subiu 4,49%, em 8.952 pontos.

Nesta madrugada, as Bolsas asiáticas subiram após o Banco do Japão prometer “ampla liquidez” aos mercados, o que ajudou a deixar para trás os dados muito negativos da Markit, que confirmaram que a indústria chinesa despencou em fevereiro.

O Banco da Inglaterra prometeu as medidas necessárias para garantir estabilidade financeira e monetária; o governo francês disse que ministros do G7 vão ter teleconferência esta semana para coordenar resposta ao vírus. O número de pessoas contaminadas se aproxima de 90 mil no mundo inteiro, com a China superando 80 mil casos e a Coreia do Sul os 4,2 mil.

Sobre o dólar, José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, avalia que o nível dos R$ 4,50 é muito perigoso porque “a moeda tende a subir de R$ 0,10 em R$ 0,10”. “Eventual retorno para perto de R$ 4,40 a R$ 4,45 seria ponto melhor para comprar”, avalia.

Segundo ele, mesmo que o mercado comece a apostar mais em um corte de juros pelo Federal Reserve, o mercado futuro também aposta em corte da Selic por aqui, além do fato dos preços das commodities seguirem muito baixos em meio a forte aversão ao risco. “Assim, há pouco espaço, no momento, para queda do dólar”, afirma.

Política 

O Congresso volta nesta semana do recesso de Carnaval com dois temas centrais que deverão dominar as discussões na Câmara e no Senado a partir da terça-feira: os vetos do presidente Jair Bolsonaro à lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e o novo marco do Saneamento, que está no Senado.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, é favorável a aprovar o novo marco do Saneamento – que já passou pela Câmara – como está; já a questão da LDO é muito mais complexa, por envolve negociações entre os poderes Legislativo e Executivo. O presidente Jair Bolsonaro não quer que o governo federal abra mão de R$ 30 milhões em emendas parlamentares que ficarão sob controle de deputados federais e senadores. Os parlamentares exigem uma contrapartida da União.

Noticiário corporativo 

A operadora turística CVC (CVCB3) comunicou que encontrou erros e irregularidades contábeis nos valores repassados a operadores turísticos entre 2015 e 2019. Segundo a CVC, os erros podem alterar os seus resultados e foi constituído um comitê de auditoria para investigar o problema.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
HYPE3 16.61808 40
CSNA3 10.46512 12.35
WEGE3 8.89919 46.99
MRFG3 6.87655 12.9
KLBN11 5.61039 20.33

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
CVCB3 -10.61018 23
IRBR3 -8.7218 30.35
YDUQ3 -3.41106 50.12
SULA11 -1.7943 53.09
NTCO3 -1.53812 44.81

Já a construtora e incorporadora imobiliária You, inc, de São Paulo capital, entrou com pedido para oferta pública de ações na CVM e com pedido de registro de empresa de capital aberto na B3. No ano passado, a construtora You teve uma receita líquida de R$ 552,6 milhões, um crescimento de 52% sobre 2018.

Na temporada de resultados, a MRV Engenharia divulga balanço após o fechamento do pregão.

(Com Agência Estado, Agência Brasil e Bloomberg)

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.