Ibovespa sobe 1,8% após MP pedir prisão preventiva de Lula; dólar tem mínima em 6 meses

Cenário político é novamente o guia, com possibilidade de impeachment de Dilma reforçada pela entrega de dados pela Andrade Gutierrez e a possibilidade da prisão de ex-presidente

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa subiu quase 2% nesta nesta quinta-feira (10) após a notícia de que o Ministério Público de São Paulo pediu a prisão preventiva do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Com a informação, a Bolsa reverteu totalmente as perdas da tarde, que eram motivadas ainda pela indefinição no cenário político, principalmente depois que o presidente do PT, Rui Falcão, disse que Lula não rejeitava totalmente a possibilidade de se tornar ministro. A queda das bolsas europeias e o desempenho fraco dos índices norte-americanos também chegou a pressionar o índice.  

O benchmark da bolsa brasileira teve alta de 1,86% a 49.571 pontos, com o volume financeiro atingindo R$ 11,806 bilhões. Já o dólar comercial fechou em queda de 1,50% a R$ 3,6414 na venda – sua mínima em 6 meses -, enquanto o dólar futuro para abril teve queda de 1,27% a R$ 3,653. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 recuou 4 pontos-base a 13,84%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 registrou perdas de 2 pontos-base a 14,31%.

Segundo Luiz Felipe Mello, analista da Appia, a Bolsa repercutia o noticiário político, que fazia com que o nosso mercado se descolasse totalmente do exterior. “Os papéis que andam pela possibilidade de troca de governo estão andando bem”, afirma. 

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MP pede prisão preventiva de Lula
Apesar de ter admitido, na tarde desta quinta, em coletiva de imprensa, que não há provas concretas de que o ex-presidente Lula seja dono do apartamento no Guarujá, imóvel alvo de investigação do Ministério Público de São Paulo, o promotor Cássio Conserino pediu a prisão preventiva de Lula. O pedido foi publicado na íntegra pelo portal jurídico Jota.

O caso será analisado pela juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga Oliveira, da 4ª Vara Criminal de São Paulo. Ainda não há um dia certo para a Justiça decidir sobre o caso. Lula é acusado de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, crimes que podem render de 3 a 10 anos de prisão e de 1 a 3 anos, respectivamente. Sua mulher, Marisa Letícia, e um dos filhos do casal, Fábio Lúis Lula da Silva, também são acusados desses mesmos crimes.

Andrade Gutierrez entrega dados sobre campanha de Dilma
Após as recentes notícias de delações premiadas envolvendo executivos da Andrade Gutierrez e outras empreiteiras, o jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, disse nesta quinta que um importante executivo da companhia “entregou fartos detalhes – inclusive comprovantes – sobre a campanha de 2014 de Dilma Rousseff”.

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Segundo ele, esta pessoa, em sua delação, detalha as doações legais e as ilegais, separando umas das outras e dizendo como se davam essas duas modalidades de financiamento. Tudo está documentado e explicado.

No início deste mês diversos jornais noticiaram que, segundo a delação de 11 executivos da Andrade Gutierrez, a empreiteira pagou as despesas com fornecedores da campanha eleitoral de Dilma Rousseff em 2010 em um pagamento, ilícito, feito por meio de contrato fictício de prestação de serviço.

Ações em destaque
As ações de blue chips ligadas a commodities como Petrobras (PETR3, R$ 9,81, +2,62%; PETR4, R$ 7,95, +4,61%) viraram para forte alta. O movimento seguiu o noticiário político e fez os papéis descolarem das cotações do petróleo, com o barril do WTI (West Texas Intermediate) fechando em queda de 1,33% a US$ 37,78, enquanto o barril do Brent teve queda de 2,46% a US$ 40,06.

Os bancos também dispararam. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 31,97, +3,63%), Bradesco (BBDC3, R$ 28,79, +3,26%; BBDC4, R$ 25,85, +2,99%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 21,50, +5,91%) sobem. Os três juntos respondem por mais de 20% da participação na carteira teórica do Ibovespa.

Enquanto isso, caíram as ações da Vale (VALE3, R$ 14,00, -3,45%; VALE5, R$ 10,13, -6,89%), que são prejudicadas pela queda do minério de ferro. Ontem, a commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao caiu 0,17% a US$ 57,92 a tonelada seca. 

Ata do Copom
Saiu hoje a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). O texto disse que os ajustes de política monetária podem fortalecer a convergência da inflação à meta. A ata ainda cita que tanto o cenário doméstico quanto o externo podem ajudar o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) a voltar a operar dentro da banda entre 2,5% e 6,5%. Os membros do Copom disseram que o hiato do produto (causado pela recessão econômica) está tendo um efeito desinflacionário maior que o previsto anteriormente. Apesar dessas sinalizações mais “dovish” (moderadas), o comitê também fala que adotará as medidas necessárias para que a inflação chegue ao centro da meta (4,5%) em 2017. 

Inflação na China
A inflação ao consumidor na China acelerou para 2,3% em fevereiro sobre o ano anterior, ritmo mais forte desde julho de 2014 e superando as expectativas do mercado. Analistas consultados pela Reuters esperavam que a inflação ao consumidor atingisse 1,9% contra 1,8% no mês anterior. Já o índice de preços ao produtor permaneceu em deflação ao recuar 4,9% em fevereiro, informou nesta quinta-feira a Agência Nacional de Estatísticas, em linha com as expectativas após queda de 5,3% em janeiro.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.