Ibovespa sobe 1,18% e fecha na máxima, com reforma trabalhista e Wall Street; só 10 das 58 ações caem

Deputados aprovam nesta tarde reforma trabalhista em comissão especial, por 27 votos a 10; do lado internacional, otimismo do mercado é guiado por Wall Street, com Nasdaq fechando a sessão pela primeira vez na história acima dos 6.000 pontos

Paula Barra

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SÃO PAULO – Após abrir em queda, em meio à preocupação do mercado com o baque do PSB, que fechou posição contra as reformas trabalhista e previdenciária do governo Michel Temer, o Ibovespa ganhou força na tarde desta terça-feira (25), acompanhando o movimento eufórico das bolsas norte-americanas e a aprovação da reforma trabalhista em comissão especial na Câmara. Com isso, o benchmark da bolsa brasileira registrou alta de 1,18%, a 65.148 pontos, na máxima do dia, puxado sobretudo pelas ações da Vale (VALE3; VALE5), Petrobras (PETR3; PETR4) e bancos. O volume financeiro movimentado nesta sessão foi de R$ 7,5 bilhões. 

No final deste pregão, a comissão especial da reforma trabalhista na Câmara dos Deputados aprovou o relatório apresentado pelo deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), com placar de 27 votos favoráveis a 10 contrários. Os parlamentares ainda precisam votar os destaques ao texto (veja aqui). 

O dólar comercial fechou em alta de 0,79% ante o real, a R$ 3,1515 na venda e R$ 3,1490 na compra, enquanto o dólar futuro com vencimento em maio deste ano registrava alta de 0,73%, a R$ 3,156. Vale menção que o mercado futuro encerra às 18h (horário de Brasília) na B3.

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Já os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 registravam alta de 3 pontos-base, a 9,53% no pregão estendido da bolsa, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 avançaram 12 pontos-base, a 10,04%. O descompasso com o movimento do Ibovespa ocorre em meio ao temor do mercado de que, embora o governo tenha conseguido um bom resultado na comissão especial, as reformas tenham que ser enxugadas, reduzindo drasticamente o potencial de correção de desequilíbrios das contas públicas. Alguns analistas já admitem que os investidores podem estar subestimando os riscos em torno do processo de negociação das propostas, o que poderia colocar em xeque um corte mais abrupto da taxa de juros. 

Na pauta política, os investidores acompanharam a divisão interna na bancada do PSB, que reviu orientação para a retirada de pauta da proposta de reforma trabalhista em comissão especial e liberou seus deputados a votarem de acordo com suas convicções, o que relativiza o peso da oposição formal do partido à agenda prioritária do governo. No mesmo sentido, outros partidos da base trabalham para fechar posição a favor das reformas em pauta.

Nasdaq quebra recorde em Wall Street
O otimismo do mercado doméstico seguiu também o movimento de Wall Street. Por lá, o índice composto de Nasdaq fechou pela primeira vez na história acima dos 6 mil, em meio ao otimismo dos investidores com a temporada de balanços corporativos. O Dow Jones encerrou em alta de 1,12% nesta sessão, a 20.996 pontos, enquanto o S&P 500 subiu 0,61%, a 2.388 pontos. 

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Por lá, merecem destaque os dados de vendas de novas moradias, que atingiram a marca de 621 mil em março, superando as expectativas de cerca de 590 mil.

Confira ao que se atentar neste pregão:

Destaques da Bolsa

Do lado acionário, os papéis da Petrobras ganharam força nesta tarde, puxados por Wall Street e pela virada para cima dos preços do petróleo. Após caírem pela manhã, os contratos do petróleo WTI fecharam em alta de 0,7%, US$ 49,56 o barril, apesar do ceticismo sobre se a Opep será efetiva em conter a produção da commodity. 

As ações da Vale também ampliaram ganhos nesta tarde, apesar do dia de queda do minério de ferro. A commodity negociada em Qingdao registra baixa de 0,69%, a US$ US$ 66,07 a tonelada. Vale ressaltar que na próxima quinta-feira, antes da abertura do pregão, a companhia divulgará o balanço do primeiro trimestre.

As ações dos bancos também viraram para o positivo, dando sequência à alta registrada na véspera em meio à euforia com a eleição francesa. No setor, destaque para as units do Santander Brasil (SANB11), que subiram ainda na esteira da elevação de recomendação do Itaú BBA de underperform para marketperform, de forma a incorporar novas premissas macroeconômicas e novo custo de capital. O preço-justo para a SANB11 ao final do ano é de R$ 27,00 por unit, de R$ 23,3 anterior.

Também mereceram atenção dos investidores as movimentações pela temporada de divulgação de balanços corporativos. Após o fechamento desta terça, o mercado analisa os resultados de Lojas Renner (LREN3) e Engie Brasil (ENGI11) no primeiro trimestre de 2017.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa foram:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MRFG3 MARFRIG ON 6,83 +6,55 +3,33 30,35M
 ELET3 ELETROBRAS ON 17,01 +6,38 -25,43 25,15M
 BRAP4 BRADESPAR PN 20,62 +4,04 +38,86 54,03M
 VALE5 VALE PNA EJ 27,30 +3,80 +29,16 692,80M
 BRML3 BR MALLS PARON 14,46 +3,29 +21,00 55,56M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa foram:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SBSP3 SABESP ON 29,58 -2,54 +6,66 133,46M
 BRFS3 BRF SA ON 39,94 -1,75 -17,22 277,65M
 QUAL3 QUALICORP ON 21,77 -1,49 +13,09 38,62M
 HYPE3 HYPERMARCAS ON ED 30,00 -1,15 +17,43 137,17M
 EMBR3 EMBRAER ON ED 15,37 -1,02 -3,10 65,77M
* – Lote de mil a??es
1 – Em reais (K – Mil | M – Milh?o | B – Bilh?o)


Agenda política
Na política, os investidores acompanharam o início das discussões sobre o relatório da reforma da Previdência na comissão especial ao longo desta semana. O projeto deve ser votado na próxima terça-feira (2) e seguir para o plenário da Casa no dia 15. Vale destacar que a Executiva Nacional do PSB se reuniu na última segunda-feira (24) e aprovou posição contrária às reformas propostas pelo governo de Michel Temer. A Executiva nacional do partido aprovou por 20 votos a 7 posição contrária à reforma trabalhista e, por 21 a 2, posição contrária à reforma da Previdência. Em meio a esse cenário, em busca de apoio para conseguir aprovar as reformas na Câmara, principalmente a da Previdência, o governo deu início a uma ofensiva até sobre os partidos nanicos na Casa, informa o jornal O estado de S. Paulo. Na negociação, essas legendas pleiteiam cargos no terceiro escalão do Executivo e oferecem, em troca, a garantia de que a maioria de suas bancadas votará a favor das reformas.