Ibovespa sobe 0,5% e começa semana decisiva com o pé direito; dólar avança

Mercado registra ganhos em começo de semana decisivo por decisões do Fed e do BC japonês; Moro pode acatar denúncia contra Lula

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em leve alta nesta segunda-feira (19) após chegar a subir 1,6% durante a manhã em um começo de uma semana que terá como destaque as decisões de política monetária do Fomc (Federal Open Market Committee) dos Estados Unidos e do banco central japonês. O movimento da nossa Bolsa seguiu de perto a trajetória dos índices norte-americanos, que fecharam praticamente estáveis diante de uma queda de 1% das ações da Apple. Analistas estrangeiros disseram que essa é uma semana de “esperar para ver”. Já por aqui, a volatilidade veio muito em função do vencimento de opções sobre ações. 

O benchmark da bolsa brasileira subiu 0,47%, a 57.350 pontos. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 7,576 bilhões.

Já o dólar comercial registrou alta de 0,32% a R$ 3,2769 na compra e a R$ 3,2783 na venda, enquanto o dólar futuro para outubro mostra variação positiva de 0,34% a R$ 3,289 no after-market. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2018 opera estável a 12,54%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 também mostra estabilidade, cotado a 12,07%. 

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Além do cenário externo e do vencimento de opções, a possibilidade de que o juiz federal Sérgio Moro acate a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou no radar. Além disso, a China mostrou a maior alta em mais de 6 anos nos preços de moradias, o que impulsionou as bolsas mundiais. 

Entre as commodities, o petróleo WTI (West Texas Intermediate), avançou 1,60% a US$ 43,72 o barril, ao mesmo tempo em que o contrato futuro do barril do Brent teve alta de 0,95% a US$ 46,63. Já o minério de ferro spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao cai 0,52% a US$ 55,68 a tonelada seca. 

Vencimento de opções
Nesta segunda-feira, tivemos o vencimento de opções sobre ações, que movimentou R$ 2,27 bilhões nesta segunda. Deste total, R$ 1,728 bilhão veio do exercício de opções de compra e os R$ 545,9 milhões restantes vieram de opções de venda.

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Entre as cinco opções mais movimentadas, destaque para as ações da Petrobras (PETR4), que tiveram três contratos na lista. A opção de compra de PETR4 a R$ 10,50 movimentou R$ 109,64 milhões – ficando no segundo lugar. Já o contrato de compra das ações a R$ 13,00 teve volume de R$ 99,55 milhões, enquanto o de compra a R$ 12,50 movimentou R$ 85,31 milhões, ficando, respectivamente, na terceira e quinta colocação entre os mais movimentados.

O contrato mais movimentado do mês foi o de venda de Bradesco (BBDC4) a R$ 28,66, com volume de R$ 132,83 milhões. Completa a lista as opções de compra de Itaú Unibanco (ITUB4) a R$ 34,34, com volume de R$ 97,42 milhões.

IBC-Br
Em julho, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), considerado uma prévia do PIB (Produto Interno Bruto), teve leve retração de 0,09% em comparação com junho. A expectativa mediana dos economistas era de avanço de 0,20%. Na comparação anual, a queda no IBC-Br foi de 5,2%, ante 4,5% de recuo estimados pelos economistas.     

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Relatório Focus
Também tinha algum peso por aqui o Relatório Focus, com a mediana das projeções de diversos economistas, casas de análise e instituições financeiras para os principais indicadores macroeconômicos. A previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) subiu de uma retração de 3,18% para uma menor, de 3,15% em 2016, mas foi elevada para 2017 de um avanço de 1,30% para 1,36%. Já no caso do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o medidor oficial de inflação utilizado pelo governo, as projeções são de que haja um avanço de 7,34% este ano, contra 5,12% projetados anteriormente.

Ações em destaque
Também em alta ficaram os papéis do Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 35,23, +0,71%), empresa mais pesada na carteira teórica do Ibovespa. O banco vendeu seus negócios de seguro de vida em grupo para a Prudential, uma das maiores companhias de serviços financeiros do mundo. Segundo comunicado ao mercado, a companhia controlada pelo Itaú Unibanco, será cindida e as operações de seguros de vida em grupo serão vertidas para a IU Seguros S.A., cuja totalidade do capital será alienada à Prudential. A operação de seguros de vida em grupo contou com prêmios líquidos no valor aproximado de R$ 465 milhões em 2015 e mais de 1.900.000 vidas seguradas. 

Descolando-se dos preços das commodities, as ações da Vale (VALE3, R$ 16,66, +1,52%; VALE5, R$ 14,25, +2,15%), Bradespar (BRAP4, R$ 9,66, +0,84%) – holding que detém participação na Vale – e as siderúrgicas Gerdau (GGBR4, R$ 8,42, +0,36%) e CSN (CSNA3, R$ 8,50, +6,12%) subiram forte nesta sessão, acompanhando o desempenho positivo do mercado doméstico. Hoje, o minério de ferro spot com 62% de pureza e entrega no Porto de Qingdao, na China, caiu 0,52%, a US$ 55,68 a tonelada seca. 

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Segundo o jornal O Globo, a CSN negocia com a estatal chinesa CBSteel a venda de uma participação minoritária na Congonhas Minérios, braço da siderúrgica que reúne ativos de logística e mineração — como a mina Casa de Pedra. As negociações começaram há dois meses e marcam uma reviravolta na estratégia da empresa para reduzir sua dívida, de R$ 25,8 bilhões. Até agora, a CSN mantinha conversas apenas com interessados nos ativos não estratégicos, como o terminal de contêineres, em Itaguaí (RJ), e a fábrica de embalagens Metalic, vendida mês passado. 

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 CSNA3 SID NACIONALON 8,50 +6,12 +112,50
 MRFG3 MARFRIG ON 5,26 +3,14 -17,17
 VALE5 VALE PNA 14,25 +2,15 +39,02
 RADL3 RAIADROGASILON 66,60 +2,13 +88,70
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 14,60 +2,03 +27,68

As ações da Petrobras (PETR3, R$ 14,89, -0,07%; PETR4, R$ 13,05, -0,84%) fecharam entre perdas e ganhos. No radar da estatal, a companhia apreciará o Plano Estratégico e de Negócios referente aos anos de 2017-2021; os analistas esperam corte de investimentos no primeiro plano da estatal sob o comando de Pedro Parente.

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Conta uma reportagem do jornal Valor Econômico que a estatal deve reduzir a meta de produção de petróleo no Brasil para 2020, no âmbito do novo plano de negócios. A meta atual da companhia é de extrair 2,7 milhões de barris diários de petróleo em campos nacionais. Os analistas ouvidos pelo jornal esperam uma redução pequena na meta, uma vez que boa parte dos projetos de produção para o petróleo já está contratada.

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 EMBR3 EMBRAER ON 14,96 -2,79 -50,25
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 10,25 -2,19 -43,96
 TIMP3 TIM PART S/AON 7,82 -1,51 +17,04
 USIM5 USIMINAS PNA 3,37 -1,46 +117,42
 PETR4 PETROBRAS PN 13,05 -0,84 +94,78

Entre as quedas ficaram as exportadoras de papel e celulose. Fibria (FIBR3, R$ 23,50, -0,63%) e Suzano (SUZB5, R$ 10,25, -2,19%) fecharam em baixa apesar do desempenho positivo do dólar. 

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As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 PETR4 PETROBRAS PN 13,05 -0,84 675,41M
 VALE5 VALE PNA 14,25 +2,15 302,93M
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 35,23 +0,71 255,98M
 BBDC4 BRADESCO PN 28,24 +0,53 229,76M
 QUAL3 QUALICORP ON 19,88 +1,27 145,64M
 BBAS3 BRASIL ON EJ 22,01 +0,36 125,23M
 CIEL3 CIELO ON EDJ 33,00 +0,60 120,96M
 KROT3 KROTON ON 15,10 -0,66 106,34M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,45 +0,10 105,25M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 17,11 +0,53 97,55M

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Cenário externo
As bolsas mundiais iniciaram a semana do Fomc (Federal Open Market Committee) e do Bank of Japan em alta seguindo o avanço das commodities, enquanto o dólar registrou queda frente a maior parte das moedas. Na volta do feriado de dois dias da China, a sessão foi de ganhos. Entre os dados econômicos do gigante asiático, destaque para o preço médio de novas moradias em 70 cidades no país, que subiu 7,5% na comparação anual de agosto, após avançar em ritmo mais fraco em julho, de 6,3%, segundo cálculos do The Wall Street Journal baseados em dados oficiais do Escritório Nacional de Estatísticas do país. No confronto mensal, o preço médio aumentou 1,3% em agosto, depois de subir 0,7% em julho. 

Semana decisiva
Confira os destaques de semana, que é decisiva para os mercados por conta de decisões de política monetária nos EUA e no Japão.  

Decisão do Fomc e do BoJ
O Federal Open Market Committee se reúne na terça-feira (20) e na quarta-feira (21) para decidir a nova taxa de juros dos EUA. Para Luiz Otávio de Souza Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil, por mais importante que seja a reunião do Fomc, ela não deve acabar com a volatilidade, já que o mercado não está apenas preocupado com a taxa de juros nos Estados Unidos. “O que nós vemos no mercado é uma discussão da perspectiva de liquidez internacional como um todo. Houve uma mudança de visão sobre as atuações de todos os bancos centrais. O BoJ (Bank of Japan, o banco central japonês) talvez seja o mais errático e por isso será importante”, afirma, lembrando que o BoJ tem reunião de taxa de juros também na quarta.

Moro e Temer
Vale a pena acompanhar a decisão do juiz federal Sérgio Moro sobre se acata ou não a denúncia dos procuradores da Operação Lava Jato contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – as notícias são de que Moro deva apresentar uma decisão já na segunda-feira. Já o presidente Michel Temer irá para a ONU (Organização das Nações Unidas) em Nova York, onde vai abrir a Assembleia Geral das Nacional Unidas, na terça-feira (20).

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.