Ibovespa segue bolsas mundiais e cai 2% após dado dos EUA; dólar sobe e ultrapassa R$ 3,80

Ontem, após as indefinições sobre se o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, permaneceria ou não no cargo, o governo fez uma força tarefa para blindá-lo e mostrar apoio para que ele continue no cargo; mas tensão com Temer e cenário internacional geram temor

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa opera em baixa nesta sexta-feira (4), seguindo as bolsas internacionais, que caem com o Relatório de Emprego nos Estados Unidos. Lá fora os índices Dow Jones e S&P 500 recuam 1,35% a 16.153 pontos e 1,19% a 1.928 pontos.  Às 14h52 (horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira caía 2,19%, a 46.329 pontos. Já o dólar comercial registra ganhos de 2,16% a R$ 3,841 na venda.

Ontem, após as indefinições sobre se o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, permaneceria ou não no cargo, o governo fez uma força tarefa para blindá-lo e mostrar apoio para que ele continue no cargo. Os ministros Aloizio Mercadante e Edinho Silva afirmaram que “quem apostar na saída de Levy irá perder”. Porém, outro fator de tensão gerou instabilidade, com o vice-presidente Michel Temer afirmando em evento fechado que seria muito “difícil” Dilma Rousseff se manter no poder com uma popularidade tão baixa, o que gerou mal estar no governo. 

Além disso, o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos publicou nesta sexta-feira (4) os dados de emprego na maior economia do mundo durante o mês de agosto. A taxa de desemprego foi de 5,1%, contra expectativas de uma queda para 5,2% após o indicador bater 5,3% em julho. Foi a menor taxa desde 2008. Já a criação de empregos excetuando-se agricultura e pecuária – os famosos nonfarm payrolls – indicaram a criação de 173 mil novos empregos em agosto. As expectativas do mercado eram de que fossem criados 217 mil novos postos segundo a pesquisa da Briefing.

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O mercado sempre observa com atenção os relatórios de emprego dos EUA à espera de indicações sobre uma recuperação mais forte ou mais fraca da economia do país. Se os dados vêm mais altos do que o esperado as interpretações são de que a chance do Federal Reserve elevar os juros mais cedo este ano aumentem.

Mohamed El-Erian, ex-Pimco e economista-chefe da Allianz, disse que o relatório colocou o Fed em um cenário de indefinição complexa, já que a criação de empregos veio bem abaixo do esperado ao mesmo tempo em que outros fatores – como a queda do desemprego – foram vistos como positivos. 

Para Hersz Ferman, economista da Elite Corretora, o impacto dos payrolls no mercado é limitado, já que os números de criação de empregos em julho foram revisados para cima, de 215 mil para 245 mil, o que faz com que o acumulado continue positivo. “O que a gente vê é que a economia dos EUA está se recuperando bem da crise”, avalia, lembrando que este é mais ou menos o cenário com o qual os investidores já trabalhavam. Ele acredita que o desempenho da Bovespa hoje é motivado pela baixa nos mercados acionários globais, que recuam deixando para trás o rali de ontem, motivado pela perspectiva de novos estímulos do BCE (Banco Central Europeu).  

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Levy fica ou sai?
Se nem Dilma nem Levy falaram depois da reunião de emergência, coube aos ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Comunicação Social, Edinho Silva dar declarações. Mercadante disse a jornalistas que Levy está na equipe, está ajudando, vai continuar; “a gente está junto e quem apostar contra isso vai perder”.

Também colocam lenha na fogueira da questão Levy as declarações de Nelson Barbosa ao site de notícias G-1 e à GloboNews, que foram interpretadas por analistas de mercado como sem preocupação de defender o comando da política econômica do ministro da Fazenda. Barbosa também disse que governo não quer chocar a economia com ajuste excessivo, ao passo que Levy já disse que quanto maior o ajuste mais rápido a confiança retorna à economia.

Do lado mais político, peemedebistas querem romper com Dilma até 15 de novembro e passar a defender o impeachment, de acordo com notícia da Folha de S. Paulo.

Destaques de ações
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 10,13, -1,07%; PETR4, R$ 8,65, -1,26%) caem forte apesar de notícia sobre mais austeridade nos gastos. Os empregados da estatal vão ser obrigados a economizar, até 2019, US$ 12 bilhões. A direção da companhia enviou comunicado interno informando que, a partir de agora, algumas despesas e vantagens corporativas – como cursos e viagens – serão suspensas e outras reduzidas.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 SANB11 SANTANDER BR UNT 14,84 -4,69
 RUMO3 RUMO LOG ON 7,51 -4,21
 TIMP3 TIM PART S/A ON 8,46 -3,31
 VALE5 VALE PNA 14,71 -3,22
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN ED 26,71 -3,01

Também os papéis da Vale (VALE3, R$ 18,25, -2,56%; VALE5, R$ 14,71, -3,22%) operam em queda depois de subirem 4% ontem. 

As ações de exportadoras de papel e celulose como Fibria (FIBR3, R$ 54,27, -0,86%) e Suzano (SUZB5, R$ 18,92, +0,05%) operam entre perdas e ganhos apesar do desempenho do dólar. O câmbio depreciado beneficia essas empresas, que possuem suas receitas denominadas na divisa norte-americana. 

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 ELET6 ELETROBRAS PNB 8,38 +5,41
 ELET3 ELETROBRAS ON 5,20 +3,38
 QUAL3 QUALICORP ON 17,13 +3,13
 USIM5 USIMINAS PNA 3,30 +3,13
 GFSA3 GAFISA ON 2,33 +3,10

Já os papéis da Eletrobras (ELET3, R$ 5,21, +3,58%; ELET6, R$ 8,40, +5,66%) operam em alta. A companhia anunciou que sua controlada Eletronorte reapresentou à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) o laudo de avaliação dos ativos de transmissão de energia elétrica existentes em 31 de maio de 2000, para fins de indenização das instalações da denominada Rede Básica Sistema Existente (RBSE) e demais instalações de transmissão (RPC). O novo valor pleiteado, e sujeito à aprovação do órgão regulador, é de R$ 2,926 bilhões, na data base de dezembro de 2012. Segundo a empresa, o atual valor contábil residual dos referidos bens é de R$ 1,733 bilhões.

Bolsas caem com payrolls
As bolsas asiáticas ampliaram as perdas nesta sexta-feira com o relatório de emprego nos Estados Unidos ofuscando sinais do Banco Central Europeu de que está disposto a tomar mais medidas para fortalecer a economia europeia. Enquanto isso, o dia é de queda nas bolsas europeias, com baixa de cerca de 2% também de olho nos dados dos EUA após o rali da véspera em meio ao ânimo com o BCE.

Na Alemanha também fica no radar a queda de pedidos às fábricas, mostrando um dinamismo menor do que o esperado na maior economia da zona do euro. Rendimentos dos treasuries e títulos europeus acompanham baixa das bolsas antes dos dados americanos. 

O índice japonês Nikkei fechou com queda de 2,15% após recuar 3,2% anteriormente na sessão, para uma mínima de sete meses de 17.608 pontos. Já o Hang Seng, de Hong Kong, caiu 0,45% com receios de que a queda seja retomada quando Xangai voltar do feriado na segunda

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