Ibovespa se descola de tensão externa e sobe, mas não evita queda de 2% na semana

Dia foi marcado pela volatilidade no exterior, com mercado se dividindo entre a fala de integrante do Fed e temores com paralisação do governo e alta de juros

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em mais um dia de bastante volatilidade no exterior, o Ibovespa se descolou dos índices norte-americanos nesta sexta-feira (21) e subiu apesar dos temores com a política monetária do Federal Reserve e com a paralisação do governo dos Estados Unidos.

O benchmark da bolsa fechou com alta de 0,50%, aos 85.697 pontos, mas não conseguiu evitar fechar a semana com queda de 2,00%. O volume financeiro neste pregão ficou em R$ 17,959 bilhões. O dólar, por sua vez, subiu 1,15%, cotado a R$ 3,8965 na venda, ao passo que o dólar futuro com vencimento em janeiro teve alta de 1,48%, a R$ 3,899.

Enquanto isso, as taxas dos principais contratos de juros futuros voltaram a cair na esteira do IPCA-15, que mostrou deflação de 0,16% em dezembro ante expectativa de deflação de 0,12%. O vencimento em janeiro de 2021 recuou 1 ponto-base, a 7,38%, enquanto o de vencimento em janeiro de 2023 tem queda de 3 pontos-base, a 8,60%.

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Chegou a trazer alívio durante a tarde a fala do presidente do Fed de Nova York, John Williams, que afirmou que o banco central norte-americano poderia reavaliar sua política de juros e a redução do balanço em 2019 se a economia desacelerar. Ele disse também que o Fed está ouvindo o mercado, mas ainda acha que a economia dos EUA está forte.

Segundo o dirigente, o guidance de alguns aumentos graduais das taxas de juros não é um compromisso ou uma promessa, e o banco central ajustará seus pontos de vista com base em dados e perspectivas. Apesar da fala dele, a tensão voltou a pesar e derrubou os índices em Wall Street.

Entre os indicadores no exterior, o PIB dos EUA cresceu à taxa anualizada de 3,4% no terceiro trimestre em relação aos três meses imediatamente anteriores, apontou o Departamento do Comércio do país. O resultado foi praticamente em linha com as projeções de analistas, de crescimento de 3,5%.

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Já os gastos dos consumidores (PCE, na sigla em inglês) cresceram mais rápido que os rendimentos em novembro. Os gastos do consumidor subiram 0,4% em novembro, após um ganho de 0,8% no mês anterior. Enquanto isso, o rendimento avançou 0,2% depois de um ganho de 0,5% em outubro.

Já os pedidos de bens duráveis tiveram recuperação e subiram 0,8% em novembro, após uma forte queda de 4,3% no mês anterior, ficando em linha com o que esperavam os economistas.

O mercado segue apreensivo com a possibilidade de um shutdown (paralisação) parcial nos Estados Unidos em meio a um impasse no Congresso sobre recursos que o presidente Donald Trump exige para a construção de um muro na fronteira com o México. Esse temor soma-se às tensões comerciais com a China.

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As bolsas europeias tiveram queda também de olho nos EUA, em meio ao sentimento negativo do mercado desde a última reunião do Fomc, que não apenas elevou seus juros básicos pela quarta vez este ano, como previu mais dois aumentos das taxas para 2019. Antes disso, os mercados vinham precificando a hipótese de o Fed dar uma pausa no aperto de sua política monetária no próximo ano.

A perspectiva de mais altas de juros nos EUA reforça preocupações com a tendência de desaceleração da economia global. Na Europa, foram divulgados mais cedo indicadores na França e Alemanha. O Produto Interno Bruto (PIB) francês foi revisado para baixo, passando a mostrar crescimento de 0,3% no terceiro trimestre de 2018 ante o segundo. 

O petróleo chegou a subir nesta manhã, mas logo virou para queda em meio a preocupações sobre a economia global.

Noticiário corporativo

No radar corporativo, a Petrobras estuda alternativas para seguir com desinvestimentos “conforme a legislação vigente e em respeito aos limites da liminar” do do ministro Marco Aurélio Mello. A estatal também pré-pagou financiamento com BNDES, Citibank e toma novo financiamento com Citibank, BofA.

Já a Reuters informou que a estatal suspendeu a comercialização de combustíveis com as gigantes internacionais do setor Glencore, Trafigura e Vitol, após nova fase da Lava Jato anunciar no início do mês que as empresas são suspeitas de participar de esquema de corrupção envolvendo funcionários da petroleira.

A Embraer informou que tomará medidas para reverter liminar de acordo com a Boeing, a Cemig quer exercer direito de preferência por fatia Centroeste e a Guararapes aprovou a conversão da totalidade das ações para ON.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MRVE3 MRV ON ED 12,01 +12,98 +2,96 89,75M
 SUZB3 SUZANO PAPELON 38,80 +5,69 +108,60 257,35M
 EMBR3 EMBRAER ON 21,47 +5,50 +7,93 131,78M
 LREN3 LOJAS RENNERON 41,30 +4,53 +17,18 254,47M
 KROT3 KROTON ON 9,07 +4,13 -48,96 231,19M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CPLE6 COPEL PNB 29,87 -4,72 +20,21 47,32M
 GOLL4 GOL PN N2 24,74 -2,52 +69,45 101,52M
 SMLS3 SMILES ON 44,67 -2,21 -38,06 22,47M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 22,87 -1,97 -25,35 62,09M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 26,41 -1,97 +16,34 95,32M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 21,55 +0,28 1,96B 1,91B 53.761 
 VALE3 VALE ON 50,86 +2,11 1,44B 1,13B 48.560 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN EJ 34,48 -0,46 973,68M 628,94M 33.548 
 BBDC4 BRADESCO PN 37,71 -0,76 860,04M 516,75M 27.330 
 ABEV3 AMBEV S/A ON EJ 15,17 -0,26 707,51M 288,43M 47.808 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 44,09 +0,02 616,53M 436,75M 15.749 
 B3SA3 B3 ON 26,74 +2,45 587,34M 256,77M 25.407 
 ITSA4 ITAUSA PN EJ 11,75 -1,09 562,43M 250,92M 22.745 
 PETR3 PETROBRAS ON N2 24,18 +0,08 448,44M 345,15M 22.287 
 CMIG4 CEMIG PN 13,38 -1,11 275,50M 156,25M 34.884 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Noticiário político
Em destaque no noticiário político, o Valor Econômico informa que, sob grande pressão de setores do agronegócio desde a campanha, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, já sinalizou a interlocutores que apoia a aprovação, no próximo ano, de projeto de lei (9.525/2017) no Congresso que concede perdão total das dívidas acumuladas por produtores rurais e agroindústrias com o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural). Essa medida deve ter um impacto da ordem de R$ 17 bilhões aos cofres públicos, pelas contas da Receita Federal.

Também no radar, PDT, PCdoB e PSB oficializaram a formação de um bloco de oposição na Câmara ao governo Jair Bolsonaro, a partir do ano que vem. O bloco isola o PT, legenda derrotada no segundo turno da eleição presidencial. Em declarações anteriores, parlamentares desses três partidos criticaram a ideia de o PT ter hegemonia na oposição a Bolsonaro.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.