Ibovespa renova máxima histórica e dólar bate maior patamar de fechamento desde 4 de dezembro

Mercado registrou ganhos em dia de vencimento de opções, mas fala de Guedes derrubou novamente o real

Ricardo Bomfim

Notas de dólar (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou com leve alta nesta segunda-feira (20), mas mesmo assim atingiu sua máxima histórica, ao superar os 118.573 pontos do fechamento de 2 de dezembro. Hoje, o dia teve volatilidade incrementada por conta do vencimento de opções. O exercício de opções sobre ações movimentou mais de R$ 12,69 bilhões, sendo que as opções de compra da Ambev (ABEV3) foram as mais negociadas.

Principal driver da sessão, as falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, derrubaram o real. O ministro disse novamente que o dólar alto e os juros baixos são o novo normal e que as reformas serão aprofundadas este ano. Com isso, o mercado testa novos patamares da moeda, o que se soma ao fortalecimento das posições de hedge (proteção) de quem está comprado em Bolsa.

O Ibovespa subiu 0,32% a 118.861 pontos com volume financeiro negociado de R$ 28,469 bilhões.

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Enquanto isso, o dólar comercial avançou 0,59% a R$ 4,1875 na compra e a R$ 4,1892 na venda, maior patamar de fechamento desde 4 de dezembro, quando o câmbio atingiu R$ 4,2087. O dólar futuro com vencimento em fevereiro tinha alta de 0,72% a R$ 4,195.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe dois pontos-base a 5,07%, o DI para janeiro de 2023 tem alta de dois pontos-base 5,66% e o DI para janeiro de 2025 avança também dois ponto-base a 6,38%.

Já na Europa, as bolsas caíram enquanto os investidores esperam por uma nova bateria de resultados desta semana e os desdobramentos do Fórum Econômico Mundial de Davos.

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Hoje é dia do feriado de Martin Luther King (com as bolsas americanas fechadas e, portanto, a liquidez reduzida também na B3) nos Estados Unidos e o presidente americano Donald Trump afirmou que os produtores agrícolas do país podem ficar tranquilos que o acordo comercial com a China levará a grandes compras de produtos dos EUA.

Entre os indicadores, o Relatório Focus do Banco Central mostrou uma revisão para cima nas projeções do mercado financeiro para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, saindo de 2,3% para 2,31%. Para 2021 manteve-se estável em 2,5% a previsão do PIB.

Acerca do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a expectativa caiu de 3,58% para 3,56% em 2020 e ficou estável em 3,75% em 2021.

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O câmbio foi elevado de R$ 4,04 para R$ 4,05 em 2020 e manteve-se em R$ 4,00 em 2021. Enquanto isso, a Selic foi mantida em 4,5% para 2020 e em 6,25% para 2021.

Ainda no radar, a economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath, disse nesta segunda-feira que o cenário da economia mundial permanece desaquecido neste início de 2020.

O FMI revisou hoje suas projeções de crescimento para a economia mundial em 2019 e 2020. Em 2019, a economia mundial deve ter crescido 2,9% (a projeção anterior era de 3%); para 2020, o Fundo agora prevê um crescimento de 3,3%, ante 3,4% da estimativa anterior, informa a CNBC News.

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Dados da Alemanha

Entre os destaques da agenda econômica, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) da Alemanha subiu 0,1% em dezembro de 2019 ante novembro, segundo dados publicados hoje pela agência de estatísticas do país, a Destatis.

Na comparação anual, porém, o PPI alemão teve queda de 0,2% em dezembro. Excluindo-se custos de energia, que podem mostrar volatilidade, o PPI alemão avançou 0,2% em dezembro ante o mês anterior e registrou acréscimo de 0,4% no confronto anual. No ano passado, o PPI da Alemanha teve aumento médio de 1,1% em relação a 2018, informou a Destatis.

Guedes em Davos

Paulo Guedes, ministro da Economia, e sua equipe participam em Davos, na Suíça, do Fórum Econômico Mundial. A missão será mostrar que o Brasil mudou de cara em 2019, saindo do que classificou de “abismo fiscal” para um período de recuperação econômica, com inflação e juros baixo. Nesse cenário, “vender” o Brasil como o melhor destino no mundo para investimentos ganhou relevância.

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Além de Davos, Guedes deve reforçar sua agenda internacional nos próximos meses, o que não aconteceu no ano passado quando ele cancelou muitas viagens e não aceitou convites para sair do País.

Para atrair o olhar dos estrangeiros, a equipe econômica pretende explorar também a perspectiva de acelerar a sua entrada como membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), depois do apoio dado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à candidatura brasileira.

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Um ano após a sua primeira participação no fórum, o ministro vai levar a mensagem de que o Brasil aprofundará as reformas em 2020, está corrigindo erros e começou a entregar a agenda de medidas prometidas pelo presidente Jair Bolsonaro.

Ainda sobre o ministro, em entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, do Poder360, Guedes voltou a dizer que o dólar alto e os juros baixos são o “novo normal” e que o país vai aprofundar as reformas este ano. O Ministério da Economia projeta expansão de 2,4% do PIB em 2020, mas Guedes disse que, com reformas, em 2020, o Brasil pode estar crescendo 4% ao ano. Contudo, as expectativas para o crescimento podem ser abaladas em caso de descontinuidade das mudanças.

Noticiário corporativo

A Petrobras anunciou que iniciará a fase vinculante para a venda de ativos no Uruguai nas próximas semanas. A Marfrig, por sua vez, concluiu a liquidação antecipada das notas sênior de 2023. A Ânima aprovou a oferta primária de pelo menos 22,5 milhões de ações ON.

Já a Taesa aprovou a emissão de R$ 300 milhões  em debêntures, enquanto a Eneva aprovou a emissão de R$ 600 milhões em debêntures.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
BTOW3 5.52905 75.2
YDUQ3 3.66 51.83
GGBR4 3.33797 22.29
GOAU4 3.07102 10.74
RADL3 3.03423 119.19

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
BBDC4 -2.14386 34.69
ITUB4 -2.11792 34.2
SUZB3 -1.89584 42.95
CIEL3 -1.79806 7.1
TIMP3 -1.58878 16.29

(Com Agência Brasil, Agência Estado e Bloomberg)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.