Ibovespa vira para alta após Trump não desistir de acordo comercial com a China; dólar passa a cair

Mercado brasileiro tem desempenho melhor que o exterior, mas não escapa da cautela

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa vira para alta nesta sexta-feira (29) após o presidente Donald Trump não indicar que pretende desistir da primeira fase do acordo comercial fechado com a China no ano passado mesmo diante do recrudescimento das tensões com o país asiático.

Trump falou há pouco em coletiva de imprensa e citou apenas que estuda restringir a entrada de chineses no país, mas sem dar detalhes sobre as restrições, e criticou a diferença de governança entre empresas americanas e chinesas com ações negociadas na bolsa de Nova York.

Ontem, o Legislativo chinês aprovou uma lei de Segurança Nacional para a cidade de Hong Kong, que concentrou protestos contra Pequim no início do ano.

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A medida irritou a administração de Trump, que acusa os chineses de tolher direitos e liberdade de expressão das pessoas de Hong Kong, uma ilha que possui relativa autonomia de Pequim se comparado aos territórios continentais da China.

Por outro lado, o líder dos EUA causa alguma preocupação ao investir pesado contra as redes sociais. Hoje ele voltou à carga no Twitter escrevendo que a rede “não fez nada sobre as mentiras e propagandas da China ou do partido Democrata de esquerda radical”. Na opinião de Trump, o Twitter e outras plataformas de comunicação atacam apenas republicanos e conservadores.

Ele ameaça revogar a Seção 230 da “Communications Decency Act of 1996 (CDA)”, segundo a qual nenhum provedor de internet ou plataforma pode ser responsabilizado por discursos difamatórios.

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Por aqui, foi divulgado o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, que registrou uma contração de 1,54%, em linha com a mediana das projeções dos economistas compilada no consenso Bloomberg. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pegam o início dos impactos do coronavírus na economia brasileira.

Às 16h04 (horário de Brasília) o Ibovespa tinha alta de 0,18% a 87.101 pontos. Mais cedo, o benchmark chegou a cair mais de 1,5%.

Já o dólar comercial tinha queda de 0,73%, a R$ 5,3453 na compra e R$ 5,3469 na venda. O dólar futuro para julho caía 1,43% a R$ 5,34.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 cai 10 pontos-base a 3,14%, o DI para janeiro de 2023 tem queda de 12 pontos-base a 4,24% e o DI para janeiro de 2025 recua 12 pontos-base a 5,99%.

Câmbio

Na noite de quinta-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a autarquia estava preparada para atuar de mais intensa no mercado de câmbio, mas que o real passou a se valorizar.

“Nós fizemos intervenções maiores, até estávamos preparados em algum momento para fazer uma intervenção maior, acabou que o câmbio voltou recentemente um pouco”, disse em transmissão pela internet realizada pelo BTG Pactual.

No ano, o dólar acumula uma alta de 34% e na quinta-feira fechou a R$ 5,3812. No dia 13, chegou aos R$ 5,90.

Apesar de estar preparado para intervir, Campos Neto reforçou que o câmbio é flutuante.

O presidente do BC falou ainda que mesmo com os juros baixos, em 3% ao ano, a política monetária não está esgotada.

Panorama político

A temperatura política em Brasília deverá continuar concentrando atenções. Após os ataques do presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), que conduz o inquérito que investiga a propagação de fake news, os ministros da Corte se uniram na defesa da instituição.

Segundo o jornal “O Globo”, os magistrados acreditam que, apesar das agressões, não haverá uma ofensiva contra a Corte. Para eles, caso seja necessário reagir, o ideal é “não se igualar” aos que os atacam.

O governo também lida com a crise causada pela pandemia do coronavírus. O posto de ministro da Saúde segue vago e o pais alcançou, na quinta-feira, o total de 26.754 mortes causadas pela Covid-19.

Noticiário corporativo

O varejo segue sendo um dos setores mais afetados pelas medidas restritivas geradas pelo coronavírus. A piora dos resultados têm sido mais intensa nas empresas desse segmento.

A Lojas Marisa registrou no primeiro trimestre do ano um prejuízo líquido de R$ 107,1 milhões, antes R$ 32,4 milhões nos primeiros três meses de 2019.

A receita líquida somou entre janeiro e março R$ 571,7 milhões, uma queda de 5,4%. O desempenho do canal de venda eletrônico contribuiu para amenizar à queda das vendas nas lojas físicas a partir de meados de março. O aumento foi de 47,3%.

Já a Cia. Hering registrou no primeiro trimestre do ano um lucro líquido de R$ 5 milhões, queda de 89,2% na comparação com igual período de 2019.

A empresa informou que cerca de 30% de suas lojas estão abertas atualmente e que as operações fabris foram parcialmente retomadas.

Já a fabricante de móveis Unicasa, dona das marcas Dell Anno e Favorita, teve prejuízo de R$ 108 milhões, ante R$ 2,973 bilhões de lucro em igual período do ano passado.

No caso da Cosan Logística, prejuízo líquido foi de R$ 80 milhões no primeiro trimestre do ano, ante lucro de R$ 7 milhões em igual período do ano passado.

A Eletrobras, por fim, reportou lucro líquido de R$ 306,83 milhões no primeiro trimestre de 2020, o que representa queda de 77,23% na comparação com o lucro líquido de R$ 1,347 bilhão de igual período do ano anterior.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.