Ibovespa já sobe 2% com provável saída de Mercadante; dólar recua a R$ 3,83

Índice segue bom humor do exterior e ganha força após rumores de que Dilma estuda tirar Mercadante da Casa Civil

Rodrigo Tolotti

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa acelera ganhos nesta quarta-feira (16) em meio aos rumores de que a presidente Dilma Rousseff estaria preparando a saída de Aloizio Mercadante do Ministério da Casa Civil. Às 14h39 (horário de Brasília), o índice tinha ganhos de 1,93%, aos 48.335 pontos. Enquanto isso, o dólar comercial registra queda de 0,75%, cotado a R$ 3,8326 na compra e R$ 3,8335 na venda, ao mesmo tempo em que o dólar futuro para outubro registrava perdas de 0,98% a R$ 3,847. 

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 fica estável a 14,96%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 caía 3 pontos-base, a 14,91%. 

Segundo a coluna de Cristiana Lobo, do G1, a presidente Dilma vai tentar fazer da reforma administrativa prometida uma importante cartada para reverter o atual quadro político. As mudanças vão da substituição de Aloizio Mercadante na Casa Civil até o reforço na articulação política do governo, que está sem comando desde a saída de Michel Temer. Apesar das mudanças, a colunista destaca que a ideia seria apenas mudar o perfil da Casa Civil, sendo que Mercadante não ficaria fora do governo, indo para outra pasta.

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Outro rumor é de que Alexandre Tombini possa ser substituído por uma pessoa do mercado, segundo a coluna de Ancelmo Gois, do jornal O Globo. Procurada pela Bloomberg, a assessoria do BC disse que não irá comentar a informação.

Segundo o economista da Leme Investimentos João Pedro Brugger, a notícia da saída de Mercadante tem maior peso no mercado, podendo ser a explicação para os ganhos desta sessão. Segundo ele, o atual ministro não é bem visto pelo mercado e é considerado um dos principais impedimentos para as propostas da Fazenda para o ajuste fiscal.

Já para Hersz Ferman, economista da Elite Corretora, o cenário no Brasil está complicado por conta da dificuldade que prevê-se que o governo tenha para aprovar as medidas do ajuste fiscal recentemente anunciadas. Diante disso, um rumor de saída de Mercadante seria contraposto ao antigo rumor de saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e não teria tanto impacto. Na avaliação do economista, a Bolsa continua em trajetória de alta por estar barata em dólar, de modo que qualquer notícia mais otimista acaba sendo vista como um motivo importante para os investidores estrangeiros irem às compras. 

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Ainda no cenário interno, destaque para as discussões sobre as novas medidas do governo, em especial a CPMF. Em entrevista para a NBR, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse que as medidas de ajuste fiscal propostas para o Orçamento de 2016 não retirarão direitos da população. “[A CPMF] é um imposto que não causa grandes problemas na economia, um imposto que todo mundo paga. É um imposto provisório para enfrentar um momento especial. Fácil de recolher e que não bate na inflação”, acrescentou Levy.

Ainda sobre o imposto, segundo a Folha de S. Paulo, os governadores devem sugerir elevar a alíquota proposta pelo governo para o imposto de 0,20% para 0,38%, sendo que a diferença iria para os cofres de Estados e municípios. Por outro lado, o governo estaria disposto a reduzir o prazo de vigência do tributo, batizado por eles de CPPrev, de quatro para dois anos.

Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff será registrado hoje em cartório de São Paulo. Além disso, a avaliação é de que o começo do processo de impeachment não pode ser freado. Conforme destaca o jornal Folha de S. Paulo de hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva explicitou a aliados o temor de que o pacote anunciado pelo governo não seja suficiente para deter a ameaça de impeachment contra a presidente.

Inflação nos EUA reforça adiamento de alta de juros
O índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos registrou deflação em agosto, de 0,1%, influenciado pelos preços da gasolina. Foi a primeira queda desde janeiro. Um mês antes, o indicador tinha avançado 0,1%. Nos 12 meses até agosto, houve alta de 0,2%, mesma taxa registrada nos 12 meses imediatamente anteriores.

Excluindo alimentos e energia, itens considerados voláteis, o índice de preços subiu 0,1% em agosto, repetindo a taxa apurada em julho. O resultado ajuda a reforçar a expectativa de que o Federal Reserve não irá elevar os juros agora. A reunião do Fomc termina nesta quinta-feira (17).

Destaques de ações
Na Bolsa, apenas 5 ações recuam no início dos negócios, sendo que as “pesos-pesados” ajudam nos ganhos do dia. No caso da Petrobras (PETR3, R$ 9,34, +6,99%; PETR4, R$ 8,05, +5,23%), a companhia informou que sua produção média de petróleo e gás natural, no Brasil e no exterior, foi de 2,88 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) em agosto de 2015, com crescimento de 3,1% em relação a julho, o que determina um novo recorde para a companhia.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 RUMO3 RUMO LOG ON 8,09 +7,15
 PETR3 PETROBRAS ON 9,34 +6,99
 USIM5 USIMINAS PNA 4,54 +6,82
 CYRE3 CYRELA REALT ON 8,55 +6,74
 OIBR4 OI PN 3,35 +6,01

Outro destaque é a Ambev (ABEV3, R$ 19,48, +2,20%), que sobe após a informação de que a Anheuser-Busch InBev NV, controladora indireta da companhia, pretende fazer uma proposta para a SABMiller, em um acordo que reuniria as duas maiores fabricantes de cerveja do mundo e vai criar uma empresa que controla cerca de metade do lucro da indústria cervejeira. As notícias de uma combinação em potencial levou as ações de ambas as companhias a dispararem, com a SABMiller tendo alta de 23%, aumentando o seu valor de mercado em cerca de £ 60 bilhões (US$ 93 bilhões). A AB Inbev vê seus papéis subirem 12%.

Em comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a Ambev disse que o processo está sendo conduzido diretamente pela AB InBev, sem participação da Ambev, de modo que não há informações adicionais àquelas divulgadas pela AB InBev ou por SABMiller a serem divulgadas no momento.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA 18,46 -2,64
 FIBR3 FIBRIA ON 52,94 -2,54
 SMLE3 SMILES ON 38,47 -0,65
 BRFS3 BRF SA ON 70,22 -0,11

Já as ações das empresas do setor de papel e celulose Fibria (FIBR3, R$ 52,98, -2,47%) e Suzano (SUZB5, R$ 18,47, -2,58%) caem forte hoje, entre desvalorização do dólar e rumores de que o BNDESPar pode começar a vender ações dessas companhia, além da JBS (JBSS3, R$ 16,60, +0,61%), para reforçar o caixa. Segundo uma matéria de O Estado de S. Paulo, o banco pretende alcançar o lucro entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões no segundo semestre. Apesar disso, as ações da JBS têm leve alta hoje. Em nota nesta manhã, no entanto, o BNDESPar informou que esses rumores são infundados. 

Exterior
No mercado internacional, as bolsas chinesas dispararam quase 5% em meio a expectativa por uma intervenção do governo, com uma enxurrada de compras logo antes de o mercado fechar ajudando a reverter muitas das perdas do começo da semana.

O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, subiu 4,98% para 3.309 pontos, enquanto o índice de Xangai teve alta de 4,91%, para 3.152 pontos. A alta já no final das operações elevou os principais índices acionários chineses, um fenômeno que os mercados geralmente interpretam como intervenção do governo para elevar os valores antes do fechamento.

Enquanto isso, a agência de classificação de risco de crédito Standard & Poor´s rebaixou a nota soberana do Japão de “AA-” para “A+”, mas a perspectiva do rating passou de negativa para estável. Em nota, a S&P disse que o apoio econômico para a solvabilidade soberana do Japão continuou se enfraquecendo nos últimos três a quatro anos e a estratégia do governo para reviver o crescimento econômico e o fim da deflação parecem improváveis para reverter a deterioração nos próximos dois ou três anos.

Na Europa o dia também é de ganhos, com os principais índices avançando cerca de 1%. A inflação anual da zona do euro ficou mais fraca do que o esperado em agosto, de acordo com dados revisados divulgados nesta quarta-feira, porque os preços da energia caíram mais e os de bens industriais subiram menos do que as estimativas iniciais.

A agência de estatísticas da União Europeia, Eurostat, disse que os preços ao consumidor nos 19 países que compartilham o euro ficaram estáveis na comparação mensal e avançaram 0,1% na base anual, contra alta de 0,2% na comparação anual em julho. Em sua primeira estimativa, há duas semanas, a Eurostat estimou inflação na base anual em agosto de 0,2%.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.