Ibovespa ganha força no fim e encerra sequência de 4 quedas; dólar encosta em R$ 3,90

Índice passou o dia em queda, mas conseguiu registrar leve alta após Bolsonaro defender a reforma da Previdência no Twitter

Rodrigo Tolotti

Painel de cotações (Shutterstock)

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SÃO PAULO – Após passar boa parte do pregão desta quinta-feira (7) em queda, o Ibovespa ganhou força no fim do dia e conseguiu fechar no positivo, se descolar do movimento em Wall Street, onde os índices caíram forte diante da ausência de novidades sobre as conversas entre China e Estados Unidos para colocar fim à guerra tarifária.

Neste contexto, o Ibovespa fechou com leve alta de 0,13%, aos 94.340 pontos, encerrando assim uma sequência de quatro quedas. O volume financeiro ficou em R$ 13,078 bilhões. O contrato de dólar futuro com vencimento em abril, por sua vez, teve alta de 0,16%, a R$ 3,840, enquanto o dólar comercial disparou 1,28%, cotado a R$ 3,8847 na venda.

A moeda ganhou força no início da tarde após a sinalização “dovish” adotada pelo BCE (Banco Central Europeu), que além de manter os juros nas taxas mais baixas da história, também informou que fará uma oferta de empréstimos mais baratos a bancos. A indicação derrubou o euro e fez o dólar subir no mundo todo (clique aqui para saber mais).

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No mercado de juros, o contrato futuro com vencimento em janeiro de 2021 caiu 4 pontos-base, para 7,15%, enquanto o DI para janeiro de 2023 recuou 2 pontos-base, a 8,32%.

A bolsa conseguiu aliviar as perdas e até chegou a subir com leve intensidade após o presidente Jair Bolsonaro voltar para as redes sociais, mas desta vez para falar sobre a reforma da Previdência. Ele defendeu a aprovação do projeto, que deve começar a ser negociado com mais ênfase a partir da semana que vem. 

“Os avanços que o Brasil precisa dependem da aprovação da Nova Previdência. É a partir dela que o país terá condições de estabilizar as contas, potencializar investimentos, viabilizar uma rígida reforma tributária e enxugar ainda mais a máquina pública, reduzindo nossas estatais”, tuitou o presidente. 

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Destaques de ações

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 177,15 +3,23 -1,84 213,75M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 16,69 +1,95 +8,52 334,56M
 ITSA4 ITAUSA PN EDJ 12,29 +1,74 +7,99 401,02M
 VALE3 VALE ON 48,86 +1,69 -4,20 1,03B
 CYRE3 CYRELA REALTON 16,96 +1,44 +9,63 20,39M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CCRO3 CCR SA ON 12,70 -6,00 +13,39 276,52M
 ELET3 ELETROBRAS ON 33,19 -5,82 +36,98 187,48M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 35,10 -5,80 +24,60 157,80M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 9,98 -5,58 +6,40 64,20M
 CSNA3 SID NACIONALON 14,74 -2,71 +66,74 387,79M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE3 VALE ON 48,86 +1,69 1,03B 1,03B 40.112 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 26,77 +0,04 877,51M 1,29B 40.456 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN EDJ 35,33 +1,38 666,08M 786,13M 39.819 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 42,51 +0,71 540,55M 689,21M 26.210 
 B3SA3 B3 ON 31,09 -1,65 432,04M 329,08M 29.004 
 BBAS3 BRASIL ON ERJ 50,43 -0,34 426,64M 565,14M 21.919 
 ITSA4 ITAUSA PN EDJ 12,29 +1,74 401,02M 404,29M 32.953 
 CSNA3 SID NACIONALON 14,74 -2,71 387,79M 170,09M 29.311 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 16,69 +1,95 334,56M 397,15M 31.223 
 CCRO3 CCR SA ON 12,70 -6,00 276,52M 97,77M 60.887 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Bolsas mundiais

As bolsas dos Estados Unidos tiveram forte queda após a divulgação de dados do déficit comercial – que aumentou para US$ 59,8 bilhões em dezembro – evidenciando os efeitos negativos da guerra comercial com a China.

Com mais essa informação, os investidores aguardam com ansiedade pelo desfecho das conversas entre o governo de Donald Trump e a China para tentar colocar fim à disputa tarifária. Vale lembrar que o aumento nas tarifas a produtos chineses que deveria ter início em 1 de março foi adiado.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse ontem que as conversas com a China sobre comércio “têm evoluído bem”, mas não deu mais detalhes. O Wall Street Journal publicou nesta semana que os países caminham para um acordo, mas não há nenhuma confirmação oficial.

As tensões entre os países ganha novo ingrediente após a Huawei iniciar um processo contra os Estados Unidos alegando que a lei de Trump que proíbe a empresa de vender equipamentos para agências do governo é inconstitucional. A Huawei se diz vítima de uma “lei de confisco”. 

As bolsas europeias fecharam em queda após a fala do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, que afirmou que “a persistência de incertezas em relação aos fatores geopolíticos e à ameaça do protecionismo está pesando no sentimento econômico”. Conforme já era esperado pelo mercado, o BCE manteve a taxa de juros inalterada.

A autoridade monetária da zona do euro disse que agora pretende manter os juros nos baixos níveis atuais até o fim de 2019, para garantir que a inflação convirja para sua meta, que é de uma taxa ligeiramente inferior a 2%, no médio prazo. Anteriormente, o BCE planejava não ajustar os juros básicos até o fim do verão europeu de 2019.

Além disso, o BCE anunciou que fará uma nova rodada de Operações de Refinanciamento de Prazo Mais Longo Direcionadas (TLTROs, na sigla em inglês), que terá início em setembro deste ano e será concluída em março de 2021. As novas TLTROs terão vencimento de dois anos.

Os principais índices das bolsas asiáticas encerraram em queda, com exceção da China. A bolsa chinesa alcançou sua máxima em 9 meses diante das expectativas de estímulos para o crescimento da economia.  Pequim irá reduzir a chamada lista negativa, que estabelece restrições para investidores estrangeiros, e continuará fazendo aberturas experimentais nas zonas de livre comércio do país.

No mercado de commodities, os preços do petróleo sobem diante dos cortes na produção da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e das sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela e o Irã. O minério de ferro sobe no mercado futuro de Dalian, na China.

Vídeo polêmico

A ala militar do governo Bolsonaro classificou a postagem de um vídeo obsceno e escatológico no perfil do presidente no Twitter como “desnecessário” e de “baixo nível”, informa o jornal Valor Econômico. Com a repercussão, o Palácio do Planalto divulgou uma nota na noite de ontem em que afirma que o presidente não pretendia “criticar o Carnaval de forma genérica”. 

Na nota, o Planalto diz que as cenas postadas “escandalizaram, não só o próprio Presidente, bem como grande parte da sociedade”. “É um crime, tipificado na legislação brasileira, que violenta os valores familiares e as tradições culturais do carnaval”, afirma o texto.

Para o jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, a postagem de Bolsonaro configura quebra de decoro e poderia também justificar um pedido para sua saída do cargo.

“O que eu destaco é a absoluta desnecessidade de enviar este vídeo abjeto ao povo brasileiro para denunciar algo que tinha sido visto, previamente, por algumas centenas de pessoas”, disse o jurista ao jornal O Globo, destacando que o crime de praticar ato obsceno em público é menos grave do que sua divulgação, conforme o Código Penal. 

Para membros do Centrão, nenhuma declaração de Bolsonaro será grave o suficiente para ensejar um pedido de impeachment antes do desafio de mudar a Previdência, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. No entanto, integrantes da cúpula do Parlamento avaliam que Bolsonaro está, aos poucos, minando sua credibilidade para liderar mudanças estruturais, informa o jornal Folha de S. Paulo. 

“A falta de liturgia com a instituição da presidência e por fim, com o cargo de presidente tem levado Bolsonaro aos ‘pecados’ mais recentes, em especial os de comunicação, assemelhando-se finalmente ao pior da figura de Donald Trump”, afirma Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. 

Noticiário político

Novas denúncias de candidaturas laranja estão no radar do governo. Reportagem da Folha de S. Paulo informa que uma integrante do PSL em Minas Gerais acusa o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, de tê-la chamado pessoalmente para ser uma candidata laranja na eleição de 2018, com o compromisso de que ela devolvesse ao partido parte do dinheiro público do fundo eleitoral.

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Zuleide Oliveira, inscrita na disputa a deputada estadual, fez uma denúncia ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais em 19 de setembro, mas obteve apenas uma resposta protocolar da Justiça Eleitoral. A candidata é a primeira a implicar diretamente o hoje ministro no esquema de desvio de dinheiro público por meio de candidaturas de laranjas do PSL, partido de Jair Bolsonaro.

Procurado pela reportagem, o ministro do Turismo diz não se lembrar da reunião com Zuleide.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.