Ibovespa Futuro vira para leve alta com mercado de olho na disparada do petróleo

Mercado repercute incertezas geopolíticas após instalações da maior petroleira do mundo sofrerem atentado

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro vira para leve alta nesta segunda-feira (16) apesar do pessimismo global após o ataque de rebeldes iemenitas da etnia houthi a instalações da petroleira saudita Saudi Aramco, a maior do mundo.

Com o atentado, o petróleo chegou a disparar 19% nas bolsas globais de commodities. Às 09h33, o barril do Brent – usado como referência pela Petrobras – subia 10,7% a US$ 66,67, enquanto o barril do WTI avança 9,95% a US$ 60,30. 

O Ibovespa Futuro tem alta de 0,11% a 104.015 pontos. Ao mesmo tempo, o dólar futuro registra ganhos de 0,24% a R$ 4,097. 

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 valoriza um ponto-base a 5,36%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 sobe na mesma proporção, a 6,48%. 

A notícia sobre o petróleo deve trazer ainda mais expectativa pelas reuniões do Federal Reserve e do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira (18). Diversos analistas manifestam temores de que a nova incerteza geopolítica se transforme em combustível para discursos mais hawkish (contrários a cortes de juros) dos membros do Fed. 

“Caso a situação não se normalize rapidamente, esse evento aumentará as chances de um cenário de maior desaceleração de crescimento com riscos inflacionários tanto para o Brasil quanto para o mundo. Esse episódio deverá impor maior cautela nas decisões de juros essa semana”, destaca a XP Investimentos. 

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Ofuscada pelo petróleo, mas não menos importante, a produção industrial da China teve uma expansão de 4,4%, bem abaixo do consenso de mercado, que apontava para crescimento de 5,2%. O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, disse que nas atuais condições será muito difícil que a economia do país cresça 6% como é a meta do governo. 

Relatório Focus

O mercado financeiro espera que a taxa básica de juros, a Selic, seja reduzida em 0,5 ponto percentual, dos atuais 6% ao ano para 5,5% ao ano, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), marcada para esta terça e quarta-feira (18).

A expectativa consta da pesquisa semanal do BC a instituições financeiras no Boletim Focus.

Bolsas Internacionais

Os futuros de Nova York operam em baixa nesta manhã, indicando uma abertura negativa dos negócios, no primeiro declínio em nove dias do Dow Jones. A queda reflete os ataques, por meio de drones, à petroleira da Saudi Aramco, na Arábia Saudita, no final de semana.

À CNBC, o estrategista de commodities Bob Ryan, da BCA Research, “este é o maior choque de oferta de todos os tempos”. “O mercado pode apertar significativamente se a interrupção chegar de fato a semanas, ao invés de dias”, acrescentou.

O CEO da Aramco, Amin Nasser, disse que está em andamento um trabalho para restaurar a produção. A empresa emitirá uma atualização de progresso na próxima terça (17). No entanto, levará semanas para que a empresa retome a capacidade total de produção nas instalações danificadas, de acordo com pessoas familiarizadas com as estimativas de danos na Arábia Saudita.

“É definitivamente pior do que esperávamos nas primeiras horas após o ataque, mas estamos nos certificando de que o mercado não sofra escassez até estarmos totalmente on-line”, disse uma autoridade saudita.

O secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Mohammad Barkindo, disse que a Arábia Saudita conteve a situação até o momento, após sofrer no fim de semana ataques com drones que comprometeram cerca de metade de sua produção de petróleo, e dispõe de “amplos estoques”.

Em entrevista à TV Bloomberg, Barkindo afirmou também que o foco agora da Opep+, que reúne o cartel e outros grandes produtores como a Rússia, é garantir a segurança da oferta. Ele ressaltou, contudo, que o grupo não tem planos de convocar uma reunião de emergência, embora esteja monitorando o assunto de perto.

Barkindo disse ainda que não há pânico nos mercados e o que o salto nos preços do petróleo, que chegou a quase 20%, foi apenas uma reação inicial.

Na Ásia, com Tóquio fechada, os mercados da China e de Hong Kong fecharam em queda. O ritmo de crescimento da produção industrial chinesa foi o menor em mais de 17 anos, com alta de 4,4% em agosto – abaixo da previsão de analistas consultados pela Reuters, que era de alta de 5,2%.

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Já as vendas do varejo subiram 7,5%, abaixo das projeções do mercado, de alta de 7,9%, e ligeiramente abaixo do crescimento do mês anterior, de 7,6%, ambos na comparação anual.

O primeiro-ministro da China, Li Keqiang, afirmou no domingo, que será “muito difícil” que a China mantenha um ritmo de crescimento de 6,0% ao ano nas atuais condições da economia global. A meta chinesa para este ano é crescer entre 6,0% e 6,5%. No segundo trimestre, o PIB do país cresceu 6,2%, no ritmo mais lento em 27 anos.

“Para a China manter um crescimento de 6% ou mais é muito difícil, em meio à situação internacional complicada e a uma base relativamente alta”, disse Li em uma entrevista à impressa russa que foi reproduzida pelo site oficial do governo chinês. “Essa taxa (6,0%) está no topo das economias líderes do mundo.”

Na Europa, as bolsas operam em queda generalizada, após os ataques à produção de petróleo saudita e dados mais fracos da China.

Além disso, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, reiterou neste domingo que os próximos dias serão fundamentais para garantir um acordo com o Brexit enquanto ele se prepara para se encontrar com líderes europeus.

Noticiário Corporativo

O jornal O Globo trouxe que o governo pretende mudar o regime de exploração de áreas do pré-sal, atualmente leiloadas apenas no regime de partilha, apoiando o projeto do senador José Serra (PSDB-SP), onde a Petrobras perde o direito de exercer preferência por blocos a cada leilão na área. Segundo a publicação, a ideia é que se possa usar também o modelo de concessão, o que tem potencial para aumentar a arrecadação federal no curto prazo, com impacto positivo sobre as contas públicas.

A Petrobras informou que iniciou a etapa de divulgação da oportunidade de desinvestimento referente à venda da totalidade de suas participações em duas concessões terrestres, incluindo instalações de escoamento, denominadas Polo Cupiúba e Carapanaúba, localizadas no estado do Amazonas. Eles compreendem duas concessões terrestres, com instalações integradas, com produção média, em 2018, de cerca de 81 bpd de óleo e 82 mil m3/dia de gás. A Petrobras é operadora com 100% de participação.

A Petrobras aprovou ainda um plano de pessoal para empregados lotados em ativos/unidades em processo de desinvestimento, que prevê três ferramentas: Recrutamento Interno, Procedimento de Desligamento por Acordo (PDA) e um Programa de Desligamento Voluntário (PDV) Específico. O plano de pessoal será apresentado aos empregados no início da fase vinculante de cada processo de desinvestimento.

A Coluna Painel SA da Folha publicou que Japão, China, EUA e Argentina devem ser países para os quais a Marfrig deverá começar a exportar sua carne vegetal. No Brasil, a primeira grande rede de fast food a comercializar o produto foi a Burger King, o que gerou filas no lançamento em uma de suas lojas, em São Paulo, este mês.

A CSN informou que a sua subsidiária Transnordestina Logística vem mantendo tratativas com o governo federal para a retomada de suas obras. “Contudo, não houve, até o presente momento, qualquer definição sobre essa questão, não existindo, portanto, qualquer fato a ser divulgado ao mercado nos termos da legislação em vigor”, afirmou a empresa, após ser questionada pela CVM por conta de reportagem do jornal Valor.

O GPA comunicou que a sua subsidiária Sendas protocolou o pedido de autorização da oferta pública de aquisição de até a totalidade das ações de emissão do Éxito S.A. perante a Superintendência Financeira da Colômbia, ao preço de 18.000 pesos colombianos por ação de Éxito.

(Com Agência Estado, Agência Brasil e Bloomberg)

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.