Ibovespa Futuro cai com coronavírus de Trump e indicadores; dólar recua a R$ 5,62

Pré-market mostra perdas diante de maiores incertezas em relação à corrida presidencial dos EUA

Ricardo Bomfim

(Austin Distel/Unsplash)

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre em queda nesta sexta-feira (2) seguindo o desempenho das bolsas internacionais depois que o presidente americano, Donald Trump, anunciou que ele e a primeira-dama, Melania Trump, estão infectados pelo coronavírus.

A notícia eleva as incertezas em torno das eleições presidenciais que ocorrem em 3 de novembro. Os dois fizeram exames para a Covid-19 após a conselheira próxima do presidente, Hope Hicks, ser diagnosticada com o novo coronavírus. O presidente, que tem 74 anos, informou que vai iniciar uma quarentena justamente na reta final da campanha.

Vale lembrar que foi esta semana que ocorreu o primeiro debate de Trump com o candidato democrata, Joe Biden, em Cleveland, Ohio.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Também impacta o mercado a geração de empregos abaixo da esperada em setembro pelos EUA. O país criou 661 mil vagas, conforme revelou o Departamento de Trabalho. O número veio abaixo da mediana das expectativas dos economistas compilada no consenso Bloomberg, que apontava para a geração de 875 mil postos de trabalho no período.

Já a taxa de desemprego na maior economia do mundo ficou em 7,9%, ante estimativas de que caísse de 8,4% para 8,2%.

No Brasil, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que os juros voltarão a subir se o governo abrir mão do “arcabouço vigente”. Segundo a Folha de S.Paulo, a fala foi interpretada como um alerta contra o uso de precatórios e parte do Fundeb para financiar o programa Renda Cidadã.

Continua depois da publicidade

Já o presidente Jair Bolsonaro afirmou em live nas redes sociais na quinta-feira que “segue a linha do Paulo Guedes” e que o ministro tem a palavra final sobre a política econômica.

Também por aqui, a produção industrial cresceu 3,2% em agosto, revelou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número veio abaixo da mediana das projeções dos economistas, que apontava para expansão de 3,8% no setor.

Às 09h40 (horário de Brasília), o índice futuro para outubro tinha baixa de 0,56%, aos 94.730 pontos.

Continua depois da publicidade

Enquanto isso, o dólar comercial cai 0,32% a R$ 5,635 na compra e a R$ 5,636 na venda. O dólar futuro com vencimento em novembro registrava leves perdas de 0,1%, a R$ 5,642.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 opera estável a 3,14%, o DI para janeiro de 2023 recua dois pontos-base a 4,57%, o DI para janeiro de 2025 tem queda de seis pontos-base a 6,47% e o DI para janeiro de 2027 registra variação negativa de sete pontos-base a 7,41%.

De acordo com o Estadão, o impasse sobre o Renda Cidadã é tão grande que o governo cogita até mesmo voltar ao nome original, Renda Brasil. No momento, lideranças do Congresso querem retomar a articulação para montar o programa a partir de uma revisão dos benefícios atuais.

Publicidade

Entre as empresas, o destaque é o aval dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para que a Petrobras continue a vender ativos de refino e logísticos.

Teto de gastos

Em uma sessão de perguntas e respostas, Campos Neto explicou que a manutenção do teto seria muito importante para a preservação do atual regime fiscal. Segundo participantes, o presidente do BC afirmou ainda que qualquer solução criativa seria interpretada como estouro do teto, de acordo com o jornal.

A criação do Renda Cidadã usando estas fontes de financiamento já havia sofrido forte oposição nos últimos dias. Com isso, a expectativa é que o governo só deve definir o lançamento do programa social depois das eleições municipais de novembro, de acordo com O Globo.

Continua depois da publicidade

Segundo o jornal, a ala política do governo avalia a criação de um novo imposto vinculado ao programa social. Além disso, está em discussão uma revisão nas despesas da União para abrir espaço no teto de gastos públicos.

De acordo com o Estadão, o impasse sobre o programa é tão grande que o governo cogita até mesmo voltar ao nome original, Renda Brasil. No momento, lideranças do Congresso querem retomar a articulação para montar o programa a partir de uma revisão dos benefícios atuais.

Já o presidente Jair Bolsonaro afirmou na quinta-feira que “segue a linha do Paulo Guedes” e que o ministro tem a palavra final sobre a política econômica. A sinalização a Guedes ocorreu um dia depois do chefe da economia voltar atrás no anúncio do governo sobre o uso de precatórios para bancar um novo programa social ainda em análise.

Publicidade

“A nossa política é livre-mercado. Seguir a linha do Paulo Guedes”, disse em transmissão ao vivo nas redes sociais. A declaração sobre a política de mercado brasileira, foi feita após o presidente negar a possibilidade de tabelamento de preços por conta na alta de produtos, como ocorreu com arroz.

Cortes na educação

Outro destaque é a proposta do presidente Jair Bolsonaro ao Congresso Nacional de corte de R$ 1,4 bilhão nos recursos do Ministério da Educação para acomodar gastos com obras e outras ações patrocinadas pelos parlamentares. A pasta recebeu o maior corte na proposta de remanejamento de R$ 6,118 bilhões, formalizada ontem.

Segundo o Estadão, o Ministério do Desenvolvimento Regional foi o maior beneficiado e deve receber R$ 2,3 bilhões. Outro R$ 1,06 bilhão ficará com a Infraestrutura. O restante será dividido entre Saúde, Minas e Energia e Agricultura. O remanejamento faz parte do acordo entre Bolsonaro e o Congresso para iniciar o plano Pró-Brasil.

Além disso, o presidente confirmou ontem a escolha do desembargador Kassio Nunes Marques, do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF-1), para assumir a vaga aberta na Corte com a aposentadoria de Celso de Mello, no próximo dia 13 de outubro.

As relações internacionais esquentaram ontem, depois que o presidente Bolsonaro afirmou que o Brasil precisa ter as Forças Armadas preparadas para proteger a Amazônia.

Ele fez a declaração após comentar o debate entre Donald Trump e Joe Biden, candidatos à Presidência dos Estados Unidos. Bolsonaro é aliado de Trump e criticou a afirmação de Biden de que pode impor sanções ao Brasil caso seja eleito devido às queimadas na floresta amazônica, de acordo com a Folha.

A polêmica ocorre em meio a uma forte saída de recursos estrangeiros do país. De acordo com dados divulgados pela B3, o saldo negativo na bolsa de valores no ano até o dia 29 de setembro soma R$ 88,2 bilhões. O valor representa o dobro do registrado em todo o ano passado, quando os estrangeiros retiraram R$ 44,5 bilhões.

Radar corporativo

Entre as empresas, o destaque é o aval dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para que a Petrobras continue a vender ativos de refino e logísticos. Além disso, o Ministério Público pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) a abertura de uma investigação sobre indícios de irregularidades na gestão do Banco do Brasil.

Já a Vale teve seu rating elevado pela agência de classificação de riscos Moody’s para Baa3, com perspectiva estável, citando melhorias observadas nas práticas ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) da empresa.

A Telefônica Brasil aprovou a conversão de todas as suas ações preferenciais em ações ordinárias, na proporção de uma ON para uma PN, enquanto a Notre Dame Intermédica Participações comprou a Lifeday Planos de Saúde, por meio de sua subsidiária integral Clinipam, por R$ 70 milhões. Além disso, a Cielo vendeu 40,95% do capital social da Orizon para a Bradseg participações, por R$ 128,9 milhões.

Profissão Broker: como fazer carreira na elite da bolsa da valores, mesmo saindo do zero.

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.