Ibovespa Futuro tem leve baixa com expectativas por pacote do governo e sinalizações do Fed; dólar sobe

Pré-market mostra desempenho fraco enquanto os investidores monitoram o desfecho político da questão dos programas sociais

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre entre perdas e ganhos nesta quarta-feira (26) em um dia de noticiário mais calmo depois da leve baixa do índice à vista ontem, provocada pelo desempenho negativo da Vale e pelas preocupações com a demora do governo em anunciar as medidas do megapacote apelidado de “Big Bang”.

A relação entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o Senado também está no radar, depois que a Casa convidou o ministro a esclarecer declarações consideradas ofensivas sobre a votação do reajuste a servidores.

Chamam atenção também o movimento do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em busca de uma possível reeleição, e a aprovação do novo Fundeb, que é o principal mecanismo de financiamento da educação básica pública no Brasil.

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Lá fora, os investidores monitoram o simpósio anual de Jackson Hole em busca de indicações sobre o futuro da política monetária nos Estados Unidos, embora o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ocorra apenas amanhã.

Às 09h13 (horário de Brasília) o contrato futuro do Ibovespa para outubro tinha leve baixa de 0,36%, aos 101.695 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial sobe 0,21% a R$ 5,5382 na compra e a R$ 5,5388 na venda. O dólar futuro para setembro tinha alta de 0,61%, a R$ 5,544.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 opera estável a 2,78%, o DI para janeiro de 2023 avança três pontos, a 3,98%, o DI para janeiro de 2025 registra alta de seis pontos-base a 5,82% e o DI para janeiro de 2027 sobe sete pontos-base a 6,84%.

Ontem, foi divulgada a confiança do consumidor norte-americano, que caiu em agosto para o menor nível desde 2014, devido ao desemprego e às incertezas sobre estímulos federais à economia, reacendendo dúvidas sobre a retomada da economia mundial após o choque do novo coronavírus, embora números americanos sobre vendas de novas moradias tenham surpreendido positivamente.

Também na véspera, na Alemanha, foi aprovada a extensão das medidas de alívio para os efeitos da crise da Covid-19, como a do subsídio que será prorrogado, até março de 2021, para impulsionar a geração de emprego.

No mercado de commodities, os operadores do mercado de petróleo estão atentos à trajetória do furacão Laura, que prejudicou a produção no Golfo do México e deverá atingir os estados americanos do Texas ou Louisiana no fim desta quarta, e à pesquisa oficial sobre estoques dos EUA, que é elaborada pelo Departamento de Energia (DoE).

Pacote do governo

O megapacote do governo, que seria anunciado ontem, enfrenta agora um novo impasse. O presidente Jair Bolsonaro sinalizou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que não está disposto a acabar com o abono salarial, de acordo com o jornal O Globo.

O benefício, pago a trabalhadores que recebem até dois salários mínimos, é a principal fonte de financiamento proposta pela equipe econômica para o novo programa social, que irá substituir o Bolsa Família. O abono salarial beneficia cerca de 23,2 milhões de trabalhadores e deve custar aos cofres federais R$ 18,3 bilhões neste ano.

Outro ponto de conflito é o valor do programa, pois o presidente quer um valor médio superior ao proposto pela equipe econômica, que é em torno de R$ 270. Ontem, Guedes avisou o presidente que o novo programa social só poderá ter benefício médio superior a R$ 300 se as deduções do Imposto de Renda da pessoa física forem extintas.

Para obter o apoio do Senado e da Câmara, a equipe de Guedes deve começar a apresentar detalhes do plano aos líderes aliados, destacou o jornal.

No entanto, a relação de Guedes com o Senado pode atrapalhar as conversas. Ontem, o Senado convidou o ministro a comparecer à casa para responder sobre declarações consideradas ofensivas pelos senadores.

Isso porque Guedes acusou o Senado de “cometer um crime contra o país” ao derrubar o veto presidencial ao reajuste de servidores diretamente envolvidos no combate à pandemia. O encontro ainda não tem data definida, segundo a Agência Senado.

A respeito do megapacote do governo, o jornal Valor Econômico noticiou que o Renda Brasil não deve nascer com um valor definitivo. Ou seja, a ideia é que ele seja um processo que incorpore políticas mal avaliadas pela equipe econômica.

O governo poderá divulgar mais informações oficiais ainda esta semana. Ontem, o presidente Jair Bolsonaro disse que ainda não definiu o valor do auxílio emergencial, mas que todo o pacote econômico e social será definido até a próxima sexta-feira (28).

Ontem, o governo anunciou somente o programa habitacional Casa Verde Amarela. Chamou atenção a ausência do ministro da economia no evento, principalmente porque vários outros ministros estavam presentes.

O público-alvo do programa Casa Verde Amarela, que é uma adaptação do Minha Casa Minha Vida, são famílias com renda média mensal de até R$ 7 mil. Os incentivos serão maiores para as regiões Norte e Nordeste. As mudanças foram feitas via Medida Provisória, que será enviada ao Congresso Nacional para votação.

Reeleição no Legislativo

No noticiário nacional, outro destaque é a notícia de que os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), têm mantido conversas reservadas com ministros do Supremo Tribunal Federal sobre a possibilidade de concorrerem à reeleição, em fevereiro de 2021.

O jornal O Estado de S.Paulo destacou que a movimentação marca uma mudança na postura de Maia, que até então vinha deixando ao colega senador a missão de articular uma saída jurídica que permita a recondução, hoje autorizada apenas em legislaturas diferentes.

Além disso, ontem foi aprovado no Senado, por unanimidade, o novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), tornando-o permanente e com mais recursos da União.

O texto será promulgado hoje, às 11h, em sessão solene no Congresso Nacional. Esse é o principal mecanismo de financiamento da educação básica pública no Brasil. Segundo O Estado de S.Paulo, especialistas dizem que o fundo tem ainda mais relevância no cenário da pandemia, que exigirá maior esforço para garantir acesso, permanência na escola, além de qualidade de ensino.

O Fundeb foi criado em 2007 como um mecanismo temporário, mas agora será permanente, e terá mais recursos repassados pela União a Estados e municípios para pagar professores e outras despesas.

A PEC aumenta complementação da União na cesta do Fundeb dos atuais 10% do montante para 23%, em seis anos. Válido a partir de 2021, o fundo deve beneficiar mais 17 milhões de estudantes. No modelo atual, municípios pobres em Estados ricos saem prejudicados.

Radar corporativo

O mercado acompanha hoje o resultado do segundo trimestre da Yduqs (YDUQ3), após o fechamento do mercado. Também nesta quarta-feira começam as negociações das ações emitidas pela Rumo em oferta primária.

Outro destaque foi o resultado da Qualicorp (QUAL3), que divulgou ontem à noite lucro líquido de R$ 126,7 milhões no segundo trimestre de 2020, alta de 21,5% ante o mesmo período do ano anterior. O resultado foi beneficiado por ganhos não recorrentes com a venda de ativos.

Além disso, a Eneva (ENEV3) anunciou um acordo de acionistas entre as gestoras de fundos de investimentos Atmos, Dynamo e Velt, enquanto o presidente da Petrobras (PETR3;PETR4) afirmou que nem o governo nem o Congresso são favoráveis a uma privatização da estatal. Já a CSN (CSNA3) informou que avalia a oferta pública de ações da CSN Mineração.

(Com Bloomberg e Agência Estado)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.