Ibovespa Futuro sobe seguindo exterior em meio a vacinação e estímulos nos EUA e na Europa; dólar cai 1%

Pré-market mostra ganhos estendendo o otimismo que toma conta dos investidores em dezembro

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre em alta nesta quinta-feira (17) seguindo o exterior diante das expectativas por vacinação e estímulos nos Estados Unidos e na Europa. Os investidores também repercutem os anúncios do Federal Reserve na véspera.

As notícias são de que as autoridades europeias querem acelerar a vacinação contra o coronavírus antes do Natal ao mesmo tempo em que parlamentares da União Europeia aprovaram um pacote de estímulos de 1,8 trilhão de euros.

Já nos EUA, líderes do Congresso discutem os ajustes finais no acordo para um pacote de US$ 900 bilhões em estímulos contra os impactos econômicos da pandemia.

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Por aqui, o Congresso aprovou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021, acabando com o risco de um shutdown – paralisação completa dos serviços públicos. A meta de déficit público foi estabelecida em R$ 247,1 bilhões e as expectativas são de que a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2021 fique para o ano que vem.

Os investidores brasileiros também repercutem o relatório de inflação do Banco Central. O BC piorou levemente sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) do ano que vem a um crescimento de 3,8%, contra alta de 3,9% calculada em setembro, conforme o documento. Para este ano, a autoridade monetária revisou sua estimativa a uma contração de 4,4%, melhora frente a uma queda de 5% vista anteriormente.

Às 09h16 (horário de Brasília), o índice futuro para dezembro tinha alta de 0,55%, aos 118.545 pontos.

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Enquanto isso, o dólar comercial caía 1,06% a R$ 5,0509 na compra e a R$ 5,0519 na venda. O dólar futuro com vencimento em janeiro de 2021 registrava queda de 0,51%, a R$ 5,056.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 cai dois pontos-base a 2,96%, o DI para janeiro de 2023 tem queda de três pontos-base a 4,32%, o DI para janeiro de 2025 recua quatro pontos-base a 5,89% e o DI para janeiro de 2027 registra variação negativa de quatro pontos-base a 6,72%.

Sobre o Fed, na quarta o banco central dos EUA ajustou sua política de apoio à economia dos Estados Unidos, após dois dias de reuniões. Como esperado, a autoridade monetária manteve as taxas de juros referenciais próximas a zero.

O Fed também anunciou que pretende continuar comprando ao menos US$ 120 bilhões em papéis mensalmente, “até que progresso substancial seja feito em direção às metas máximas do Comitê quanto a estabilidade de preços e emprego”.

O Comitê Federal de Mercado Aberto do Fed também adicionou, em declaração, que “essas compras de ativos ajudam a promover o funcionamento suave do mercado, e condições financeiras acomodativas, dando suporte, dessa forma, ao fluxo de crédito a lares e negócios”.

Anteriormente, o Fed havia se comprometido a não elevar as taxas de juros até que a inflação ultrapasse a meta de 2%, mesmo se o desemprego atingir níveis que, normalmente, sinalizam pressão sobre os preços.

O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou avaliar que o preço atual das ações não está necessariamente alto, quando se leva em consideração o nível particularmente baixo das taxas de juros.

No Reino Unido, hoje o banco central britânico manteve seu programa de estímulo enquanto o país segue em negociações para um acordo comercial com a União Europeia posterior ao Brexit.

O Banco da Inglaterra deixou inalterado seu programa de compra de títulos em 895 bilhões de libras (US$ 1,2 trilhão), depois de tê-lo elevado em 150 bilhões de libras no mês passado. A taxa de juros também foi mantida em sua mínima histórica, em 0,1%.

Aprovação da LDO e disputa pela Câmara

O Congresso aprovou na quarta o projeto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para 2021, essencial para evitar a parada da máquina pública a partir de 1 de janeiro. A votação do detalhamento do Orçamento de 2021, no entanto, deve ficar apenas para o próximo ano, quando o Congresso irá analisar a Lei Orçamentária Anual (LOA), onde são estimadas as receitas e fixadas as despesas do governo federal.

O Ministério da Economia considerou um INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de apenas 4,1% em 2020 em seus cálculos sobre a despesa total da União em 2021 que consta na LDO.

De acordo com o jornal Valor, o índice deve ficar, no entanto, em 4,8%. Assim, governo teria subestimado em R$ 5,378 bilhões os gastos em 2021.

Na quarta, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) voltou a afirmar que a pauta do ministro da Economia, Paulo Guedes, é minoritária no governo. Ele afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teria desistido de qualquer medida de corte de gastos.

“A impressão que eu tenho é que o palácio não tem mais interesse em votar matérias que geram desgaste, como a PEC Emergencial. O que eu ouvi, não tenho informações, é o que eu ouvi, é que na reunião com o [senador] Marcio Bittar o presidente [Bolsonaro] disse que não quer votar mais nenhum corte de gastos”, afirmou Maia a jornalistas. Bittar é autor da PEC Emergencial, que criaria “gatilhos” visando impedir o descumprimento do teto de gastos. Os gatilhos também ficaram de fora do projeto de reestruturação da dívida dos estados.

“A minha dúvida é se o Paulo Guedes hoje é majoritário no governo, eu acho que não. Essa política, na qual os políticos sempre defenderam ampliação de gastos, os militares sempre defenderam ampliação de gastos, acho que está com mais força. Minha percepção é de que o Paulo perdeu a força dessas políticas que geram desgaste, mas que são melhores da sociedade. A eleição só é daqui a dois anos”, disse Maia.

Rodrigo Maia articula para eleger seu sucessor na Presidência da Câmara dos Deputados. Com MDB, DEM, PSDB, PV, Cidadania e PSL, seu bloco tem 158 deputados. Caso haja adesão de partidos de esquerda, excluindo Psol, poderia obter mais 122, o que lhe daria maioria.

O candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro é Arthur Lira líder do PP na Câmara, que soma 214 deputados. Ele conquistou recentemente o apoio do presidente do Republicanos, Marcos Pereira, de São Paulo.

Novos casos de Covid

O consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil divulgou, às 20h de quarta, o avanço da pandemia no Brasil em 24h. Ficaram de fora dados do estado de São Paulo, que não enviou seu boletim, alegando falhas no Sivep (Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica) do Ministério da Saúde.

Mesmo assim, foram confirmados 68.437 novos casos, o segundo maior patamar desde o início da pandemia. O ápice foi em 29 de julho, com 70.869 casos. A média móvel nos últimos 7 dias foi de 44.654 novos diagnósticos por dia, 10% a mais do que o patamar de 14 dias antes.

Foram registradas 968 mortes por covid no intervalo. Mesmo sem os dados de São Paulo, é o maior patamar desde 15 de setembro, quando o país registrou 1.090 mortes. Assim, a média móvel nos últimos 7 dias atingiu 684, alta de 26% frente o patamar de 14 dias antes. Foi a média móvel mais elevada desde 1º de outubro, quando o patamar de 698 mortes foi atingido.

Segundo reportagem de bastidores publicada na quarta à noite pelo portal UOL, o Ministério da Saúde, comandado pelo general Eduardo Pazuello, está em fase de acertos finais com o Instituto Butantan, para a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac.

No Brasil, ela será fabricada a partir de insumos importados, pelo Butantan, ligado ao governo do estado de São Paulo, comandado pelo rival de Bolsonaro, João Doria (PSDB). Em outubro, Bolsonaro chegara a desautorizar Pazuello após o ministro anunciar a intenção do governo federal de adquirir o imunizante.

Mais cedo na quarta, o general Pazuello afirmou que as primeiras vacinas contra covid podem estar disponíveis para aplicação a partir de meados de fevereiro, considerando o estágio do produto desenvolvido pela parceria entre AstraZeneca e Universidade de Oxford, que deve ser produzida no Brasil pela Fiocruz, e da Sinovac.

Em entrevista coletiva após o lançamento do Plano Nacional de Vacinação, Pazuello afirmou que será necessária assinatura de termo de responsabilidade por quem tomar vacinas aprovadas para uso emergencial.

Nesta quinta, o STF (Supremo Tribunal Federal) continua o julgamento de duas ações sobre a obrigatoriedade da vacinação contra covid, protocoladas por PDT e PTB. No início da sessão de terça, o ministro Luiz Fux, presidente do STF, afirmou que a expectativa é de que o julgamento seja finalizado antes do recesso. O Supremo realiza sua última sessão do ano na manhã de sexta (18).

Na quarta, o ministro Ricardo Lewandowski, relator de uma das ações, votou a favor de medidas restritivas indiretas, visando obrigar a população a se vacinar contra a covid. Entre essas medidas estão “restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de determinados lugares, desde que previstas em lei, ou dela decorrentes”.

Ele disse avaliar que “vacinação compulsória não significa vacinação forçada, por exigir sempre o consentimento do usuário”, e afirmou que vacinação forçada seria inconstitucional.

Nesta quarta, o julgamento terá continuidade com o voto do ministro Luís Roberto Barroso, relator de outra ação, que questiona se pais podem deixar de vacinar seus filhos com base em “convicções filosóficas, religiosas, morais e existenciais”.

Além disso, seguindo anúncio feito no dia anterior pela cidade do Rio de Janeiro, que cancelou eventos relacionados a comemorações de Ano Novo, a cidade de São Paulo anunciou na quarta que cancelou a queima de fogos, com o intuito de desincentivar aglomerações.

Radar corporativo

A fabricante de painéis de madeira Guararapes, com sede em Santa Catarina, pediu na quarta o registro para realizar sua oferta inicial pública de ações (IPO). A operação, a ser coordenada por Bank of America, BTG Pactual, XP, Citi, Bradesco BBI e UBS-BB, envolve a venda de ações novas, além de uma participação detida pelo fundo de investimento Brasil Agronegócio, da BRZ Investimentos. Já as ações da Neogrid começam a ser negociadas após IPO.

O conselho de administração da Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgotos) aprovou na quarta, por maioria de votos, processo de concessão de partes da companhia, que tem potencial para levantar mais de R$ 10 bilhões para o Rio de Janeiro, segundo cálculos do governo estadual e do BNDES.

O Conselho de Administração da BR Distribuidora aprovou na quarta a remuneração antecipada de R$ 498,12 milhões em juros sobre o capital próprio (JCP) referentes ao exercício de 2020, informou a companhia em fato relevante. O montante corresponde a R$ 0,43 por ação, segundo a distribuidora de combustíveis, que acrescentou que o pagamento será efetuado em 12 de janeiro de 2021, com base na posição acionária de 21 de dezembro deste ano.

O grupo de medicina diagnóstica Fleury anunciou na quarta o lançamento de sua plataforma de testes genéticos com foco no mapeamento genético, a Sommos DNA. Segundo a companhia, o objetivo é identificar mutações no DNA e a relação com possível desenvolvimento de doenças a longo prazo ou que podem ser herdados por filhos, explicando que o serviço poderá detectar predisposição a doenças hereditárias.

Ainda no radar das empresas, a Aneel promove leilão de linhas de transmissão que deve atrair gigantes do setor de energia: Estado, enquanto a Vale e autoridades devem ter quarta audiência para tentar acordo de compensações sobre Brumadinho. Já o Bradesco aprovou JCP de R$ 3,5 bilhões.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.