Ibovespa Futuro sobe seguindo exterior e de olho em votação de crédito suplementar

Mercado acompanha exterior após cair forte ontem por conta das revelações contra Sérgio Moro e se atenta ao Congresso

Ricardo Bomfim

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre em alta nesta terça-feira (11) após o índice à vista ter uma leve queda no último pregão diante de preocupações com os vazamentos de conversas do ministro da Justiça, Sérgio Moro. Hoje, o mercado acompanha o dia de ganhos no exterior e fica de olho na sessão da Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso, que precisa aprovar um crédito suplementar de R$ 248,9 bilhões para que o governo cumpra a regra de ouro. 

Às 9h11 (horário de Brasília), o contrato futuro do Ibovespa para junho subia 0,78% a 98.005 pontos, enquanto o dólar futuro com vencimento em julho cai 0,21% a R$ 3,8835. 

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 cai quatro pontos-base a 6,22%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 recua três pontos-base a 7,15%.  

Continua depois da publicidade

É vital para o governo que o Congresso chegue a um acordo sobre o crédito suplementar, pois sem isso, há duas opções: ou o Planalto deixa de pagar Benefício de Prestação Continuada (BPC), depois crédito rural e Bolsa Família ou incorre em crime de responsabilidade fiscal, correndo risco de sofrer um impeachment. 

O grande desafio é conseguir superar as obstruções que a oposição planeja fazer durante toda a semana por conta da divulgação das mensagens que Moro trocou com o procurador da força-tarefa da Lava-Jato, Deltan Dallagnol. Em duas mensagens, o ex-juiz e atual ministro sugere que se invertam fases da operação e se reduza o intervalo entre uma ação e outra.

Essas frases são vistas como interferências no trabalho do Ministério Público e reforçam suspeitas de que Moro não fosse totalmente isento. O problema que muitos apontam é que não se sabe de onde o Intercept tirou as informações e se elas têm relação com o ataque hacker que o ministro sofreu recentemente. Se for o caso, seriam informações obtidas mediante crime. 

Continua depois da publicidade

Ainda estão previstas para hoje novas negociações dos deputados com governadores para que os estados sejam contemplados pela reforma da Previdência. Este é o principal foco de conflito no texto atual, que deve ter seu relatório lido pelo deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) na quinta-feira (13) na Comissão Especial da Câmara. 

China

Enquanto isso, o mercado acompanha o exterior, com o minério de ferro em alta de cerca de 6% e o brent com ganhos de cerca de 1% com notícias de que os governos locais na China vão ter mais espaço para investir em infraestrutura e se contrapor às tarifas americanas.

Autoridades chinesas prometeram apoiar emissões de bônus com propósito específico por governos locais, depois de Pequim dar seu aval à tomada de recursos para ajudar a impulsionar o crescimento econômico. O governo chinês vai ampliar esforços para acelerar o financiamento de grandes projetos por meio dessas emissões, que são usadas basicamente para gastos em infraestrutura.

Publicidade

As medidas têm como objetivo fortalecer a coordenação entre agências governamentais, manter ampla liquidez e garantir uma taxa de crescimento dentro de faixa razoável, afirma o comunicado de ontem.

A China prevê que governos locais emitirão este ano 2,15 trilhões de yuans (US$ 310 bilhões) em bônus com propósito específico voltados para projetos de infraestrutura, montante bem maior que o total de 1,35 trilhão de yuans emitido no ano passado.

Noticiário corporativo

Entre os destaques corporativos está o anúncio ontem à noite da Petrobras de que recebeu o valor aproximado de R$ 265 milhões, em decorrência de acordo de leniência da Braskem celebrado com a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União (AGU). A Braskem já havia devolvido R$ 564 milhões à Petrobras, por acordos com Ministério Público Federal (MPF), que, somado ao valor restituído agora, totaliza cerca de R$ 829 milhões.

Continua depois da publicidade

A venda das ações da Petrobras em poder da Caixa Econômica Federal deve ter efeito positivo no banco estatal, elevando o seu patrimônio líquido, que somava R$ 81,2 bilhões ao final do ano passado. O potencial impacto, que pode ser bilionário, depende, contudo, do preço do papel na operação, anunciada nesta segunda-feira, 10, ao mercado.

O jornal Valor Econômico destaca que os conselheiros da BRF estão divididos em relação à uma eventual fusão com a Marfrig. A união das empresas seria benéfica no longo prazo, criando competitividade global e dando saúde financeira, porém haveria riscos de governança, choque cultural e baixa sinergias.

As companhias aéreas Gol e a Latam esperam que, caso a falência da Avianca seja decretada, na próxima semana – a decisão que seria ontem foi adiada –, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) faça a redistribuição dos horários de pousos e decolagens dos slots da empresa como manda a atual legislação, que prevê a divisão das posições igualmente entre as aéreas que já operam nos aeroportos, diz o Valor.

Publicidade

Quer investir com corretagem ZERO na Bolsa? Clique aqui e abra agora sua conta na Clear!

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.