Ibovespa Futuro sobe com correção após queda de quase 3% ontem; investidores monitoram indicadores

Mercado tem um dia de recuperação, corrigindo parte das perdas do último pregão, quando foi atingido em cheio por preocupações com EUA e política brasileira

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre em alta nesta quinta-feira (3) com correção após as fortes perdas da véspera, quando o índice à vista caiu 2,9% pressionado pelas preocupações acerca de uma possível recessão nos Estados Unidos, que se somaram à decepção com o tamanho da economia prevista da reforma da Previdência aprovada em primeiro turno no plenário do Senado.

Hoje, o mercado fica atento aos indicadores nos EUA, como o índice de serviços do Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês), que sai às 11h (horário de Brasília) com expectativa de 56,4 pontos em agosto para 55,3 pontos em setembro. Às 10h45, sai a leitura final do Índice Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da Markit composto e às 11h as encomendas à indústria.

Os investidores ainda monitoram as falas de dirigentes do Fed traz Charles Evans (Chicago), Randal Quarles (vice-presidente de supervisão do Conselho de Governadores), Loretta Mester (diretora executiva do Fed de Cleveland), Robert Kaplan (Dallas) e Richard Clarida (vice-presidente).

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Evans afirmou que a fraqueza de indicadores de produção manufatureira se deve, em grande parte, a incertezas sobre o cenário comercial, que geram cautela e causam redução dos investimentos das empresas – o que, segundo ele, foi um dos motivos que levaram o índice de atividade industrial nos EUA elaborado pelo Instituto para a Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) ao menor nível em mais de dez anos em setembro.

Às 9h12 o contrato futuro do Ibovespa para outubro subia 0,31% a 101.400 pontos, enquanto o dólar futuro para novembro caía 0,23% a R$ 4,127.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 recua dois pontos-base a 4,93%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 fica estável a 6,05%.

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O ambiente político, no Brasil, ficou mais conturbado, pois a derrota do governo no destaque que mudava as regras para o abono salarial evidenciou as consequências da disputa no Congresso entre deputados e senadores a respeito da divisão dos recursos do megaleilão do pré-sal.

Na semana passada, o acordo para garantir que o leilão ocorra em novembro deixou o texto fatiado, de modo que falta definir qual percentual dos R$ 106,5 bilhões será destinado a estados e municípios. A Câmara está do lado dos últimos, enquanto o Senado quer repasses iguais, de 15%, diretamente aos estados.

À Jovem Pan, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou que a votação do segundo turno da reforma da Previdência pode ficar para depois do dia 15 de outubro diante da resistência de diversos senadores a votar a questão antes de ser definida a situação do leilão do pré-sal.

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Para evitar novas surpresas, durante a votação do segundo turno da reforma no Senado, o governo mira agora manter a economia de R$ 800,3 bilhões em dez anos, evitando novas reduções. Quando chegou ao Senado, após aprovação da Câmara, a redução dos gastos com a Previdência era R$ 933 bilhões, mas já havia sido reduzido a R$ 877 bilhões, na etapa anterior ao Plenário, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, a intenção do ministro Paulo Guedes é que cada bilhão perdido no Senado seja compensado no “pacto federativo”, que deve reunir medidas para descentralizar recursos em favor de Estados e municípios. Essa indicação, porém, gerou mais animosidade no ambiente já hostil criado com os senadores, que estão insatisfeitos com os rumos da divisão dos recursos do pré-sal.

Noticiário Corporativo

A Vale informou que o lucro antes de impostos, amortização e depreciação (Ebitda, na sigla em inglês) este ano deve variar entre US$ 10,8 bilhões e 12,9 bilhões. A empresa atualizou ainda a sua projeção de capex, para um montante total entre US$ 3,6 bilhões e US$ 3,8 bilhões este ano.

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Em relação à tragédia de Brumadinho, a Vale estima para este ano gastos entre US$ 900 milhões e US$ 1,15 bilhão; em 2020, de US$ 1,5 bilhão a US$ 2,1 bilhões; em 2021, entre US$ 1 bilhão e 1,5 bilhão; e em 2022, entre US$ 200 milhões e US$ 500 milhões.

A Natura informou que obteve consentimentos dos titulares de notes com vencimento em 2023 e 2043 emitidos pela Avon Products ou suas subsidiárias em relação às cláusulas de mudança de controle que seriam acionadas pela combinação de negócios entre as empresas.

Em estágio final de uma reestruturação de dívida de US$ 19 bilhões, a Oi possui um “leque de opções” para levantar capital enquanto reorganiza seus negócios em um modelo sustentável e não vai decidir entre uma ou outra opção sob pressão, segundo o COO, Rodrigo Abreu, e o CEO, Eurico Teles.

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Bolsas Internacionais

Enquanto aguarda por uma série de indicadores previstos para hoje, os índices futuros de Nova York apontam para uma recuperação após a recente queda das bolsas norte-americanas. Os mercados refletem os possíveis impactos do prolongamento da guerra comercial sino-americana sobre o ritmo da atividade dos EUA.

As aflições podem ser dissipadas, porém, diante dos resultados da nova rodada de negociações comerciais entre os dois países, prevista para o dia 10 de outubro. Ainda nos EUA, as preocupações seguem diante da possibilidade de avanço do processo de impeachment do presidente Donald Trump. Democratas planejam intimar a Casa Branca caso o governo recuse fornecer documentos relacionados aos contatos de Trump com o líder ucraniano.

Na Ásia, com os mercados chineses fechados, as bolsas do Japão e Austrália fecharam com fortes perdas, com exceção de Hong Kong. Os mercados asiáticos refletiram no pregão desta quinta-feira, sobretudo, a ressaca dos mercados europeus e norte-americano da véspera, com as preocupações sobre os impactos da guerra comercial sobre o ritmo de crescimento da economia mundial.

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Na Europa, os mercados operam de forma mista, após a decisão da OMC de autorizar os EUA a imporem tarifas aos bens importados europeus. Washington impôs taxas de 10% aos aviões da Airbus e 25% de impostos sobre o vinho francês, uísques irlandeses e escoceses e queijo de todo o continente. As tarifas entrarão em vigor a partir de 18 de outubro.

Entre os indicadores, o índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro recuou de 51,9 em agosto para 50,1 em setembro, atingindo o menor patamar desde junho de 2013, e indicando praticamente uma estagnação do setor privado ao final do terceiro trimestre. Na Alemanha, o PMI composto caiu de 51,7 em agosto para 48,5 em setembro, na primeira marca abaixo de 50 desde abril de 2013.

Ainda na Europa, as vendas do varejo da zona do euro subiram 0,3% em agosto ante julho, segundo a Eurostat. Já o preço ao produtor industrial (PPI, na sigla em inglês) recuou 0,5% na zona do euro em agosto, ante julho.

(Com Agência Estado, Agência Brasil, Agência Senado, Agência STF e Bloomberg)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.