Ibovespa Futuro sobe 1,5% em meio a trégua na guerra comercial e corte da Opep

Mercado opera em alta por conta do cenário externo, que foi só boas notícias no fim de semana do G-20

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro sobe forte nesta segunda-feira (1) impulsionado pelo cenário externo. No fim de semana, o presidente norte-americano, Donald Trump, e o presidente chinês, Xi Jinping, anunciaram uma trégua na guerra comercial. Além disso, primeiro Rússia e Arábia Saudita, depois Iraque e Omã prorrogaram por mais seis a nove meses o corte de produção acordado no semestre passado. 

Às 9h37 (horário de Brasília) o contrato futuro do índice para agosto subia 1,55% a 102.950 pontos, enquanto o dólar futuro com o mesmo vencimento cai 0,8% a R$ 3,830. 

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 recua oito pontos-base a 5,80%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 tem queda de sete pontos-base a 6,59%.

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“As negociações estão de volta aos trilhos. Tivemos uma reunião muito boa com o presidente Xi Jinping. Eu diria excelente até”, afirmou Trump após reunião com o presidente chinês. 

Entre as commodities, após acumular alta superior a 60% no primeiro semestre, o preço futuro do minério dispara novamente hoje na China. Já o petróleo também opera em forte alta, após Arábia Saudita, Rússia e Iraque terem apoiado uma extensão dos cortes de oferta por outros seis a nove meses antes de uma reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), em Viena, na Áustria.

No Brasil, o domingo foi de manifestações de apoio à reforma da Previdência e de protestos contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso. Os eventos ocorreram em cerca de 70 a 80 cidades, de 26 Estados e o Distrito Federal.

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Relatório Focus

A estimativa do mercado financeiro para o crescimento da economia este ano continua em queda. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central com instituições financeiras, a projeção para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – desta vez foi reduzida de 0,87% para 0,85%. Essa foi a 18ª redução consecutiva.

A estimativa de inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), caiu de 3,82% para 3,80% este ano, na quinta redução seguida. A meta de inflação de 2019, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 4,25%, com intervalo de tolerância entre 2,75% e 5,75%.

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, mantida em 6,5% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

Ao final de 2019, as instituições financeiras esperam que a Selic esteja em 5,50% ao ano. Na semana passada, a projeção era de 5,75% ao ano. Para o fim de 2020, a expectativa é que a taxa básica baixe para 6% ao ano e, no fim de 2021 e 2022, chegue a 7,5% ao ano.

Bolsonaro e Acordo Comercial

O presidente Jair Bolsonaro disse ontem esperar que o Parlamento brasileiro seja o primeiro a aprovar o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. “Missão cumprida. Atingimos todos os objetivos. No meio do evento, houve a concretização (do acordo). As informações que eu tenho são as melhores possíveis. Entra em vigor daqui a uns dois anos ou três, depende dos parlamentos. Vamos ver se o nosso aqui…Talvez seja um dos primeiros a aprovar, espero.”, afirmou o presidente.

Especialistas dizem que o processo de aprovação e ratificação do acordo entre europeus e sul-americanos deve demorar cerca de dois a cinco anos. Formalmente, o processo poderia ocorrer em dois anos, mas como se exige a aprovação do acordo em cada um dos parlamentos a previsão é que a discussão se estenda por mais tempo.

Após as aprovações e ratificações, a redução de tarifas entre os blocos entra em vigor, mas de forma gradativa, ao longo de dez anos. Um dos primeiros entraves para a sua aprovação definitiva ocorrerá no Parlamento Europeu, onde, em nota, o bloco dos verdes classificou o acordo com um mau compromisso”, que “vem no momento errado, quando há uma demanda crescente por desenvolvimento sustentável”.

O grupo também critica a abordagem da UE sobre o Acordo de Paris, dizendo que falar o que se quer ouvir sobre o tratado climático está fazendo nada mais do que “servir a imagem do presidente Jair Bolsonaro”. O bloco de partidos voltados à preservação ambiental e questões climáticas conta com 75 das 751 cadeiras do Parlamento europeu, o quarto maior grupo da legislatura que vai de 2019 a 2024.

Ainda sobre o acordo, Bolsonaro avaliou que o acordo se tornará uma “operação dominó”. “Outros países devem fazer acordo conosco”, disse, ressaltando que a imprensa duvidava de que seria “convertido ao livre mercado”. “Confesso que em grande parte eu tinha ideias estatizantes, mas todos nós evoluímos”, disse.

O presidente acrescentou que países europeus estão acostumados a ver o Brasil como colônia. Segundo ele, a chanceler alemã, Angela Merkel, “arregalou os olhos” ao saber das questões ambientais brasileiras ao conversar com ele no G-20 e disse ter falado com a alemã sobre a “psicose ambientalista” que existe no Brasil – ele definiu o termo como “aquele cara que acha que o meio ambiente está acima de tudo”.

Bolsonaro afirma que “no momento” o País está no Acordo de Paris e que o Brasil não pode se deixar “difamar” na questão ambiental.

Já na política interna, o jornal Folha de S.Paulo destaca que, após seis meses, o governo Bolsonaro segue com a prática do “toma lá dá cá”. Segundo a publicação, nas negociações da reforma da Previdência, o Planalto ofereceu R$ 10 milhões a cada deputado que votasse ao seu favor no Plenário. Nos cálculos do jornal, seria distribuídos ao menos R$ 3 bilhões só com a mudança nas regras das aposentadorias.

Notícias corporativas

A rede varejista Magazine Luiza estuda abrir lojas física da Netshoes, até hoje presente apenas na internet, segundo o jornal Valor Econômico. Segundo o presidente da companhia, Frederico Trajano, a Netshoes, adquirida recentemente, após um leilão com a Centauro, deverá atingir o seu ponto de equilíbrio em um ano e meio. Em relação à integração dos sistemas das duas companhias, a expectativa é de que ocorra em 2020.

O presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, destacou em entrevista ao Estadão que a evolução tecnológica abriu o mercado financeiro para as fintechs, o que deixa o futuro dos bancos incerto. Segundo ele, o êxito não se dará por meio de um “produto matador”, mas pela transformação permanente.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.