Ibovespa Futuro opera entre perdas e ganhos e DIs sobem após vendas no varejo e dado de inflação

Pré-market mostra desempenho errático, enquanto DIs refletem possibilidade de aumento dos juros pelo BC

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre entre perdas e ganhos nesta quinta-feira (10), com os investidores digerindo o noticiário político e indicadores econômicos divulgados pela manhã. Lá fora, o pré-market da Bolsa de Nova York tem novas perdas em meio à continuidade dos temores de que haja uma bolha no setor de tecnologia dos Estados Unidos.

Também faz preço a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de manter a taxa de refinanciamento em 0% ao ano, a taxa de depósitos em -0,5% ao ano e o programa de compras de títulos em 1,35 trilhão de euros.

Entre os indicadores nacionais, as vendas no varejo cresceram 5,2% em julho na comparação com junho. O avanço foi de 5,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado, acima da mediana das expectativas dos economistas, que apontava para uma expansão de 2,4% na base anual.

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Às 09h18 (horário de Brasília) o contrato futuro do Ibovespa para outubro tinha leve baixa de 0,05%, aos 101.250 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial tem leve variação positiva de 0,06% a R$ 5,3019 na compra e a R$ 5,3031 na venda. O dólar futuro para outubro tem leve variação negativa de 0,02%, a R$ 5,31.

No mercado de juros futuros, os DIs sobem forte por conta dos indicadores nacionais. Além das vendas no varejo, saiu a primeira prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) para setembro, revelando uma alta de 4,41%. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do IGP-M, teve alta de 6,14% no período, maior aumento desde julho de 1994.

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Com a inflação mais forte e a economia se recuperando bem, crescem as apostas de que o Banco Central será obrigado a elevar juros nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

O DI para janeiro de 2022 tem alta de quatro pontos-base a 2,83%, o DI para janeiro de 2023 ganh cinco pontos-base a 4,05%, o DI para janeiro de 2025 opera com desvalorização de cinco pontos-base a 5,85% e o DI para janeiro de 2027 varia positivamente quatro pontos-base a 6,79%.

Ainda no Brasil, continua em destaque o debate sobre a pressão inflacionária dos alimentos. Ontem, o Ministério da Justiça notificou supermercados e produtores a explicar, em cinco dias, o aumento do preço dos alimentos da cesta básica. No mesmo dia, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) zerou a tarifa de importação do arroz.

Também chama atenção a notícia de que a ala militar do governo está perto de ganhar maior poder de decisão dos assuntos orçamentários em detrimento da equipe econômica. Além disso, foi noticiado que o programa Renda Brasil deve voltar a fazer parte da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do pacto federativo.

Os preços do petróleo estão em queda. O WTI cai 1,31%, cotado a US$ 37,55 o barril, enquanto o Brent recua 1,08%, a US$ 40,35 o barril.

A queda vem após o American Petroleum Institute (API) estimar, no fim da tarde de ontem, que o volume de petróleo bruto estocado nos EUA teve aumento de 3 milhões de barris na última semana. Mais tarde, investidores vão acompanhar o levantamento oficial sobre estoques de petróleo dos EUA.

BCE

Em comunicado, o BCE afirma que continua pronto para ajustar todos os seus instrumentos, conforme apropriado, para garantir que a inflação se mova para a meta de forma sustentada.

O BCE destacou ainda que continuará a fornecer ampla liquidez através de operações de refinanciamento.

As compras sob o programa de emergência devem continuar até pelo menos 2021 ou até que se julgue que acabou a crise do coronavírus.

Inflação

Ontem, o Ministério da Justiça notificou supermercados e produtores a explicar, em cinco dias, o aumento do preço dos alimentos da cesta básica. Se houver confirmação de abusos na formação de preços, podem ser aplicadas multas em valores que passam de R$ 10 milhões.

Segundo a Folha de S.Paulo, a medida surpreendeu pastas de Paulo Guedes (Economia) e Tereza Cristina (Agricultura), que trabalhavam em uma ação de mercado contra a alta dos preços. A principal iniciativa prevista era a suspensão do Imposto de Importação sobre o arroz, que foi aprovada ontem pela Câmara de Comércio Exterior.

A medida foi vista como um viés estatal por ex-integrantes da equipe econômica, que lembraram o tabelamento praticado no governo do José Sarney, dos anos 1980.

Na quarta-feira, o presidente da Associação Brasileira de Supermercados, João Sanzovo Neto, afirmou que deve ocorrer uma campanha para o brasileiro substituir o arroz pelo macarrão. Ele destacou que o problema da alta dos preços está sendo causada pelo excesso de demanda, principalmente no exterior, e pela retração na oferta.

O mercado acompanha ainda o projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional pode anistiar as igrejas do pagamento de quase R$ 1 bilhão em dívidas com a Receita Federal.

Segundo O Globo, o presidente Jair Bolsonaro deve seguir a assessoria jurídica do Palácio do Planalto e vetar o trecho do projeto de lei que concede o perdão milionário. A equipe econômica do governo também é contrária à sanção da medida.

Orçamento

Outro destaque no noticiário brasileiro é o de que a ala militar do governo está perto de ganhar maior poder de decisão dos assuntos orçamentários em detrimento da equipe econômica.

Segundo o Estado de S.Paulo, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, fará parte da Junta de Execução Orçamentária (JEO), responsável pelas principais decisões do Orçamento. Atualmente, a junta é composta apenas pelos ministros da Economia e da Casa Civil.

Além disso, a definição do programa Renda Brasil deve voltar a fazer parte da PEC do pacto federativo. O parecer seria apresentado ontem ao presidente do Senado, mas foi adiado para incluir o programa assistencial.

Inicialmente, o relator deixaria o Renda Brasil fora da PEC para ser incluído no parecer do projeto de Orçamento de 2021. No entanto, agora o programa deve ser apresentado ao presidente na semana que vem, entre quarta e quinta-feira.

Na noite de ontem, presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse à CNN Brasil que fez uma pesquisa em suas redes sociais em que 82% das pessoas responderam que queriam a permanência do valor de R$ 600 no auxílio emergencial. No entanto, ele disse que sua posição pessoal é de aprovar a medida provisória enviada pelo governo, que prevê mais quatro parcelas de R$ 300.

Radar corporativo

Um dos destaques do noticiário empresarial é a intenção do Grupo Pão de Açúcar de segregar a operação do Assaí, que opera os negócios de cash and carry (atacarejo).

Primeiro, a participação acionária detida pelo Assaí no Amacenes Éxito será transferida para o GPA. Depois, ocorrerá uma cisão parcial do GPA. Em seguida, a empresa vai listar as ações do Assaí no Novo Mercado da B3, e dos ADRs da empresa na bolsa de Nova York. Finalmente, as ações de emissão do Assaí serão distribuídas aos acionistas do GPA.

Além disso, a Cosan informou sua controlada Raízen está mantendo tratativas preliminares com a Biosev que poderão resultar em uma potencial transação entre as companhias.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.