Ibovespa Futuro opera entre perdas e ganhos com investidores de olho em dados dos EUA e resultados; dólar sobe

Bolsa inicia a quinta-feira sem tendência definida, seguindo cenário externo, enquanto investidores digerem os balanços de grandes empresas nacionais

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro opera sem direção definida nesta quinta-feira (25), seguindo o cenário externo, onde os investidores ficam de olho aos dados importantes nos Estados Unidos, como a segunda estimativa do PIB do quarto trimestre. Por aqui, o radar é marcado pela repercussão intensa da temporada de resultados.

Em meio à polêmica sobre a troca de CEO, a Petrobras surpreendeu ao informar na véspera lucro de R$ 59,89 bilhões no quarto trimestre, resultado 634,6% superior ao de igual período de 2019, quando a empresa teve lucro de R$ 8,15 bilhões. No trimestre anterior, a companhia teve prejuízo de R$ 1,54 bilhão.

Ambev, Ultrapar, AES são outras companhias que divulgaram os seus números e devem movimentar o mercado. Já a mineradora Vale divulgará os resultados após o fechamento.

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Enquanto isso, em mais uma investida para demonstrar que a agenda liberal patrocinada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, continua valendo, o presidente Jair Bolsonaro foi à Câmara dos Deputados para entregar pessoalmente o projeto de lei que abre caminho para a privatização dos Correios.

Já sobre o auxílio emergencial, o  presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), admitiu a possibilidade de fatiar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) emergencial e aprovar apenas a autorização para uma nova rodada do auxílio emergencial em 2021, deixando os dispositivos de contenção de gastos para depois. Confira os destaques:

Às 9h06 (horário de Brasília), o contrato futuro do Ibovespa com vencimento em abril de 2021 tinha leve queda de 0,12%, a 115.815 pontos.

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Enquanto isso, o dólar comercial opera em alta de 0,42% a R$ 5,4424 na compra e a R$ 5,4434 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em março se valoriza em 0,58%, a R$ 5,434.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe cinco pontos-base a 3,55%, o DI para janeiro de 2023 tem alta de oito pontos-base a 5,36%, o DI para janeiro de 2025 avança dez pontos-base a 7,07% e o DI para janeiro de 2027 registra variação positiva de dez pontos-base a 7,77%

No exterior, as bolsas mundiais registram um movimento misto após novas falas de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve. Em sua fala, o presidente do Fed reforçou o tom tranquilizador que adotara no dia anterior ao falar ao Comitê Bancário do Senado americano sobre a política da instituição. Na ocasião, disse que a economia americana ainda está longe das metas para inflação e emprego.

A fala de Powell vem em um momento em que os juros dos títulos do Tesouro americano com vencimento em dez e 30 anos têm subido, e parlamentares continuam a debater uma nova rodada de auxílio econômico, no valor de US$ 1,9 trilhão. Na quarta, os juros do Tesouro com vencimento em dez anos atingiram 1,4%, o maior nível desde fevereiro de 2020.

O temor de investidores é de que juros mais altos poderiam dificultar a tomada de empréstimos por setores de forte crescimento. Também poderia levar uma parte dos investidores a migrar do mercado de ações para o de títulos. E de que a alta da inflação poderia levar o Fed a alterar sua política, e elevar os juros de curto prazo, uma possibilidade que vem sendo parcialmente afastada por Powell em suas falas.

Agenda econômica

Às 5h foi divulgado o índice de inflação IPC Fipe relativo à semana de 21 de fevereiro, que veio em 0,36%.

Às 9h30 são divulgados dados sobre volume de crédito, total de empréstimos em aberto e taxa de inadimplência de empréstimos pessoais em janeiro no Brasil.

Às 10h30, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, realiza a fala de abertura em uma conferência de banqueiros. No mesmo horário são divulgados dados sobre pedidos de bens duráveis e de bens de capitais, além do frete de bens de capitais nos Estados Unidos, relativos a janeiro. Também às 10h30 são divulgados dados sobre desemprego e novos pedidos de seguro-desemprego, relativos às semanas de 13 e 20 de fevereiro.

Também às 10h30 são divulgados dados da segunda estimativa do PIB anualizado e principais gastos pessoais no quarto trimestre de 2020 nos Estados Unidos.

Às 12h são divulgados dados de vendas de casas pendentes, relativos a janeiro nos Estados Unidos. Às 12h30, o presidente do Fed de Saint Louis, Jim Bullard discute economia e política monetária. Às 13h, o Fed de Kansas City divulga dados sobre atividade fabril, relativos a fevereiro. Às 17h, John Williams, presidente do Fed de Nova York, participa de uma discussão virtual.

250 mil mortos e queda do isolamento no pior momento da pandemia

Com 1.433 mortes registradas na quarta, o Brasil atingiu 250.079 mortos em um ano de pandemia. Os dados são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h de quarta (24), o avanço da pandemia em 24 h no país.

A média móvel de mortes em 7 dias foi de 1.129, marcando 35 dias com a média acima da marca de mil mortes, e alta de 5% em relação ao patamar registrado 14 dias antes. A média móvel de casos confirmados em 7 dias foi de 49.533, alta de 9% frente ao período encerrado 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 65.387 casos.

Até o momento, 6.179.900 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a covid no Brasil, o equivalente a 2,92% da população. A segunda dose foi aplicada em 1.584.569 pessoas, ou 0,75% da população. Analistas vêm apontando a velocidade da imunização como um dos fatores a influenciarem a retomada da economia.

De acordo com especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, apesar do início da vacinação, o país vive o pior momento da pandemia, com aceleração das contaminações e patamar elevado e constante do número de mortes. O avanço da circulação de novas variantes mais contagiosas e mortíferas pode piorar o cenário. Enquanto as primeiras 50 mil mortes foram registradas em 95 dias, as últimas 50 mil mortes foram registradas em 48 dias.

“Além de os dados já apontarem para uma piora com relação ao momento mais crítico de 2020, a tendência é de aumento dos índices epidemiológicos. Existe o temor da circulação de novas cepas, mais agressivas e que com maior capacidade de disseminação”, afirmou ao jornal paulista Wallace Casaca, matemático da Unesp (Universidade Estadual Paulista), um dos responsáveis pela plataforma SP Covid-19 Info Tracker, que projeta infecções, óbitos e recuperados em São Paulo.

Dados da plataforma Inloco, que utiliza dados de celulares para medir o deslocamento das pessoas pelo país mostram que o índice de isolamento social no Brasil caiu da média de 42,7% no dia 16 de fevereiro para 32% uma semana depois, no dia 23. É a menor taxa de isolamento desde 13 de março de 2020, quando medidas restritivas não haviam sido implementadas.

A média diária de novas internações por Covid aumentou 15,1% no estado de São Paulo em duas semanas, ritmo que faz com que fique sob risco de ficar sem leitos de UTI o suficiente em três semanas.

Na quarta, o governador João Doria (PSDB) anunciou o que chamou de “toque de restrição”, um toque de recolher que limita a circulação de pessoas entre as 23h e 5h em todos os municípios paulistas, desta quinta até 14 de março. Doria afirmou que a medida visa conter aglomerações. “Quando as pessoas bebem e perdem o controle, multiplicam a contaminação”, disse.

Após a implementação de restrições de mobilidade no Amazonas, atingido por uma crise com falta de leitos de UTI e cilindros de oxigênio para tratamento de casos graves de Covid, houve redução de 28% na média de novos casos em sete dias encerrados em 20 de fevereiro, em comparação com a média de 14 dias, destaca reportagem do jornal Valor.

Além disso, o Ministério da Saúde voltou atrás na recomendação para que municípios aplicassem toda a remessa disponível de doses da vacina Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, conforme fora anunciado na semana passada pelo ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, que havia afirmado que o fluxo de novas vacinas era o suficiente para garantir o fornecimento. Na terça (23), a pasta comandada pelo general passou a recomendar a reserva de doses para a segunda aplicação.

Auxílio emergencial

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), admitiu a possibilidade de fatiar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) emergencial e aprovar apenas a autorização para uma nova rodada do auxílio emergencial em 2021, deixando os dispositivos de contenção de gastos para depois. “Não avaliamos isso ainda, mas eventualmente pode ser uma possibilidade”, afirmou Pacheco em entrevista à imprensa antes da sessão do plenário na última quarta-feira.

A votação da proposta, pautada para esta quinta-feira, deve ser adiada para a próxima terça. A equipe econômica tenta barrar a pressão pelo fatiamento. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sinalizou que pode deixar de votar a proposta se os senadores aprovarem só o auxílio emergencial. A avaliação é que o restante do texto, com as medidas de ajuste, vai “morrer” no Senado.

Apesar da pressão, integrantes da equipe econômica estão confiantes de que a proposta será aprovada com os mecanismos que reforçam a política de controle de gastos na União, Estados e Municípios. Segundo um integrante do time do ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou ao Broadcast, sem as medidas, a PEC “não para em pé” e terá o mesmo destino da PEC paralela da reforma da Previdência, que foi esquecida. De acordo com um integrante da equipe econômica, o governo não vai ceder nesse ponto.

No radar das privatizações, em mais uma investida para demonstrar que a agenda liberal patrocinada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, continua de pé, o presidente Jair Bolsonaro foi à Câmara dos Deputados para entregar pessoalmente o projeto de lei que abre caminho para a privatização dos Correios. Isso vai permitir que a iniciativa privada assuma operações hoje tocadas pela estatal. A proposta estava no Planalto desde outubro do ano passado, quando foi entregue em mãos pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria.

Radar corporativo

Em destaque, a Petrobras fechou o quarto trimestre de 2020 com lucro de R$ 59,89 bilhões, resultado 634,6% superior ao de igual período de 2019, quando a empresa teve lucro de R$ 8,15 bilhões. No trimestre anterior, a companhia teve prejuízo de R$ 1,54 bilhão. O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou em sua provável última Carta do Presidente na divulgação do resultado do exercício de 2020, que entregou a recuperação em “J” que havia prometido, e que a empresa teve um desempenho excepcional em 2020, apesar do ambiente desafiador da pandemia de covid-19.

Além de Petrobras, outras grandes empresas divulgaram seus números para o trimestre. A Ambev lucrou R$ 6,89 bilhões no quarto trimestre, 63,3% maior frente os R$ 4,21 bilhões registrados no mesmo trimestre de 2019.

A AES Brasil registrou lucro líquido de R$ 606,6 milhões de no quarto trimestre de 2020, alta de 470,9% ante o mesmo período do ano anterior. No acumulado de 12 meses, a empresa reportou lucro líquido de R$ 848 milhões, crescimento de 182,6% em relação a 2019. O  grupo Ultrapar registrou lucro líquido de R$ 431,5 milhões no quarto trimestre de 2020, revertendo o prejuízo de R$ 267,7 milhões no mesmo período de 2019. No acumulado do ano, a empresa registrou lucro líquido de R$ 927,7 milhões, aumento de 130,2% na comparação anual.

A Rede D’Or São Luiz, por sua vez, teve lucro atribuível aos controladores de R$ 278,5 milhões no quarto trimestre do ano passado, praticamente estável em relação aos R$ 277,9 milhões reportados no mesmo período de 2019.

Ainda no radar dos mercados, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou na noite da véspera que vai indicar na quinta-feira um relator para a medida provisória que trata da privatização da Eletrobras, após o presidente Jair Bolsonaro entregar pessoalmente na Casa outra medida, o projeto de lei que permite a privatização dos Correios.

(com Agência Estado, Reuters e Bloomberg)

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.