Ibovespa Futuro opera entre perdas e ganhos ainda com discurso de Powell e política no radar; dólar sobe

Pré-market mostra desempenho errático depois da alta de 1,7% do Ibovespa na última sexta

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre entre perdas e ganhos nesta segunda-feira (30) depois do índice à vista subir 1,65% na última sexta-feira (27). O evento responsável por este otimismo continua a ter efeitos positivos no mercado hoje, o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que falou na possibilidade de corte dos estímulos do Fed no fim de 2021, mas sem perspectiva de elevação dos juros nos Estados Unidos ainda.

Entre as commodities, o petróleo zera ganhos conforme o furacão Ida perde força e passa a ser registrado na categoria 1 antes de atingir a terra. Os investidores estão atentos à reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) na quarta-feira (1).

Já no cenário político, o presidente Jair Bolsonaro continua dobrando a aposta no discurso do confronto, afirmando que as perspectivas para seu futuro só têm três possibilidades: prisão, morte ou vitória.

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O mercado também volta a se preocupar com a China, que anunciará novas regras para que empresas de internet do país lancem papéis nos EUA, segundo informações do Wall Street Journal.

Às 9h16 (horário de Brasília) o contrato futuro do Ibovespa com vencimento em outubro de 2021 tinha leve variação positiva de 0,05%, a 120.920 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial registra alta de 0,39% a R$ 5,215 na compra e a R$ 5,216 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em setembro avança 0,21% a R$ 5,214.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe um ponto-base a 6,76%, o DI para janeiro de 2023 opera estável a 8,45%, o DI para janeiro de 2025 recua dois pontos-base a 9,38% e o DI para janeiro de 2027 registra variação negativa de um ponto-base a 9,76%.

Relatório Focus

Os economistas do mercado financeiro reduziram novamente suas projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, revelou o Relatório Focus do Banco Central. De uma expansão de 5,27%, agora projeta-se um alta de 5,22%. Para 2022, as expectativas se mantiveram em avanço de 2,00%.

Já em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2021 a média das estimativas novamente foi elevada, desta vez de 7,11% para 7,27%. Para 2022, por sua vez, as previsões subiram de 3,93% para 3,95%.

Sobre o dólar, as projeções também foram elevadas, e agora espera-se que a moeda dos Estados Unidos encerre o ano cotada a R$ 5,15, ante os R$ 5,10 previstos na semana passada. Para 2022 as expectativas mantiveram-se em dólar a R$ 5,20.

Por fim, para a taxa básica de juros, Selic, as estimativas dos economistas continuaram em 7,50% ao ano ao final de 2021 e em 7,50% ao ano também ao fim de 2022.

Covid, CPI e Covaxin

No domingo (29), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 679, o quarto dia abaixo de 700. Em apenas um dia, foram registradas 278 mortes. As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.

A média móvel de novos casos em 7 dias foi de 24.390, o patamar mais baixo desde 12 de novembro. Em apenas um dia foram registrados 11.855 novos casos.

Chegou a 129.114.566 o número de pessoas que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 60,53% da população. A segunda dose ou a vacina de dose única foi aplicada em 60.364.051 pessoas, ou 28,3% da população.

O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) formalizou na sexta-feira a rescisão unilateral do contrato com a Precisa Medicamentos e com o laboratório indiano Bharat Biotech para compra de 20 milhões de doses da vacina contra Covid-19 Covaxin. O contrato de compra colocou o presidente como alvo de um inquérito criminal e também está sob investigação da CPI da Covid no Senado.

No documento que confirma a rescisão, o Ministério da Saúde informa que a decisão decorre da não obtenção de autorização para uso emergencial junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), conforme determinação prevista em lei e no contrato.

O governo federal havia assinado em fevereiro um contrato de R$ 1,6 bilhão para a compra de 20 milhões de doses da Covaxin, mesmo sem o aval da Anvisa para a vacina indiana. Foi o valor mais caro por dose de imunizante contratado pelo governo, acima dos produtos de Pfizer, AstraZeneca ou Sinovac.

Há dois meses, o Ministério da Saúde já havia suspendido o contrato de importação do imunizante, após orientação da Controladoria-Geral da União.

Em entrevistas e depoimentos, o deputado Luís Miranda (DEM-DF) e o irmão dele, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, disseram ter relatado suspeitas de irregularidades no contrato com a Covaxin a Bolsonaro, o que levou o presidente para o centro da CPI da Covid.

Após isso, Bolsonaro virou alvo de um inquérito perante o Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar eventual prevaricação por supostamente não ter agido ante os alertas de suspeitas no contrato.

Além disso, na sexta o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, criticou a adoção do chamado passaporte de vacinação, que vem sendo anunciado por algumas cidades com vistas a obrigar a apresentação de comprovante de imunização contra a Covid-19 para entrada em eventos e estabelecimentos, argumentando que a medida restringiria liberdades.

A declaração do ministro, que também disse que pode se criar uma “indústria da multa” com a obrigatoriedade de vacinação para frequentar locais públicos e do uso de máscaras, vem após a prefeitura do Rio de Janeiro anunciar que obrigará a comprovação de vacinação a partir de setembro.

A prefeitura de São Paulo também pretende anunciar nos próximos dias as regras para um passaporte de vacinação na cidade, após recuar de normas inicialmente anunciadas pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Crise hídrica e energética, teto de gastos, indicadores fiscais e instabilidade institucional

Na sexta, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que a conta de luz dos brasileiros permanecerá em setembro com a bandeira tarifária vermelha patamar 2, o nível mais elevado de custos extras, em meio à grave crise hídrica enfrentada pelo país.

A crise hídrica demanda um acionamento maior de termelétricas, cujos custos mais elevados são repassados aos consumidores por meio das bandeiras tarifárias. Apesar do anúncio, a entidade ainda não definiu o valor para a bandeira no mês que vem.

Em nota, a Aneel afirmou que os valores estão em análise e serão divulgados posteriormente em agosto, a bandeira vermelha patamar 2 teve custo adicional de R$ 9,492 para cada 100 kilowatts-hora consumidos.

Previsões divulgadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) na sexta-feira indicam que todos os subsistemas do país permanecerão com chuvas abaixo da média nas áreas dos reservatórios de usinas hidrelétricas, que enfrentam a pior seca em mais de 90 anos.

Segundo a Aneel, a conjuntura indica “necessidade de acionamento máximo dos recursos termelétricos, pressionando os custos relacionados ao risco hidrológico”.

Além disso, no evento Esfera Brasil, da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), na sexta, em São Paulo, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), reiterou a defesa da manutenção do teto de gastos e descartou a possibilidade de romper o mecanismo para o pagamento do Auxílio Brasil, programa social que o governo do presidente Jair Bolsonaro pretende criar para substituir o Bolsa Família.

Lira também reafirmou que o teto de gastos não será violado para pagar o auxílio emergencial dos vulneráveis afetados pela pandemia de Covid-19 ou para pagar precatórios.

“Nós iremos cuidar do que nós nos comprometemos antes da eleição, é cuidar para não perder nunca o foco da responsabilidade fiscal junto da manutenção da democracia”, disse Lira.

No mesmo evento, Lira afirmou que a tributação sobre o capital será neutra na atual proposta de reforma tributária que tramita na Casa. Ele defendeu o conceito de reduzir a tributação sobre as empresas e, ao mesmo tempo, aumentar a tributação daqueles que ganham mais, incluindo sobre dividendos. Mas negou que a intenção das mudanças seja prejudicar os mais ricos.

O presidente da Câmara classificou como uma “anomalia” o que chamou de milionários “tax free”, que ele disse operar praticamente como “Suíças individuais”.

Também no evento da Febraban, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que os dados fiscais do país estão próximos aos níveis estimados antes da pandemia. Ele disse avaliar que o descolamento da percepção dos agentes de mercado se deu por avaliação de que diversas medidas recentes do governo visavam um aumento do Bolsa Família no ano que vem.

Campos Neto frisou a fala de Lira mais cedo no mesmo evento, assegurando compromisso com o teto de gastos.

“Entendendo obviamente que tem ruído, que nós temos uma eleição, que existe uma vontade sempre de associar o processo eleitoral com as medidas que estão sendo feitas, mas o fato é o seguinte: o Brasil fez medidas estruturantes quando ninguém estava fazendo e está fazendo medidas estruturantes dentro do regime de responsabilidade fiscal”, disse Campos Neto.

Ele afirmou que os dados da dívida bruta e do resultado primário estão próximos aos estimados antes da pandemia. “Cadê a deterioração? Os números não mostram isso”, afirmou. Ele defendeu que o país precisa se comunicar com eficiência para ganhar credibilidade e atrair investimentos.

Na sexta, o Banco Central divulgou novas regras de segurança para o Pix, que são também aplicáveis a outros meios de pagamento, incluindo o estabelecimento de um limite de R$ 1.000 para operações entre pessoas físicas das 20h às 6h.

Segundo o ​diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do BC, João Manoel Mello, o teto foi adotado porque 90% das transações via Pix feitas nesse período têm montantes iguais ou menores que R$ 500.

Entre as medidas anunciadas, também está sendo fixado um prazo mínimo de 24 horas e máximo de 48 horas para as instituições efetivarem pedido feito pelos clientes de aumento dos limites de transação.

​​A investida vem após uma série de notícias a respeito do crescimento de crimes, incluindo sequestros relâmpagos, após o advento do Pix, que permite transferências imediatas feitas nos sete dias da semana e a qualquer horário.

Segundo reportagens de capa dos jornais O Globo e O Estado de São Paulo, cerca de 200 entidades empresariais, lideradas pela Fiesp e pela Febraban devem lançar na terça um manifesto em que pregam harmonia institucional e expressam preocupação com a escalada da tensão política. O texto tem apenas três parágrafos não deve citar o presidente Jair Bolsonaro. Segundo O Globo, com o aval de Bolsonaro, Caixa e BB ameaçam se desfiliar da Febraban.

Radar corporativo

Mosaico (MOSI3)

A Mosaico anunciou na sexta-feira o nome de Mauricio Cascão como novo CEO do grupo. O executivo entra no lugar de Thiago Flores, que passa a ocupar um assento no Conselho de Administração da companhia, como observador.

Petrobras (PETR3;PETR4)

A Petrobras assinou na sexta-feira contrato para a venda da totalidade de sua participação acionária de 93,7% na empresa Breitener Energética S.A. (Breitener), localizada no estado do Amazonas, para a Breitener Holding Participações S.A., subsidiária integral da Ceiba Energy LP.

O valor da venda é de R$ 304 milhões, sendo R$ 251 milhões a serem pagos em seu fechamento, sujeito aos ajustes previstos no contrato, e R$ 53 milhões em pagamento contingente, atrelado à remuneração futura da Breitener na venda de energia. O fechamento da transação está sujeito ao cumprimento de condições precedentes, como a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Ainda em destaque, acionistas da Petrobras reconduziram sete membros do conselho de administração, todos indicados pela União, e elegeram um candidato indicado por minoritários, durante assembleia geral na sexta-feira.

Com a eleição, a Petrobras passará a contar com um total de três membros indicados por minoritários, sete indicados pela União e um por trabalhadores, considerando os assentos que não estiveram em jogo nessa reunião. O resultado frustrou expectativas de acionistas minoritários, que conseguiram eleger apenas um nome, Marcelo Gasparino, quando buscavam avançar em mais cadeiras do colegiado. Os minoritários tinham três candidatos.

Vibra Energia (BRDT3)

O conselho de administração da Vibra Energia, antiga BR Distribuidora, aprovou na sexta-feira a terceira emissão de debêntures da companhia, no valor total de R$ 800 milhões, informou a empresa em fato relevante. Segundo a Vibra, as debêntures terão prazo de dez anos a partir da data de emissão, vencendo em 11 de setembro de 2031. Elas serão vinculadas a certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs) de emissão da Virgo Companhia de Securitização.

“A emissão das debêntures está alinhada ao direcionamento estratégico da Companhia de constante avaliação de alternativas de captação de recursos para otimização da sua estrutura de capital e financeira”, afirmou a companhia.

IPO

A provedora de serviços de computação em nuvem, cibersegurança e dados Claranet Technology pediu registro para uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), em busca de recursos para crescer via aquisições, segundo prospecto da operação publicado na sexta-feira na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

No documento, a Claranet afirma que pretende usar cerca de 84% dos recursos da venda de ações novas para comprar outras empresas, usando o restante para financiar seu crescimento orgânico e para pagar despesas

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.