Ibovespa Futuro opera em leve queda após ADRs desabarem no feriado; investidores monitoram ata do Copom e fala de Guedes

Pré-market revela as tensões envolvendo a condução da política fiscal e monetária atualmente

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre em leve queda nesta terça-feira (26), algo surpreendente considerando o movimento de forte baixa dos ADRs (na prática, as ações brasileiras negociadas nos Estados Unidos) no feriado. O principal índice de ADRs do Brasil, o Dow Jones Brazil Titans 20 ADR teve forte queda de 1,73%, a 17.684 pontos.

Enquanto isso, investidores monitoram a mensagem da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e as falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, no Latin America Investment Conference (LAIC).

Atenção ainda para a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve os juros em 2% ao ano, mas retirou o forward guidance (prescrição futura): alguns membros do Comitê defenderam na semana passada que já fosse dado início à elevação da taxa básica de juros, mas a o entendimento predominante no colegiado foi de que, diante das incertezas, seria preferível aguardar a divulgação de mais informações sobre o cenário econômico e a pandemia do coronavírus.

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Entre os indicadores, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Base 15 (IPCA-15) cresceu a 0,78% em janeiro, abaixo da mediana das projeções dos economistas compilada pela Refintiv, que apontava para avanço a 0,81%.

A Eletrobras segue no radar, depois dos ADRs desabarem na véspera por conta da renúncia de Wilson Ferreira Júnior do cargo de CEO da estatal.

Nos EUA, a sessão é de leve queda para os principais índices com a atenção para as dificuldades de aprovação do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão do governo de Joe Biden.

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Às 9h15 (horário de Brasília), o contrato futuro do Ibovespa com vencimento em fevereiro de 2021 tinha  queda de 0,41%, a 116.960 pontos.

Já o dólar futuro com vencimento em fevereiro tem perdas de 0,27%, a R$ 5,455.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 tem alta de sete pontos-base a 3,45%, o DI para janeiro de 2023 sobe dois pontos-base a 5,19%, o DI para janeiro de 2025 tem queda de quatro pontos-base a 6,74% e o DI para janeiro de 2025 registra variação negativa de sete pontos-base a 7,40%.

A última segunda-feira, feriado em São Paulo com a B3 fechada, foi movimentada nos EUA, com os investidores avaliando a possibilidade de o pacote fiscal dos EUA ser adiado.

O presidente Joe Biden disse estar aberto para negociar o pacote de US$ 1,9 trilhão. O líder democrata do Senado, Chuck Schumer disse que pretende ter tudo aprovado até meados de março, quando acabam os benefícios para desempregados do pacote anterior.

Ainda no Senado, o líder da minoria, Mitch McConnell, indicou na noite de ontem que um acordo de divisão de poder poderia avançar depois que dois democratas reiteraram que não anulariam a obstrução legislativa de 60 votos, algo que o mercado acompanha de perto.

Destaque também para a aprovação da indicação de Janet Yellen para Secretaria do Tesouro; além disso, a Câmara dos Representantes entregou o artigo de impeachment contra Donald Trump ao Senado, onde o agora ex-presidente será julgado. As discussões começam dia 8 de fevereiro.

As bolsas europeias, por sua vez, registram ganhos ensaiando uma recuperação das perdas de segunda-feira, com investidores focando a temporada de balanços após o banco suíço UBS divulgar lucro trimestral bem maior do que o esperado. A instituição informou que lucrou US$ 1,71 bilhão nos últimos três meses de 2020, mais que dobrando seu resultado em relação a um ano antes e superando de longe a previsão de analistas, de ganho de US$ 966 milhões.

Nas próximas horas, o foco dos resultados corporativos vai se deslocar para os EUA, com a divulgação dos números da General Electric, Microsoft, Johnson & Johnson e outras grandes empresas americanas.

No radar das vacinas, a farmacêutica AstraZeneca, responsável por desenvolver uma vacina contra o coronavírus em parceria com a Universidade de Oxford, está sendo acusada pela União Europeia de não fazer o suficiente para esclarecer quantas doses será capaz de fornecer ao bloco.

A vacina ainda não foi aprovada pela Agência Europeia de Medicamentos, mas espera-se que isso ocorra em breve. Na semana passada, a AstraZeneca afirmou que está enfrentando problemas de produção.

Além disso, na segunda a farmacêutica Moderna afirmou que está acelerando seu trabalho em uma nova dose contra a Covid voltada para a variante recentemente descoberta na África do Sul. Os pesquisadores da empresa disseram que a sua atual vacina contra a Covid parece funcionar contra as duas variantes altamente transmissíveis encontradas no Reino Unido e na África do Sul.

Também fica a atenção para a crise política se intensificando na Itália. O primeiro-ministro Giuseppe Conte deve renunciar ao cargo nesta terça, após a reunião matinal de gabinete, mas deverá buscar articular um novo mandato. O movimento ocorre após semanas de tensão entre Conte e Matteo Renzi, líder de um partido menor da coalizão que sustentava o governo.

Carta ao ministro

Em carta ao ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, informou a liberação de 5.400 litros de insumos necessários para fabricação da vacina Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.

Os insumos devem ser o suficiente para produzir 8,5 milhões de doses da Coronavac. Como ela é aplicada em duas doses, essa quantidade imunizaria 4,25 milhões de pessoas.

A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) divulgou que há a sinalização de que o envio do primeiro lote de insumos, suficiente para produzir 7,5 milhões de doses da vacina desenvolvida em parceria com AstraZeneca e Universidade de Oxford, deve ser enviado ao Brasil em 8 de fevereiro. Seria o suficiente para imunizar mais 3,75 milhões de pessoas.

Bolsonaro comemorou a informação sobre a Sinovac pelo Twitter: “A Embaixada da China nos informou, pela manhã, que a exportação dos 5,4 mil litros de insumos para a vacina Coronavac foi aprovada e já estão em área aeroportuária para pronto envio ao Brasil, chegando nos próximos dias”.

Em um outro post, escreveu: “Assim também os insumos da vacina AstraZeneca estão com liberação sendo acelerada. Agradeço a sensibilidade do governo chinês, bem como o empenho dos ministros Ernesto Araújo [Relações Exteriores], Eduardo Pazuello [Saúde] e Tereza Cristina [Agricultura]”.

O ministro Pazuello afirmou que os insumos devem chegar ao Brasil até o fim desta semana. O agradecimento feito pelo presidente marca uma mudança de retórica de seu governo, marcado por falas contrárias à China.

Além disso, o ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou a abertura de um inquérito para investigar a conduta de Pazuello na crise da saúde do Amazonas, em que houve falta de leitos hospitalares e o colapso do fornecimento de oxigênio.

O general Pazuello será investigado pelo STF por suposta omissão. A investigação terá início com um depoimento do ministro à Polícia Federal em até 5 dias após a intimação. A PGR (Procuradoria Geral da República) tem prazo de 60 dias para realizar as investigações.

No noticiário dos jornais, segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, líderes evangélicos e católicos pretendem aumentar a pressão pela abertura de um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro no Congresso. O movimento deverá ser apresentado como uma “frente de fé”. Segundo o jornal, os religiosos devem formalizar nesta terça, na Câmara dos Deputados, o pedido de afastamento de Bolsonaro, argumentando que ele teria agido com negligência na conduta da crise gerada pela pandemia de covid, agravando-a. É a primeira vez que líderes do segmento religioso encaminham uma denúncia contra Bolsonaro por crime de responsabilidade.

O pedido de impeachment é assinado por padres católicos, anglicanos, luteranos, metodistas e pastores evangélicos. O grupo tem respaldo de organizações como o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, a Comissão Brasileira Justiça e Paz da CNBB (Confederação Nacional de Bispos do Brasil) e a Aliança de Batistas do Brasil.

Radar corporativo

Os investidores seguem acompanhando o noticiário sobre a saída de Wilson Ferreira Jr da Eletrobras e sua ida para a BR Distribuidora, que fez o ADR da estatal de energia desabar mais de 10% na véspera na Bolsa de Nova York.

No radar de recomendações, a XP iniciou a cobertura para as ações da Aeris com recomendação de compra e preço-alvo de R$15,0/ação, implicando um potencial de valorização de 21% para as ações em relação ao último fechamento.  Como um dos principais fabricantes independentes de pás para turbinas eólicas no mundo, os analistas avaliam que a Aeris combina fortes fundamentos setoriais, beneficiando-se do aumento contínuo da participação da energia eólica dentro da matriz global, sólido posicionamento da companhia e valuation atrativo em termos relativos.

Já o Credit Suisse iniciou cobertura para os papéis da Neogrid com recomendação outperform e preço-alvo de R$ 14.

A Oi, por sua vez, informou na segunda-feira que recebeu no último dia 22 propostas vinculantes de terceiros para a aquisição parcial da unidade da operadora de telecomunicações que reúne ativos de fibra óptica (InfaCo).

O conselho de administração do Banco do Brasil aprovou a revisão de sua política de remuneração aos acionistas e estabeleceu o percentual de 40% do lucro líquido a ser distribuído referente ao exercício de 2021 via dividendos e/ou juros sobre o capital próprio (JCP).

Já a CSN divulgou na sexta-feira o prospecto preliminar para a aguardada oferta inicial de ações (IPO) de sua unidade de mineração, com faixa indicativa de preço de R$ 8,50 a R$ 11,35 por papel.

(Com Reuters e Agência Estado)

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.