Ibovespa Futuro cai mais de 1% em meio a novas medidas de isolamento na Europa por conta do coronavírus

Pré-market mostra perdas em dia de vencimento de opções sobre ações

Ricardo Bomfim

(Gearstd/Getty Images)

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro cai forte nesta segunda-feira (21) acompanhando o desempenho das bolsas internacionais. O pessimismo ocorre por conta das notícias de que o Reino Unido está considerando realizar um novo lockdown devido ao aumento no número de novos casos de coronavírus.

A Espanha já limitou o deslocamento de 850 mil moradores da zona Sul de Madri, só permitindo que eles saiam de casa para trabalhar, ir ao médico ou levar filhos à escola.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o coronavírus persiste, e ainda mata 50 mil pessoas por semana. O mercado também acompanha as tratativas em Washington para o lançamento de um novo pacote de estímulos nos Estados Unidos.

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Também não ajuda nada a animar os investidores a análise de que a morte da ministra da Suprema Corte dos EUA, Ruth Bader Ginsburg, poderia dificultar ainda mais as negociações entre democratas e republicanos no Congresso para aprovar um novo pacote de estímulos econômicos para combater os impactos da pandemia.

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que indicará esta semana alguém para ocupar o lugar de Bader Ginsburg, algo que deve colocar mais uma vez os dois partidos em conflito.

Às 09h11 (horário de Brasília) o contrato futuro do Ibovespa para outubro tinha queda de 1,54%, aos 96.600 pontos. Vale lembrar que hoje é dia de vencimento de opções sobre ações, o que deve aumentar a volatilidade por conta da tradicional disputa entre comprados e vendidos.

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Enquanto isso, o dólar comercial sobe 1,33% a R$ 5,4465 na compra e a R$ 5,4482 na venda. O dólar futuro para outubro tem alta de 1,1%, a R$ 5,452.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe cinco pontos-base a 3,05%, o DI para janeiro de 2023 ganha oito pontos-base a 4,51%, o DI para janeiro de 2025 avança 11 pontos-base a 6,46% e o DI para janeiro de 2027 varia positivamente oito pontos-base a 7,43%.

Além de acompanhar os novos casos de coronavírus, os investidores ficarão atentos às ações dos bancos, depois que grandes instituições financeiras foram acusadas de lidar com recursos ilícitos.

Segundo reportagem publicada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), documentos do governo dos Estados Unidos mostram que bancos desafiaram leis contra a lavagem de dinheiro, transferindo grandes quantias de origem ilícita para contas obscuras e redes criminosas. A investigação revelou US$ 2 trilhões em operações suspeitas envolvendo bancos entre 1999 e 2017.

Na Bolsa de Londres, a ação do HSBC caía 6,09% e a do Standard Chartered recuava 5,45% nesta manhã. De acordo com o FactSet, no início do pregão, as ações do HSBC haviam caído para o menor nível em mais de 25 anos. Em Hong Kong, os papéis do HSBC e do Standard Chartered tiveram quedas respectivas de 5,33% e 6,18%, atingindo os menores níveis desde 1995 e 2002.

A perda se alastra por outras instituições nas bolsas europeias, porém, porque também há indícios de operações ilegais semelhantes em relação a outros bancos do continente, como o Barclays (-6,57%) e o Deutsche Bank (-6,40%), por exemplo.

No Brasil, segue o desconforto com o cenário fiscal no país em meio a dúvidas crescentes sobre a capacidade do Tesouro Nacional de refinanciar a dívida pública.

Ainda no radar, membros do governo debateram neste final de semana o Pacto Federativo com o senador Márcio Bittar (MDB-AC).

Segundo a Folha de S.Paulo, a proposta reduz gastos obrigatórios e abre caminho para novas despesas a partir do ano que vem. Os cálculos atualizados sinalizam uma economia maior que R$ 30 bilhões em 2021, enquanto a versão mais enxuta economizaria cerca de R$ 20 bilhões.

Entre os indicadores, os economistas do mercado financeiro preveem esta semana uma queda menor do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 do que previam na semana passada, mostrou o Relatório Focus do Banco Central. A projeção mediana para o PIB deste ano foi de -5,11% para -5,05%. Já para 2021 a expectativa segue em crescimento de 3,50%.

Em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2020 a estimativa mediana dos economistas subiu de 1,94% na semana passada para 1,99% esta semana. A projeção para 2021 se manteve em 3,01%.

A previsão para o dólar ao fim de 2020 continuou em R$ 5,25 e para 2021 continuou em R$ 5,00.

Por fim, a expectativa para a taxa básica de juros, Selic, seguiu em 2,00% ao ano para 2020 e em 2,50% ao ano para 2021.

Pacto Federativo

De acordo com reportagem da Folha, os cálculos atualizados sinalizam uma economia maior que R$ 30 bilhões em 2021, enquanto a versão mais enxuta economizaria cerca de R$ 20 bilhões. Os números dependem de aprovação do presidente Jair Bolsonaro.

Está sendo estudada a possibilidade de o corte de despesas ser ocupado por um novo programa social, embora o presidente tenha afirmado na semana passada que o Renda Brasil está fora de cogitação.

Segundo o jornal, aliados do presidente defendem que seja criada uma iniciativa para baixa renda, mesmo que seja usado outro nome. O relatório do Bittar sobre a PEC do Pacto Federativo está quase pronto, e o texto agora está sendo analisado com membros do Executivo.

Além disso, foi noticiado que deputados pretendem cortar benefícios de juízes, procuradores e promotores na reforma administrativa. De acordo com o Estado de S. Paulo, devem ser incluídas na PEC emendas que limitam as férias de todos os agentes públicos a 30 dias por ano, inclusive para juízes, além do fim de privilégios, como aposentadoria compulsória como punição para quem já está trabalhando.

Ainda sobre a reforma administrativa, existe a expectativa de que deve ser criado um órgão independente para gestão do serviço público federal, que funcionaria como uma agência de recursos humanos.

Segundo a Folha, a agência seria responsável pela criação de critérios para ocupação de cargos comissionados, mapeamento para realocar pessoas e avaliação de desempenho. Essa última pode resultar na demissão de servidores, inclusive aqueles que já estão no cargo atualmente.

Ao mesmo tempo, o governo está preparando um decreto para regulamentar novas concessões do Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda, a partir de 2021. Segundo o Estado de S. Paulo, a mudança vai permitir a inclusão de quase 500 mil pessoas no BPC.

O custo adicional, de R$ 5,8 bilhões, será compensado com a redução de custos com a judicialização e com medidas de combate às fraudes, que podem poupar até R$ 10 bilhões. Ou seja, o efeito líquido ainda seria uma economia de R$ 4,2 bilhões.

Substituição de Waldery Rodrigues

Outro destaque é a informação de que o Ministério da Economia está analisando três nomes para ocupar o cargo de Waldery Rodrigues, secretário especial da Fazenda. Segundo a Folha de S.Paulo, são eles Esteves Colnago e Jeferson Bittencourt, assessores especiais do ministro da Economia Paulo Guedes, e Bruno Funchal, secretário do Tesouro Nacional.

A troca deve levar algum tempo para ocorrer porque ele é tido como um nome relevante no ministério, mas todos os nomes cogitados são bem avaliados pelo ministro, segundo o jornal.

Ainda no radar, o ministro da Economia Paulo Guedes foi condenado a pagar R$ 50 mil em indenizações ao Sindicato dos Policiais Federais da Bahia (Sindipol-BA) por comparar servidores públicos a ‘parasitas’ em evento em fevereiro deste ano. A Advocacia-Geral da União anunciou que irá recorrer da sentença, proferida pela 4ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária da Bahia (SJBA).

No noticiário internacional, chama atenção investigação que revelou US$ 2 trilhões em operações suspeitas envolvendo bancos entre 1999 e 2017. Segundo reportagem publicada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), documentos do governo dos Estados Unidos mostram que bancos desafiaram leis contra a lavagem de dinheiro, transferindo grandes quantias de origem ilícita para contas obscuras e redes criminosas.

Segundo a reportagem, cinco bancos – JP Morgan, HSBC, Standard Chartered Bank, Deutsche Bank e Bank of New York Mellon continuaram a lucrar com operações que favoreceram até mesmo terroristas, mesmo depois de serem multadas por autoridades dos Estados Unidos.

Ainda no front internacional, chamou atenção no sábado a aprovação do acordo entre a Oracle e a Tik Tok pelo presidente Donald Trump. O acordo pretende evitar o banimento do aplicativo em solo americano.

Radar Corporativo

Na esfera corporativo, os investidores acompanham hoje a estreia da construtora e incorporadora Cury na bolsa de valores. A empresa é subsidiária da Cyrela. O mercado também reagirá à compra de uma faculdade pela Ser Educacional no Ceará, por R$ 24 milhões.

Além disso, o Banco do Brasil divulgou planos de que pretende estar entre os três maiores bancos no mercado de capitais do Brasil em até quatro anos, enquanto a Latam recebeu aprovação do Tribunal do Distrito Sul de Nova York para a proposta de financiamento modificada, dentro do processo de recuperação judicial.

Também na sexta-feira, a Suzano informou que o BNDES Participações está realizando uma oferta pública de distribuição secundária de ações, de emissão da Suzano e de titularidade da BNDESPar.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.