Ibovespa Futuro cai diante de temor com 3ª onda da Covid na Europa e troca no BC da Turquia; dólar sobe a R$ 5,50

Pré-market mostra perdas em meio a uma geral aversão a risco sobre emergentes

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre com leves perdas nesta segunda-feira (22) com os investidores internacionais monitorando a situação de tensão na Turquia, onde o presidente Tayyip Erdogan substituiu o presidente do banco central mais hawkish (favorável a usar a política monetária para conter a inflação) por um chairman crítico a altas nos juros.

A lira turca chegou a desabar 15% com a intervenção, mas reduziu perdas depois que o ministro das Finanças da Turquia, Lutfi Elvan, assegurou que o país continuará seguindo as regras do mercado. A decisão de Erdgan criou um clima geral de aversão a risco em emergentes.

Na Europa ainda há preocupações a respeito de uma terceira onda do coronavírus. As ações da IAG, empresa dona da British Airways, caem 6,7%, enquanto a operadora de viagens Tui perdem 6,1%.

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Por aqui, o noticiário relacionado à pandemia também é o que causa maior ansiedade. No fim de semana, o País chegou a 294 mil mortes desde o início da proliferação do coronavírus.

O presidente Jair Bolsonaro criticou medidas de isolamento social impostas pelos estados, mas o governo afirmou manter tratativas com os Estados Unidos desde o dia 13 para importar vacinas de um eventual excedente disponível naquele país.

Também em destaque, um grupo de quase 200, entre os mais renomados economistas do País, assinaram uma carta aberta em que pedem medidas efetivas de combate à pandemia.

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Às 9h12 (horário de Brasília), o contrato futuro do Ibovespa com vencimento em abril de 2021 tinha queda de 0,27%, a 115.550 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial opera em alta de 0,44% a R$ 5,508 na compra e a R$ 5,509 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em abril registra ganhos de 0,28% a R$ 5,508.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe quatro pontos-base a 4,64%, o DI para janeiro de 2023 tem alta de oito pontos-base a 6,28%, o DI para janeiro de 2025 avança 13 pontos-base a 7,69% e o DI para janeiro de 2027 registra variação positiva de 14 pontos-base a 8,18%.

Voltando ao exterior, na China, a taxa de empréstimo com vencimento em um ano foi mantida em 3,855% e a taxa com vencimento em cinco anos foi mantida em 4,65%. Isso está em linha com a expectativa da maioria dos traders e analistas ouvidos pela agência internacional de notícias Reuters.

No Japão, a fabricante de chips Renesas Electronics viu suas ações caírem 4,89% após a empresa anunciar no final de semana que levará ao menos um mês para reiniciar a produção em uma fábrica que foi danificada pelo fogo na sexta (18).

Relatório Focus

Os economistas do mercado financeiro oscilaram para baixo suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, revelou o Relatório Focus do Banco Central. De um crescimento de 3,23%, agora projeta-se uma expansão de 3,22% na atividade econômica brasileira. Já para 2022 foram mantidas as expectativas de um crescimento de 2,39% no PIB.

Em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as projeções foram elevadas de um avanço a 4,60% para um aumento de 4,71% neste ano. As estimativas também oscilaram de 3,50% para 3,51% em 2022.

Já para o dólar a mediana das projeções dos economistas se manteve em R$ 5,30 ao final do ano. As expectativas subiram de R$ 5,20 para R$ 5,25 ao final de 2022.

Por fim, as estimativas para a taxa básica de juros, Selic, foram elevadas de 4,50% para 5,00% ao ano em 2021 e de 5,50% para 6,00% em 2022.

Covid no Brasil

Pelo 23º dia seguido, o Brasil bateu no domingo (21) seu recorde na média móvel de mortes por Covid em 7 dias, com a marca de 2.255, alta de 46% em comparação com a média de 14 dias antes. A marca de 2.000 mortes na média foi ultrapassada pela primeira vez na semana passada. E o de 1.500 mortes, há três semanas.

As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h de domingo, o avanço da pandemia em 24 h no país. Em um único dia foram registradas 1.259 mortes.

A média móvel de novos casos em sete dias foi de 73.344, alta de 10% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia houve 47.107 diagnósticos.

Até domingo, 11.805.991 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a covid no Brasil, o equivalente a 5,58% da população. A segunda dose foi aplicada em 4.160.093 pessoas, ou 1,96% da população. Analistas vêm apontando a velocidade da imunização como um dos fatores a influenciarem a retomada da economia.

No domingo, o Brasil recebeu a primeira remessa de vacinas do consórcio global Covax Facility. São 1.022.400 de doses do imunizante desenvolvido pela parceria entre AstraZeneca e Universidade de Oxford, produzidas na Coreia do Sul.

No sábado, o governo brasileiro afirmou que mantém tratativas desde o dia 13 com o governo norte-americano para eventual importação de vacinas do excedente disponível nos Estados Unidos.

“Desde o dia 13 de março o governo brasileiro, através do Itamaraty e da Embaixada em Washington, em coordenação com o Ministério da Saúde, está em tratativas com o governo dos EUA para viabilizar a importação pelo Brasil de vacinas do excedente disponível nos Estados Unidos”, disse o Itamaraty em publicação no Twitter.

Em meio ao colapso sanitário e hospitalar, o governo brasileiro acionou a Organização Mundial da Saúde (OMS) com o pedido de agilizar a entrega ao país de 42 milhões vacinas adquiridas no âmbito da aliança Covax. A informação é do jornal Valor.

Ao mesmo tempo, a imprensa indiana publicou a informação de que o Instituto Serum, maior produtor mundial de vacinas, teria informado Brasil, Arábia Saudita e Marrocos que, “lamentavelmente”, atrasará a entrega de novas doses do imunizante de AstraZeneca e Universidade de Oxford.

O estado do Rio de Janeiro deverá ter, a partir de sexta-feira, dez dias de feriados antecipados em um esforço para reduzir a propagação do coronavírus. A medida é defendida pelo governador Cláudio Castro (PSC), que é contrário a um lockdwon, e foi articulada com representantes de vários setores econômicos, mas ainda precisa passar pela Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

Ela incluir restrições nos horários de comércio, shoppings e restaurantes, proibição de venda de bebidas alcoólicas para pessoas em pé e o fechamento de escolas públicas e particulares.

A decisão do governador ocorreu em desacordo com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), após uma tensa reunião no final de semana. Segundo o jornal O Globo, Paes se irritou, e pretende anunciar um plano em conjunto com Niterói. Entre as propostas está a de fechar estabelecimentos, exceto os de serviços essenciais. As praias da cidade seguem fechadas. Paes se reunirá com o prefeito de Niterói, Axel Grael (PDT).

No domingo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou em uma live da entidade sem fins lucrativos Parlatorio que “Vacinação em massa é a melhor política fiscal, mais barata e de maior impacto sobre a oferta (…) A primeira medida fiscal, de saúde pública, de tudo, é a vacinação em massa”.

No domingo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, ao comemorar seu aniversário de 66 anos com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, que “estão esticando a corda”. Ele reclamou, mais uma vez, das medidas de restrição de governadores para impedir a disseminação do coronavírus.

O presidente acrescentou, ainda, neste contexto, que o povo pode contar com as Forças Armadas. “Alguns tiranos tolhem a liberdade de muitos de vocês. Podem ter certeza, o nosso Exército é o Verde Oliva e é vocês também. Contem com as Forças Armadas pela democracia e pela liberdade”, disse Bolsonaro, antes de cortar um bolo nas cores da bandeira brasileira.

O presidente aproveitou para defender que o governo tem atuado no combate à pandemia, argumentando que envolveu-se na compra de vacinas “desde o ano passado” e mobilizou-se para oferecer o auxílio emergencial.

Avaliou, no entanto, que a maior vontade da população é trabalhar e não depender de assistência do governo. “O que o povo mais pede para mim, em todo lugar que eu vou é: eu quero trabalhar. O trabalho dignifica o homem e a mulher”, afirmou.

Vacina melhor que política fiscal

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou no fim de semana que a vacinação em massa contra a Covid-19 é “a melhor política fiscal para o Brasil no momento atual, e o primeiro passo para que o país retome a confiança, de acordo com a mídia.

“Vacinação em massa é a melhor política fiscal, mais barata e de maior impacto sobre a oferta”, disse ele em live. “A primeira medida fiscal, de saúde pública, de tudo, é a vacinação em massa.”

O ministro também voltou as reformas econômicas. “O foco tem de ser seguir com reformas. O Brasil pode ser a maior fronteira de investimentos do mundo”, afirmou.

Ainda no radar, um grupo de quase 200, entre os mais renomados economistas do País, assinam uma carta aberta em que pedem medidas efetivas de combate à pandemia.

Entre eles, os ex-ministros da Fazenda Pedro Malan, Marcílio Marques Moreira, Maílson da Nóbrega e Ruben Ricupero, os ex-presidentes do Banco Central Armínio Fraga, Gustavo Loyola, Pérsio Arida, Ilan Goldfajn e Affonso Celso Pastore e ligados ao mercado financeiro, como o presidente do Credit Suisse, José Olympio Pereira, e o conselheiro do Itaú Unibanco, Pedro Moreira Salles.

O manifesto será enviado nos próximos dias aos líderes dos três poderes: o presidente da República, Jair Bolsonaro, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco e o da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.

Ao chamar a situação social de “desoladora”, os especialistas detalham perspectivas de agravamento das condições econômicas do País. Dizem que a piora da perspectiva não se dá por ausência de recursos, mas pela falta de prioridade à vacinação.

Pedem e detalham alternativas a quatro pontos: aceleração do ritmo de vacinação; incentivo ao uso e distribuição de máscaras; implementação de medidas de distanciamento social locais, com coordenação nacional; e criação de mecanismo de coordenação do combate à pandemia em âmbito nacional.

Já em entrevista ao jornal Valor, a subsecretária de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas, Empreendedorismo e Artesanato, Antonia Tallarida, afirmou que a nova fase do Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), a ser deflagrada em meados deste ano, deverá contar com cerca de R$ 16 bilhões. Em 2020, o valor foi de R$ 18 bilhões.

Radar corporativo

No radar de resultados, a Eletrobras registrou um lucro líquido de R$ 1,269 bilhão no quarto trimestre de 2020, queda de 44% na comparação com os R$ 2,273 bilhões apurados no mesmo intervalo de 2019, conforme valores reapresentados pela companhia seguindo orientação dos órgãos reguladores.

O conselho de administração da Eletrobras ainda vai submeter à Assembleia Geral Ordinária de acionistas a proposta de pagamento de dividendos no valor de R$ 1,507 bilhão, relativos ao exercício de 2020. O valor inclui os dividendos obrigatórios de 25% e considerarão a data base de 31 de dezembro de 2020.

A Lupatech informou que registrou resultado líquido de R$ 20,578 milhões em 2020, após prejuízo de R$ 26,178 milhões reportado em 2019. Nas demonstrações trimestrais, depois de relatar prejuízos seguidos: no primeiro trimestre de 2020 (-R$ 63,872 milhões), no segundo trimestre (-R$ 30,612 milhões), e no terceiro trimestre (-R$ 22,338 milhões), a empresa reportou resultado líquido de R$ 137,39 milhões no quarto trimestre de 2020.

A Moody’s elevou o rating da Gerdau para Baa3 com perspectiva estável, enquanto a Even pagará R$ 116,86 milhões em dividendos. Já o GPA informou na sexta-feira que Jorge Faiçal, hoje diretor multivarejo, assumiu como diretor-presidente, no lugar de Christophe Hidalgo, que ocupou o cargo interinamente. Além disso, Guillaume Gras assume como vice-presidente de finanças e Isabela Cadenassi volta a ser diretora de relações com investidores, após licença maternidade.

(Com Estadão Conteúdo e Reuters)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.