Ibovespa Futuro cai com Datafolha e aprovação de “pauta bomba”; dólar sobe a R$ 3,54

Pré-market fica negativo em meio ao recrudescimento das tensões políticas, fortalecendo a tese de impeachment; ata do Copom sinaliza compromisso com a meta de inflação em 2016

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre em baixa nesta quinta-feira (6) em meio às tensões políticas que chegaram a um ponto extremamente grave com o Datafolha mostrando a presidente Dilma Rousseff com uma aprovação “boa ou ótima” caindo de 10% para 8%, menor até que a do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Isso ocorre ao mesmo tempo em que a Câmara dos Deputados aprovou em primeiro turno a PEC 443, que vincula salários de advogados públicos e delegados de polícia à remuneração dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), mais um duro golpe no ajuste fiscal. 

Às 9h32 (horário de Brasília), o contrato futuro do índice para agosto caía 1,09%, a 49.710 pontos. Ao mesmo tempo, o dólar futuro para setembro subia 0,91%, a R$ 3,547. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 dispara 20 pontos-base a 13,98%, enquanto o DI para janeiro de 2021 sobe 30 p.bs. a 13,50%. 

Além destas tensões citadas acima, a saída do PDT e do PTB da base aliada junto com as notícias de que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) se reuniu com os senadores do PSDB, José Serra e Aécio Neves para discutir o impeachment de Dilma ajudam a piorar ainda mais o clima político. 

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Dentre os indicadores, foi divulgada a ata do Copom (Comitê de Política Monetária), que segundo analistas reforça o compromisso do Banco Central com a meta de inflação em 4,5% em 2016. “Os riscos remanescentes para que as projeções de inflação do Copom atinjam com segurança o objetivo de 4,5% no final de 2016 são condizentes com o efeito defasado e cumulativo da ação de política monetária, mas exigem que a política monetária se mantenha vigilante em caso de desvios significativos das projeções de inflação em relação à meta”, disse o documento do BC. 

Ao avaliar o cenário para o custo de vida, o BC reafirmou que a convergência da inflação para 4,5% no final de 2016 tem se fortalecido. No trecho em que faz essa ponderação, o Banco Central excluiu a frase “ainda não se mostram suficientes” quando falou sobre os efeitos da política monetária. 

Fed indica aumento de juros
As bolsas asiáticas caíram nesta quinta-feira depois que dados fortes dos Estados Unidos e declarações do presidente do Federal Reserve de Atlanta, Dennis Lockhart, alimentaram expectativas sobre a elevação da taxa de juros na maior economia do mundo em setembro. 

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Lockhart, membro com direito a voto no Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), disse que seria necessária uma “deterioração significativa” na economia norte-americana para que ele não apóie uma elevação do juro em setembro.

O operador da Capital Spreads Jonathan Sudaria disse que investidores estão cautelosos com tantos dados apontando em direções diferentes, com bancos centrais apesar disso aparentemente tendo a firme intenção de dar os primeiros passos ao longo de um ciclo de alta nas taxas de juros.

“Operadores estão compreensivelmente agindo cautelosamente”, escreveu ele em nota a clientes. O índice de Xangai perdeu quase 1% após notícias de que o regulador bancário da China estimou que as dívidas podres de bancos cresceram 35,7 por cento ante o ano passado, para 1,8 trilhão de iuanes (289,92 bilhões de dólares) ao final de junho.

Na Europa, o dia oscila entre leves perdas e ganhos; as empresas que mais sofrem na bolsa são do setor de commodities em meio à queda do preço do petróleo. Enquanto isso, as bolsas da Grécia sobem 3% hoje, após três dias de queda. Já o Banco da Inglaterra manteve a taxa de juros em 0,5%.

O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura.