Ibovespa Futuro cai acompanhando novo crash do petróleo por conta do coronavírus; dólar futuro sobe a R$ 5,30

Pré-market mostra perdas diante de mais um dia de contração nos preços da commodity

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre em queda nesta segunda-feira (20), véspera de feriado, pressionado pelo novo crash do petróleo no mercado internacional. Também gera ruído a crise política e institucional que toma conta do País após as manifestações do domingo (19), endossadas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. Os manifestantes pediam a flexibilização do isolamento social e defenderam uma intervenção militar. O movimento foi repudiado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Às 09h10 (horário de Brasília), o Ibovespa Futuro registrava baixa de 2,84%, aos 77.020 pontos. Já o dólar futuro para maio tem alta de 1,12% a R$ 5,30.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe 10 pontos-base a 3,72%, o DI para janeiro de 2023 avança 12 pontos-base a 4,70% e o DI para janeiro de 2025 registra ganhos de 13 pontos-base a 6,21%.

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O petróleo americano WTI sofreu um novo crash na madrugada de hoje, com os preços recuando mais de 15% – na manhã desta segunda-feira, o barril para maio é negociado pouco acima de US$ 14.

Segundo a CNN, o mercado percebeu que os cortes de 9,7 milhões de barris diários anunciados semana passada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) não serão suficientes para aumentar a demanda pela economia atingida pelo coronavírus.

As bolsas da Ásia fecharam em queda, com a exceção de Xangai, onde o Banco do Povo da China cortou a taxa de juros em 0,20 pontos porcentuais para 3,85% ao ano. As bolsas europeias abriram estáveis, mas viraram para baixa em meio às preocupações com o petróleo.

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Nos Estados Unidos, a IBM publica balanço hoje, enquanto Coca-Cola, Netflix e Texas Instruments divulgam resultados na terça-feira. Mas o investidor americano está mais preocupado com a reabertura da economia, que Trump anunciou para 5 de maio, e com um pacote de US$ 450 bilhões para pequenas e médias empresas em discussão no Congresso.

No Brasil, a Câmara dos Deputados vota nesta semana o chamado “orçamento de guerra” para o combate aos efeitos da epidemia do coronavírus. A Câmara deve votar a matéria na quarta-feira, após o feriado de 21 de abril.

Entre os indicadores, o Relatório Focus mostrou que os economistas projetam uma queda de 2,96% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020. O dado é bem mais negativo que o da semana passada, quando a mediana das previsões dos especialistas era de uma retração de 1,96%. Para 2021, contudo, a projeção foi elevada de 2,7% na semana anterior para 3,1% agora.

A expectativa para a taxa básica de juros ao fim de 2020 foi reduzida de 3,25% para 3% ao ano. Para o ano que vem, a projeção foi mantida em 4,5% após três semanas consecutivas de revisões para baixo.

Em meio a medidas de isolamento social visando minimizar a disseminação do coronavírus, as expectativas para inflação e crescimento da economia do país também foram novamente reduzidas. Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a projeção de alta foi cortada pela sexta vez consecutiva, de 2,52% para 2,23%, em 2020, e cortada também de 3,5% para 3,4% em 2021.

No que tange às previsões para o mercado cambial, o relatório Focus revelou que a estimativa para o dólar teve alta de R$ 4,60 para R$ 4,80, em 2020, e um aumento de R$ 4,47 para R$ 4,50, ao fim de 2021.

Política

O presidente Jair Bolsonaro participou no domingo de um ato a favor de um golpe militar, do fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) e contra as quarentenas para conter a epidemia do coronavírus no Brasil. O ato ocorreu na frente do quartel-general do Exército em Brasília (DF).

No ato, Bolsonaro prometeu “defender a democracia e a liberdade”, mas também afirmou que não vai “negociar nada” com o Congresso. No final de semana ocorreram carreatas contra a quarentena em Brasília, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, onde os participantes atacaram o governador João Doria (PSDB).

Doria condenou os atos e a participação de Bolsonaro na manifestação no Distrito Federal no domingo. “É lamentável que o presidente da República apoie um ato antidemocrático”, afirmou o governador de São Paulo.

Na capital paulista, Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte foram feitos panelaços contra o presidente na noite de domingo. As declarações do mandatário geraram mal-estar na cúpula das Forças Armadas.

Um general ouvido pelo jornal O Estado de S. Paulo avaliou que o lugar escolhido para o ato “não poderia ter sido pior”.

Pandemia

O número de mortos pelo coronavírus ultrapassou ontem mil em São Paulo, chegando a 1.015 no Estado. Em 32 dias, São Paulo chegou a 14.267 pessoas infectadas. Só no cemitério da Vila Formosa, na zona Leste da capital paulista, 13 retroescavadeiras abriram covas no final de semana.

O Ministério da Saúde informou que ocorreram 115 mortes pela doença no Brasil em apenas um dia, do sábado para o domingo. Segundo dados do Ministério, o Brasil tinha na noite de ontem 38.654 casos confirmados e 2.462 mortes.

Noticiário corporativo

A AES Tietê rejeitou na noite de domingo a oferta da Eneva para comprar a empresa. Em fato relevante, o Conselho de Administração da AES Tietê citou a “incompatibilidade” entre as estratégias das empresas.

Já a Eletrobras aprovou a oferta de R$ 232 milhões que a Evoltz Energia fez na sua participação restante na Manaus Transmissora de Energia (MTE).

Em outras notícias, a construtora MRV informou que pagará R$ 163,9 milhões em dividendos mínimos obrigatórios aos acionistas, relativos ao exercício de 2019. A MRV ainda não fixou uma data, contudo, para o pagamento.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.